𝓟𝓻𝓸́𝓵𝓸𝓰𝓸

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O antigo porão da recatada residência não guardava apenas ferramentas velhas para construções mágicas, mas também memórias afetivas que o tempo jamais poderia apagar se tratadas com devido zelo. E não estamos falando das peças e utensílios empoeirados, porém, de algo que Seraphine encontrava distração para os momentos ociosos, e consolo para as lembranças angustiosas : Livros os quais ela lia dia após dia, e os diários que escreveu quando estudava em Hogwarts.

As mãos ocupadas por uma caixa marrom, a qual encontrava-se aberta, se direcionaram até uma pequena mesa coberta pela toalha listrada em tons branco, obtendo o vermelho como segunda cor. Ao colocar o objeto sobre o local, a mulher suspirou levemente orgulhosa por manter o espaço limpo e organizado.

Porém, antes de voltar às suas obrigações decidiu dar mais uma espiada no conteúdo, selecionando o primeiro caderno preto que viu na frente.

-Confesso que foi uma boa ideia colocar as aventuras no pedaço de papel - Disse, dando um sorriso ladino e passando a mão direita por sua capa. - Bom... quem não usaria o vira tempo só para reviver tudo de novo? Tirando as partes trágicas, é claro

Ao fundo, pode-se ouvir uma gritaria tanto de vozes masculinas como femininas se aproximando do porão, ficando mais fortes quando os outros apareceram na porta ofegantes. A jovem encarou os dois pares de crianças com os braços cruzados e inclinou a cabeça para o lado, demonstrando curiosidade sobre as ações dos pequenos.

-Posso saber o porquê dessa gritaria? por Merlin, estão piores do que uma mandrágora! - Disse, tampando os ouvidos em forma de brincadeira. - Mais um pouco e eu ficaria surda.

-Mãe, mãe! - A filha mais nova, a qual possuía lisos cabelos brancos, tomou a frente empurrando os outros irmãos sem nem se importar com as reclamações. - Você não sabe...

-Quem está vindo de longe para nos ver - Interrompeu o do meio .

-Não me interrompa, seu idiota ! - Murmurou dando um tapa na cabeça do irmão que logo massageou o lugar dolorido.

-Ai!

Seraphine revirou os olhos e fez um gesto com os dedos, indicando para ambos a acompanharem ao lado de fora. Vendo os próprios filhos, mal pôde acreditar que, depois de tantos acontecimentos catastróficos em sua vida, iria encontrar uma família numerosa. Seu sonho finalmente se completou depois de tanto tempo implorando aos céus. Estava tão emotiva que poderia chorar, mesmo com as crianças ao seu redor.

-Não vão me contar o que aconteceu? - Comentou enquanto caminhava.

-O que é isso na sua mão?- Questionou o mais velho, olhando para o diário. - Acho que ninguém vai querer ver mais nossa fotos com o bumbum de fora. É vergonhoso!

-Um diário com minhas aventuras em hogwarts, mas estão empolgados com outras coisas... creio que isso não será tão importante - Deu de ombros- Podemos deixar para outra hora.

As quatro crianças, com os olhos brilhando de empolgação e sorrisos radiantes, pararam em frente à sua mãe após ouvirem a citação de uma possível história fascinante. Os questionamentos dos pequenos sobre suas aventuras vieram há muito tempo, mas ela decidiu com seu companheiro que ainda era cedo demais para aquilo. Todavia, sentiu que era o momento apropriado e apenas concordou consigo que já estava na hora de saberem a verdade.

-Queremos ouvir - falaram em uníssono. -, por favor!

-É melhor se prepararem, porque não vamos sair daqui tão cedo.

Não muito longe, ela se dirigiu a um banco amadeirado, cujas tábuas rangiam suavemente ao suportar o peso de cada um dos presentes. Os olhares curiosos brilhavam com intensidade à medida com que Seraphine abria as páginas amareladas.

Sem muitas delongas, apontou para a folha com a primeira numeração em destaque:

-Em 31 de agosto de 1991.....

𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐨 𝐞𝐦 𝐬𝐞𝐠𝐫𝐞𝐝𝐨 | 𝑺.𝑺𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora