𝟻. 𝙻𝚞́𝚌𝚒𝚍𝚊

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𝟽 𝙰𝚗𝚘𝚜 𝙰𝚝𝚛𝚊́𝚜

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𝟽 𝙰𝚗𝚘𝚜 𝙰𝚝𝚛𝚊́𝚜

Encaro o teto acima de mim, que é apenas uma mancha escura, indiferente, branco com rachaduras que vão formando desenhos de trovões. O vento passa pelas janelas abertas, e sinto o desconforto da cama dura e estreita; o lençol áspero arranha minha pele.

O silêncio é abafado, com os cheiros estranhos de desinfetante e desespero impregnando esse lugar.

Cravo minhas unhas na minha mão, sentindo uma dor que é como uma ferida aberta, latejando com uma intensidade que não diminui. Não há espaço para mais nada além dela.

Fecho os olhos com força, sentindo o suor brotar na minha testa e meu corpo inteiro ficar úmido. Minhas pernas não respondem; parecem presas à cama, incapazes de se mover.

— Lilith. — escuto sua voz rouca ao lado da cama enquanto ele examina meu corpo. — O que está fazendo aqui de novo? — sua pergunta era sincera e preocupada; seus cabelos loiros estavam grisalhos, sua barba rala e seus olhos cansados. — Você não tem noção e nem idade o suficiente para saber o quão a vida é ruim.

— O senhor não tem ideia do que é ser uma garota de quinze anos que perdeu tudo o que ama.

Tudo o que amei, tudo o que toco, qualquer coisa boa que acontece é destruído.

Seu rosto era cauteloso; ele vira meu pulso, analisa os cortes e leva seus dedos ao meu pescoço, vendo as marcas roxas e fundas deixadas pela corda. Seus olhos verdes me encaram, e um pequeno sorriso singelo surge entre seus lábios.

— A senhorita precisa ser forte por sua mãe. — ele sai da sala após ver que estava tudo bem e fecha as portas.

Durante todos esses anos, achei que estava sendo forte pela minha mãe, forte para aguentar seus abusos, mas eu era forte pela minha irmã. Toda essa pressão e os machucados que ganhei eram para que não fossem descontados na pessoa que mais amei. Todas as noites mal dormidas valeram a pena para que os amantes da minha mãe e meu padrasto não tocassem nela, não a deixassem suja, como me deixaram. Era por ela.

O silêncio estava absoluto, mas minha cabeça estava totalmente barulhenta, angustiada, repetindo a mesma palavra: culpada.

Era um eco, como se eu não estivesse realmente ali, apenas sentindo tudo à distância, num transe em que todos os meus músculos latejavam, como se eu não pertencesse àquele corpo. Minha garganta seca e minha respiração fraca.

O luar invade as paredes do quarto, deixando-o claro. A cadeira não estava mais ali, e a corda foi tirada, restando apenas a cama e a pequena cômoda. Fecho os olhos, escutando um sussurro angustiado me chamar, e a porta de metal se abre, fazendo um ranger alto. Minhas mãos geladas são seguradas por mãos quentes.

— Somos nós dois contra o mundo. — A voz de Ryan chega aos meus ouvidos, fazendo meu coração se acalmar.

Apenas nós dois, minha cabeça repete, substituindo a palavra: culpada.

Doce ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora