Prólogo

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Wuxian


Olhando para o pequeno bastão branco, com listras azuis em seu centro,tudo o que mais posso desejar nesse momento é que eu esteja sonhado. Talvez eutenha feito uma viagem no tempo e essa seja o Wuxian do futuro... Formado  emJornalismo com honras, com um emprego incrível, uma casa adorável e casadocom o meu namorado atual...


Uau, essa é uma pintura realmente bonita da vida que sonho para mimdaqui a alguns anos. Mas, adivinha? Não, isso não é um sonho.

Não estou dormindo, prestes a despertar pela manhã. Muito menos viajei para o futuro. Eu poderia me beliscar para provar o quanto estou acordado, mas sei que não é necessário. Nada em toda a minha vida, nunca foi tão real quanto esse instante. Um ponto de ruptura. Sei que absolutamente nada a partir de agora será como antes e eu não me sinto nem um pouco preparado para tamanha mudança. Talvez, o fato de que terei oito meses para me acostumar com essa realidade, devesse me servir de consolo. Mas, eu não me sinto consolado também.

Estou assustado, incrédulo e um tanto quanto raivoso comigo mesmo.Como pude ser tão tolo e imaturo?

   Nem ao menos posso me justificar usando a minha pouca idade para isso, porque engravidar em meu último ano de faculdade entrará para o hall das minhas tolices e será sem sombras de dúvidas a maior de todas. Vinte e um anos e grávido... Deus, eu tinha tantos planos e sonhos. Olhar para o teste de gravidez em minhas mãos equivale a ver todos eles escoarem pelo chão.

    Eu sei que amarei esse bebê, porém, esse é o instante em que sinto como se minha vida chegasse ao fim... não chegou, é óbvio. Ser mãma inesperadamente será apenas uma curva na estrada e não o fim dela. Mas, eu me permito alguns minutos de desespero e medo extremos.

— Xian, você está bem? — Lian me pergunta, sussurrando e batendo levemente na porta do banheiro onde me tranquei há alguns minutos.

— Sim — respondo em um fio de voz... eu estou longe de me sentir bem,mas a força do hábito me obriga a responder assim — Eu sairei em algunsminutos.

— Tem certeza? — Ela insiste aparentemente não muito convicta de minha resposta.

A sua insistência me obriga a me afastar da banheira na qual me encostei,quando o resultado do exame tornou as minhas pernas fracas demais parasustentarem o meu peso. Deixo o bastão branco sobre a pia e de repente todo osignificado que ele tem para mim, deixa de pesar sobre os meus ombros por umsegundo. Abro parcialmente a porta e a encontro do outro lado, seu rosto temtanta expectativa quando o meu. Mas, embora ela seja a minha melhor amiga ecompartilhamos muito mais do que apenas uma casa; não será a sua vida que irásofrer a mais brusca transformação.


— E então? — Lian murmura se afastando da parede e elevando osombros — Fez o teste?


— Eu fiz — afirmo em um sussurro. Não sei ao certo o porquê deestarmos murmurando, quando estamos apenas nós dois em casa. Talvez ambostenhamos medo da verdade, caso dita em voz alta.


— E?

— Deu positivo. — Conto, fechando os olhos e apertando a maçaneta da porta.

— Tem certeza? — Ela me empurra levemente para o lado, me forçandoa recuar e abrir espaço para que possa entrar no banheiro.


Fico em silêncio, enquanto a observo caminhar até a pia e olhar, com umadistância segura, o teste que ficou sobre o balcão. Alguns segundos se passamantes que ela me olhe e ainda permanecemos em silêncio por mais algum tempo,até que ela diga:


— O que você quer fazer?

— Como assim? — Replico a pergunta, um tanto confuso.

— Você pode ter o bebê ou...

— Não, — eu a interrompo com a mão no ar — não diga isso, não quero ouvir...

— Estou te dando opções. — Dessa vez ela me intercepta — É importante que você saiba que as possui e que elas vão além de se tornar umjovem mãma.


— Eu sei que as possuo, mas deveria ter pensando mais seriamente nelasantes de engravidar.

— Acidentes acontecem.

— Não foi um acidente. — Não quero que meu filho pense que o seunascimento foi indesejado, embora eu, vergonhosamente, esteja me comportandocomo se fosse exatamente isso.


— Então você terá o bebê? — Ela indaga, como se isso realmente asurpreendesse.

— Sim, eu terei — recito com a coragem que não possuo no momento.

— Tem ideia do quão difícil isso será; não tem?

— Estou imaginando um cenário bem complicado... — sibilo com certa tristeza — Mas, não há outra opção, além dessa.

— Você tem. — Ela me lembra ao se aproximar, me deixando surpresapela insistência.

— Está fora de cogitação, — balanço a cabeça, dando um passo para trás — jamais conseguiria seguir em frente após algo assim. Eu me conheço... eu terei esse bebê, sozinho ou com apoio, não me importo. 

Falar parece infinitamente mais fácil. Mas, eu sei que irei encontrar meu caminho. Preciso encontrar um caminho.

— Estarei aqui por você, Xian. — Ela me diz, segurando minha mão eme puxando para um abraço sem jeito — Chase também estará eu tenhocerteza.


— Eu sei... — digo, mesmo que não tenha tanta certeza.

Não, eu não tenho certeza de nada. A não ser de que serei mãma e isso é irreversível.

Olhando para o meu próprio reflexo no espelho às costas de Lian, juro amim mesmo que farei o melhor para ser uma bom mãma e fazer essa criança feliz...Deus queira que eu consiga.

Just Love Me - Adaptação/ MPREGOnde histórias criam vida. Descubra agora