Restringiram-se como se estivessem encenando um suspense, encaravam-se nos intervalos das distrações.
O primeiro a ceder perderia.
Quando se tratava de " lavar a roupa suja" os irmãos Sartori não tinham bons resultados.Retalhos de panos transitam em ambas as mãos, frases circulavam entre um gesto e outro, ficaria por isso mesmo.
Suas criações familiares diferenciadas de certa forma eram consequência disso, tanto Izacc quanto Joshua foram desestimulados a interações sociais desde a infância, acostumados a permitir que o esquecimento resolvesse assuntos inacabados assim instintivamente.
Contudo, Ziza gostava de observar esses padrões pois aprendia e aproximava-se deles através disso.
Talvez compreendesse verdadeiramente se tais hábitos eram um escape, ou todos os garotos indagavam suas aflições da mesma forma.
Pouco sono, inquietação e tontura ao percorrer o trajeto do pequeno quarto até o sofá de molas quebradas.
Portas trancadas, potes vazios e o balanço dos panos de prato nas grades do fogão intercederam por ela.
O convite além do vidro rabiscado era a estrada de barro e seus reflexos a margem da luz do anoitecer. Construções de concreto milimetricamente semelhantes atrás da estrada de barro marcadas a pegadas.
— Um tanto sinistro à primeira vista não acha? — A voz de trás foi um alerta amigável, — logo você se acostuma.
— Eu deveria me acostumar?
Um sorriso malicioso em resposta.
Sentiu o olhar temeroso em suas costas, andando de um lado a outro no minúsculo vão entre mesa e cadeira. Aquele predador afirmava minuciosamente quão sagaz seria perante suas ações.
Imprudência considerar uma fuga noturna em seu estado atual.
Deveria excluir-se em solítude, apreciar este vazio imensurável até que um dia as coisas voltassem ao normal, — mesmo sem saber que normal lhe pertencia. —
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Acordar com Torcicolo não era surpresa depois da noite anterior, sentar-se à mesa com eles era. Zina não permitiria que permanecesse ignorável como desejava ser, ainda que para os irmãos Sartori o mais singelo dos gestos despertasse reprovações, devido ao Karma do nome.
A estranha mulher queria ser o vulto na quina da mesa, ou parte dos farelos no chão, espairecendo até dispersar sua sombra, ou o mais perto possível disso.
A parte compreensiva que entendia as ações dos filhos era incapaz de repreendê-los depois de tantas provações. Independente disso, depois daquele dia ela não abandonaria aquela criança.
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Depois Daquele Dia
General FictionEssa é só outra história repleta de contradições e hipóteses, que envolvem os caminhos de Kirya. Alguém que até o final deste livro procura o fantasma do passado, sem imaginar que confrontaria a própria morte ao encontrá-lo. Depois de se envolver em...