Você é uma garota que foi tirada de sua família quando criança. Se lembra até hoje de quando uma figura grande e aterrorizante a tomou dos braços de sua mãe, uma mulher patética e fraca que trazia diferentes tipos de homens para dentro de casa.
Foi deixada em um centro de treinamento para novos usuários do lado sombrio da força. Neste centro você convivia diariamente com todos os tipos de seres, desde os assassinos mais degenerados aos melhores mercenários do mercado e todos eles trabalhavam para o mesmo homem, Darth Vader.
Você se referia a ele como senhor Vader, pois o respeitava cegamente, a palavra dele era muito importante e ele era o mais próximo de um mestre para você. Mesmo que ele não te ensinasse a alquimia do lado sombrio da força.
O constante bullying que sofria de seus colegas no centro a fez um pouco apática. Lembra de um episódio, aos 8 anos de idade, onde o objetivo da atividade era encontrar o Jedi disfarçado, era uma atividade muito importante pois era monitorada pelo próprio Darth Sidious. Todos os alunos deveriam trabalhar em dupla e você, como sempre, ficou só.
- Ninguém te escolheu, porque você é feia que dói. – disse a garotinha loira de olhos grandes e lilás. Ela não disse em um tom de deboche, mas algo pior, era quase de escarnio. Foi um tom de voz tão convincente que todos riram, os professores, a garotinha ruiva que você tanto admirava e o próprio senhor Sidious entortou um pouco os lábios. Foi quando você olhou para Vader e não notou nenhum tipo de reação vinda dele, a máscara era sua proteção. Não só a máscara, mas a postura sempre imponente e arrogante. Pensou que talvez fosse isso o que o protegia de sentir qualquer tipo de sentimentos inúteis, como a tristeza.
A tristeza era um dos sentimentos humanos que você mais odiava. Odiava chorar, odiava ter o seu cérebro esmagado por pensamentos que ao seu ver não faziam sentido. Sua mãe, te segurando no colo e dizendo que você era a garotinha especial dela e logo em seguida te deixando dias seguidos sozinha e com fome. Seus colegas, no qual você sempre teve inveja pela forma que eles eram tão seguros de si e fortes. E talvez fosse isso o motivo do bullying. O lado negro da força não gostava de pessoas inseguras, que gaguejam para falar, pessoas moles na hora da luta eram um peso morto. E você era assim, todos os dias se perguntava, por que Vader a deixava ficar se era completamente inútil? Talvez ele visse algo em você que os outros não viam. A tristeza. Você sabia que senhor Vader também era triste, não sabia os motivos, mas conseguia notar pelo olhar. Todas as vezes que o via sem sua armadura na sala de meditação, conseguia sentir uma tristeza quase palpável vinda dele. Você era a única dos jovens e talvez e única pessoa, depois do senhor Sidious, que tinha tanto acesso a intimidade de Darth Vader.
A máscara e a grande armadura escura o escondia e somente seus semelhantes na força, como o senhor Sidious, o podiam ver. Mas ele permitia que você o visse, isso significava que tinham algo em comum... a tristeza.
Então ficou obcecada com a ideia de também usar uma máscara. E decidiu naquele momento, no campo de treinamento, na frente de todos, aos 8 anos de idade, que ninguém mais veria seu rosto ou se sequer saberiam seu verdadeiro nome.
E foi assim até os 18 anos de idade. Ninguém mais se lembrava de você, algumas pessoas pensavam que Vader tinha te mandado para algum planeta de escravos. Mas ninguém realmente nunca se importou para ir a fundo na sua história. Desde então você era somente mais uma na multidão com aqueles trajes pretos e uma máscara estranha. Isso a dava muita confiança, ainda era um pouco ruim na luta, mas não suficiente para pegarem no seu pé.
Era o seu último ano no centro de treinamento e era o ano em que Darth Sidious escolhia um mestre para cada jovem. O jovem ia passar um tempo com o mestre escolhido, se não encontrassem uma conexão ele voltava e servia o império como um soldado. O seu objetivo sempre foi virar um soldado comum. Toda aquela tristeza que sentia anulava qualquer tipo de ânsia pelo Poder.
Quando Vader a mandava em missões secretas, ficava quase um mês tendo que se recuperar de toda adrenalina. Ficava dias e dias deitada em sua cama apenas meditando e refletindo sobre tudo que havia acorrido. Era simplesmente muito sensível para tudo aquilo. Os gritos dos Jedis enquanto morriam ecoavam em sua mente por muitos dias e noites até que precisava recorrer a Vader para anular todos eles de sua mente. Ele sempre o fazia, mas sempre repetia o mesmo código Sith:
"A paz é uma mentira. Só existe paixão. Através da paixão eu ganho força. Através da força eu ganho poder. Através do poder eu ganho a vitória. Através da vitória minhas correntes são quebradas. A Força me libertará"
E você sempre respondia com "na próxima enfio minha própria faca no meu crânio"
O que tirava um leve suspiro de Vader, talvez você fosse tão vazia de qualquer coisa que isso fazia até o pior Sith sentir pena.