Prólogo

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Margarida Albuquerque

10/4/2024

O aparelho televisivo pendurado no teto da sala de espera do hospital mostra o número 2445. Olhando para a senha que tenho na mão vejo que é o nosso número.
Nosso. Meu e da minha filha porque estamos juntas nisto.

A Madalena tem 3 anos e nasceu quando eu tinha apenas 18. Só tem o meu sobrenome pois nunca conheceu o seu pai, mas isso é historia para outra altura.

Sofre de Leucemia desde o 16.° mês de vida, um ano e quatro meses por assim dizer. Foi diagnosticada em Novembro de 2022 e desde ai que a nossa vida mudou por completo.

Olho para ela, está a brincar na salinha das crianças com uma menina que provavelmente nunca mais irá ver na vida.

- Mada, é a nossa vez. - dirijo-me até à mais nova e chamo-a.

- Adeus Olívia - a minha filha acena à amiga que acabara de fazer e eu sorrio-lhe.

- Adeus.

A conversa das meninas acaba assim. Alegra-me ver a facilidade com que a minha filha faz amizade com outras crinças, é um reflexo da educação que lhe dou.

(...)

Finalmente saimos daquele maldito hospital, depois de um dia muito, muito longo. A doença da Madalena está igual ao que estava antes, felizmente nunca teve de cortar o cabelo pois não precisa de fazer tratamentos tão intensivos.

Jantámos na PizzaHut porque essa é a nossa regra: quando saímos de um dia no hospital, vamos jantar onde a Madalena quiser, o que normalmente é um restaurante qualquer de fastfood.

Eu sei que não devia dar tanta liberdade de escolha à Madalena, pois saímos muitas vezes do hospital, mas quando tiverem uma criança de três anos a perguntar constantemente "Quando é que isto passa?" e a dizer "Eu não quero morrer, mamã" vão, com certeza, entender-me.

A Madalena é uma criança mas não é parvinha. Ela percebe que alguma coisa se passa com o corpo dela e que não é suposto estar todas as semanas a caminho do hospital. Como já disse, é uma criança mas não é parvinha.

Não sei como lidar quando diz que não quer morrer. É suposto saber lidar com isso? Com uma filha a dizer que não quer morrer... Acho que nunca vou saber lidar com isso e acabo por lhe dar mais liberdade do que devia. Afinal, eu também não sei, quando é que ela vai morrer.

(...)

Chego ao estacionamento do prédio e reparo que a Madalena já adormeceu

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Chego ao estacionamento do prédio e reparo que a Madalena já adormeceu. Porra, vai ser dificil tirá-la do carro sem a acordar.

Tiro a bebé (será sempre a minha bebé) da cadeirinha e levo-a no colo até ao elevador. Mantenho-a assim até chegarmos ao apartamento no centro de Lisboa.

Aconchegante, eu diria

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Aconchegante, eu diria.

Deixo a Madalena na cama dela e sento-me um bocado no sofá da sala. Uau, há imenso tempo que não tinha um tempinho só para mim.

Pego no telemóvel e reparo que tenho uma mensagem do meu irmão mais novo.

Mano ❤️

Manaaaaa
Levas-me à Luz?
Vamos os três, eu tu e a Maiena

Quando?
Como vens?
Não tens aulas?

A mãe vai-me levar sexta depois de almoço
O jogo é domingo
Segunda de manhã volto, não tenho aulas

Pronto convenceste-me
Já vi que já trataste de tudo

AMO-TE MARGARIDA 💞💞💞💞💞

Também gosto de ti tótó ❤️

(Conversa off)

O Martim chama Maiena à Madalena desde que ela nasceu. Não sei onde foi buscar este nome mas que é fofinho é.

Já levei a minha filha à Luz, por isso ela já sabe como é, acho que até gosta mais que eu.

O Benfica é o meu grande amor. Os meus pais são Benfiquistas e desde sempre que me levam ao estádio, e ao Martim também claro.

22:46

Estou completamente exausta, amanhã tenho faculdade, o que implica deixar a Mada na escolinha mais cedo. Odeio ter que o fazer, mas é necessário.

Faço as minhas higienes e deito-me na cama. Navego um pouco no Instagram até finalmente ter vontade de dormir. Amanhã vai ser um grande dia.

Este foi o primeiro capítulo desta história!Espero que tenham gostado desta amostra do que ela vai ser☆☆☆

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Este foi o primeiro capítulo desta história!
Espero que tenham gostado desta amostra do que ela vai ser
☆☆☆

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