Capítulo 3 - Satisfação

2 0 0
                                    


Diana Moralez – Narração


No dia seguinte, na faculdade, tentei me concentrar nas minhas tarefas habituais, mas meu coração estava pesado com a tensão dos eventos da noite anterior. Quando entrei na sala de aula, vi Isadora já sentada em seu lugar, mexendo distraidamente no celular. Nossos olhares se encontraram por um breve momento, e algo indizível passou entre nós. Senti um frio na espinha e desviei o olhar rapidamente, tentando esconder meu nervosismo.

A atmosfera estava carregada de estranheza. Eu me esforcei para manter a postura profissional, iniciando a aula como de costume, mas sentia a presença de Isadora como uma chama constante em minha visão periférica. Cada vez que olhava para ela, lembrava-me da noite anterior e do quanto minha vida estava fora de controle.

Pedi as atividades que estavam pendentes e Isadora deu para sua amiga da sala entregar. Isadora parecia igualmente desconfortável. Normalmente participativa, ela estava quieta e retraída, evitando meu olhar e mantendo-se ocupada com seus cadernos. O comportamento dela me afetava mais do que eu queria admitir, alimentando a confusão e a culpa que já estavam presentes em meu coração. No entanto, percebi que Isadora não demonstrava nenhum sinal de reconhecimento. Ela não sabia que era eu a dançarina mascarada na boate.

Enquanto escrevia no quadro, minhas mãos tremiam levemente e eu sentia alguns olhares curiosos da amiga dela, como se pudesse perceber a tensão entre nós. Tentava manter a compostura, mas minha mente estava uma bagunça, constantemente retornando àquela noite e ao olhar de Isadora que parecia penetrar em minha alma.

Após a aula, fiquei recolhendo meus materiais, hesitando em sair da sala. Isadora também estava demorando mais do que o habitual para guardar suas coisas, como se esperasse algo. Quando finalmente nossos olhares se cruzaram de novo, senti um impulso de falar com ela, mas o medo e a confusão me mantiveram em silêncio. Nos dias que se seguiram, a tensão entre Isadora e eu parecia crescer cada vez mais. Eu sabia que precisava encontrar uma maneira de falar com ela sem revelar meu segredo, e, ao mesmo tempo, entender o que uma aluna da idade dela fazia em uma boate como o El Paraíso Nocturno. A preocupação me consumia, mas a estratégia era fundamental.

Decidi que a abordagem mais sutil seria esperar um momento em que pudesse falar com ela de forma natural, sem levantar suspeitas. Na quarta-feira seguinte, após a aula, vi Isadora saindo lentamente da sala, como se estivesse esperando que eu falasse com ela. Aproveitei a oportunidade e a chamei.

— Isadora, você tem um minuto? — perguntei, tentando manter minha voz casual e amigável.

Ela se virou, um pouco surpresa e bem nervosa, mas assentiu.

— Cla...Claro, professora. O que você precisa?

Fiz um gesto para que ela se sentasse em uma das carteiras.

— Eu queria falar com você sobre algo que me preocupa — comecei escolhendo minhas palavras com cuidado. — Recentemente, eu ouvi falar de alguns alunos indo a lugares que não são seguros para pessoas da sua idade. Lugares como boates, por exemplo. Você já ouviu falar de algo assim?

Ela franziu a testa, claramente desconfortável com a direção da conversa.

— Eu... já ouvi falar, mas por quê? — respondeu, tentando parecer indiferente.

Suspirei, tentando manter meu tom calmo e não acusatório.

— Eu sei que a adolescência pode ser um período difícil, e às vezes podemos tomar decisões erradas buscando soluções rápidas. Quero que você saiba que pode confiar em mim. Se precisar de ajuda, ou se estiver passando por alguma dificuldade.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 06 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

ÁlibiOnde histórias criam vida. Descubra agora