𝟸. 𝙾𝚌𝚘

57 5 0
                                    

𝟽 𝙰𝚗𝚘𝚜 𝙰𝚝𝚛𝚊́𝚜

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

𝟽 𝙰𝚗𝚘𝚜 𝙰𝚝𝚛𝚊́𝚜

Impotente, fraca e culpada. Eram os sussurros que ecoavam em minha cabeça todas as vezes que eu fechava meus olhos, revivendo o mesmo inferno, sentindo o gosto metálico nos meus lábios. Era tão real, tão vívido, mesmo depois de três meses. Três meses desde que o carro colidiu com outro veículo com tanta força, quebrando o vidro e me arremessando contra uma árvore. Lembro de ver minha mãe perdendo o controle novamente, o carro indo em direção a uma ponte de tijolos, até bater e afundar no enorme rio.

Seus gritos desesperados pedindo por ajuda, implorando para que eu salvasse minha irmã no banco traseiro, martelavam na minha cabeça a cada segundo, como uma tortura. A tortura que foi minha culpa.

— Lilith, quero que você se sinta segura para contar o que vem te atormentando. Aqui é seguro, e você pode falar qualquer coisa sem ser julgada. — a psicóloga fala, atraindo minha atenção para seus olhos azuis e cabelos loiros.

Fico em silêncio, brincando com a pulseira que minha mãe havia comprado para mim naquela tarde. Estávamos bem, tudo aconteceu tão rápido... Tudo foi culpa minha.

— Essa pulseira é linda. — sua voz soa suave, como um conforto. — Quer me contar como ganhou ela? — encaro a psicóloga, sentindo uma lágrima solitária cair.

— Foi ela. — digo tão baixo que sai como um pequeno sopro.

— Pode repetir? — sua voz sai doce.

— Minha mãe me deu. — falo, sentindo dor. — Me deu antes de eu matar ela.

Três meses praticamente morando em um hospital psiquiátrico após tentar me matar, três meses desde que tive que identificar o corpo da minha mãe, pois estava muito danificado, três meses sendo culpada por matá-la.

Quem os julgaria? Eu era um monstro. Uma assassina. Era isso o que eles falavam.

— Lilith, hoje é nossa última consulta e até agora você apenas me disse que era culpada.

— Eles dizem que sou a culpada. — sinto meu coração doer, como se quebrasse.

— Eles quem? — ela se aproxima, segurando minha mão.

— As vozes. — a encaro, deixando mais lágrimas caírem. — Elas dizem o que realmente aconteceu, reforçando tudo o que eu já sei, mas elas são cruéis.

Fecho os olhos, revendo o muro sendo quebrado enquanto eu tentava caminhar até o carro que agora afundava. Sangue saia da minha boca e eu não sentia metade do meu corpo.

— Nossa sessão finalizou. — ela segura minha mão com mais força. — Vou te passar mais medicamentos. — limpa minha lágrima com o polegar e levanta meu queixo, me forçando a encará-la. — Quando precisar voltar, pode me procurar. Aqui é um lugar seguro.

Doce ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora