Aproximação

16 2 2
                                    

Jayden

Saímos da biblioteca para a noite fresca. "Realmente ficamos muito tempo lá dentro", Orion dizia enquanto andávamos. O clima estava agradável. "Você prefere caminhar ou ir de moto?" perguntei a ele. Ele pareceu pensar a respeito. "Vamos caminhar, ficamos tempo demais sentados."

Depois de um tempo andando em um silêncio agradável, ele soltou um suspiro profundo. "O que houve? Vai me dizer que já cansou?" perguntei a ele sarcasticamente, e ele pareceu achar graça da minha pergunta, pois deu uma risada soprada pelo nariz.

"Não, definitivamente não. Eu senti falta de andar. Sabe, eu costumava correr todos os dias pela manhã." E, como se quisesse provar algo, ele virou de frente para mim e começou a fingir correr de costas para a rua. "Oh, eu vejo. Você vai acabar esbarrando em algo ou em alguém." Mal terminei de falar, e ele de fato pisou em falso em algo na calçada e quase caiu. Reagi instintivamente, estendendo a mão para segurá-lo pelo braço e puxei-o em minha direção. "Eu avisei você", falei rindo dele. Estávamos próximos demais, então ele semicerrrou os olhos para mim. "Está mais para jogar praga em mim." Vendo de perto, pude notar como suas sardas eram lindas. "Como você é ingrato, fiz uma previsão fantástica e ainda impedi você de cair, e é assim que você me agradece." Minha voz saiu mais baixa e rouca que o normal.

Orion pareceu prender a respiração enquanto me olhava. Alguns segundos se passaram até que notei que ainda o segurava, então o soltei, e isso pareceu tirá-lo do transe e logo se recuperou. "Não seja por isso. Muito obrigado, meu herói." Ele juntou as mãos no peito e piscou os longos cílios rapidamente, falando em tom afetado. Apenas pude rir dessa estranha pessoa que me fazia querer saber mais dela a cada segundo.

Após esse episódio, continuamos a nossa tranquila caminhada, falando sobre assuntos aleatórios. Orion andava ao meu lado, falando empolgado sobre um livro que havia lido. Era contagiante sua animação; fui pego mais de uma vez admirando o brilho estrelado de seus olhos. O riso contido em sua voz causava sensações estranhas no meu peito. Coloquei as mãos no bolso do casaco enquanto brincava distraidamente com as chaves da moto na tentativa de mantê-las ocupadas. "Nossa, me desculpe. Quando começo a falar sobre algo que gosto, não paro mais." Ele ria constrangido enquanto passava a mão no pescoço. "Não se preocupe. Gosto de ouvir você falar." Isso pareceu deixá-lo aliviado. "Então, onde iremos?" Ele perguntou, voltando à sua empolgação natural. Virei-me e o encarei.

"Pensei que você soubesse." Ele me olhou confuso, deitando a cabeça de lado. "Eu? Não. Você andava com tanta segurança e eu apenas te segui." Parei de súbito; estávamos andando havia vários minutos, aparentemente para lugar nenhum. Orion me olhou e começou a gargalhar, lágrimas se formando nos cantos dos olhos. Depois de alguns segundos, ele parou e tomou fôlego, o rosto vermelho e os olhos marejados pelo riso. Era uma bela visão.

Ele colocou as mãos nos lábios para esconder o sorriso e suspirou. "Ai meu Deus, sinto muito. Isso é definitivamente algo que eu faria." Não podia culpá-lo por isso; afinal, ambos esquecemos de discutir para onde iríamos. Por sorte, estávamos próximos a um bairro comercial cheio de lanchonetes.

Olhei ao redor para encontrar algum lugar conhecido e encontrei um fast food que reconheci. A fachada amarela vibrante era convidativa, havia várias mesas no interior da lanchonete e algumas ao lado de fora. "Ali. Podemos comer ali, o que acha?" apontei para o local. Orion abriu um grande sorriso. "Eu acho uma ótima ideia. Estava prestes a morrer de fome. Vamos!"
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Orion agarrou meu braço e me arrastou para o local.

Chegando lá, fizemos nossos pedidos e fomos para uma das mesas vazias, não havia muitas pessoas próximas. O que era bom. "Você costuma sair por aí com as pessoas sem saber onde vai?" Perguntei depois de um tempo de um silêncio tranquilo. "Isso pode ser perigoso." Senti que franzia a testa enquanto aguardava sua resposta; não sei por qual motivo essa possibilidade me incomodava. "Só com pessoas que fazem cara de malvado." Ele dizia com uma falsa seriedade, me olhando. Fechei a cara e semicerrrei os olhos para ele, o que apenas fez com que ele desse um sorrisinho. "Você está tentando me intimidar com essa expressão? Já aviso que não vai dar certo." Ele me dizia ainda com aquele maldito sorrisinho.

O caminho até você Onde histórias criam vida. Descubra agora