N/A: esse capítulo pode conter conteúdo sensível
(João Vitor, 12 anos)
19 de agosto de 2006- Eu te falei que eu não quero mais ele aqui em casa. - escutava a voz do meu padrasto gritando na cozinha.
- E você quer que eu faça o que com ele? A gente não tem ninguém. - minha mãe responde em desespero.
- Não me importo com o que e nem como você vai fazer, Priscila, só dá um jeito de tirar o pirralho daqui. - o homem finaliza e depois de um tempo, escuto a porta do quarto deles batendo.
Desde que meu pai faleceu e minha mãe encontrou com Christian, seu atual marido, presencio brigas constantemente, sendo eu, o principal motivo.
Christian se incomoda com a minha presença, e eu particularmente não entendo quais são os seus motivos para não gostar de mim.
Minha mãe mudou muito desde a perda do meu pai, não reconheço ela há 4 anos, então nunca espero uma atitude diferente após as discussões dela com o marido.
- E ai, garoto. - ela aparece na porta do meu quarto, chamando minha atenção. - Vai dar uma volta.
Me levanto, pego meu celular e meu fone de ouvido, e me retiro de casa. Tento me acalmar com o cordão de meu pai em meu peito, respirando e inspirando com calma.
Às vezes não culpo Priscila pelas próprias atitudes. Ela me teve muito nova, perdeu meu pai muito nova, entrou em um relacionamento abusivo muito nova e hoje, infelizmente depende do Christian para viver.
Mas mesmo com tudo isso, me sinto culpado pelos problemas da sua vida. Às vezes sinto que atraso sua evolução... que Christian desconta nela, o ódio que não pode descontar em mim. E mesmo que às vezes eu não a reconheça como a mãe que eu já tive, não quero que sofra por minha causa.
- Ei, Gio. - sussurro contra o telefone, após ser atendido por minha prima.
- Oi, meu amor. - ela responde carinhosa.
- Desculpa ligar. - começo desajeitado, ela ri.
- Não precisa se desculpar, garoto. Como estão as coisas por aí? - pergunta puxando assunto.
Me sento no banco do balanço do parque que se encontrava perto de casa e impulsiono meu corpo, tentando aliviar a situação.
- Meio ruins. - começo chateado. - Quando você pode me buscar? -questiono esperançoso, escuto o suspiro chateado de Gio do outro lado da linha.
- Ultimamente as coisas estão complicadas, João... - ela começa e meu corpo despenca em desânimo. - Ainda não consegui um apartamento, mas você sabe que assim que eu conseguir, você vem pra cá. - a garota me tranquiliza e eu sorrio um pouco. - Eu posso te mandar mais livros enquanto eu resolvo as coisas por aqui. - continua depois de perceber meu silêncio. - Isso te faria melhor?
- Com certeza. - respondo carinhoso e me sinto abraçado mesmo com ela longe de mim.
- As coisas vão melhorar, João. - ela diz de repente. - Eu prometo que vão.
O silêncio toma conta da ligação, mas só de saber que Gio está do outro lado, atenta para caso eu queira dizer alguma coisa, já é o suficiente para mim.
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Braços de Amor | Pejão
FanfictionDentre tantas coincidências da vida, Pedro Tófani, um jovem de 18 anos que busca sua independência para realizar seus sonhos, encontra com João Vitor, que com seus meros 17 anos, precisou aprender a amadurecer cedo para se virar sozinho. À medida qu...