Snow Fall - The shadow - Ni luo

Teimosia

Teimosia

Naquele dia, do lado de fora da pequena igreja, Milan finalmente encontrou Shen Zhiheng.

Shen Zhiheng chegou apressado e, ao vê-la, perguntou: “O que aconteceu?”

Sua voz estava um pouco tensa, o que fez Milan suspeitar que talvez o tivesse assustado. Para Shen Zhiheng, ela era muito “preciosa”; como se, ao salvá-lo uma vez, ele passasse a ser dela—ou, pelo menos, que ela tivesse uma pequena participação nele. Desde pequena, ela se sentia como se estivesse apenas de passagem neste mundo, sem nada a perder, indo embora quando quisesse. Shen Zhiheng havia feito com que ela tivesse uma certa conexão com o mundo, e, de certa forma, ele também parecia ser uma espécie de propriedade privada dela.

Sorrindo na direção de Shen Zhiheng, ela respondeu: “Estou bem, não é nada comigo.”

Shen Zhiheng a observou, vendo que não havia novas feridas em seu rosto ou nas mãos e que sua aparência não estava tão ruim, então a levou para o carro: “Se não é nada seu, então de quem é?”

Milan respondeu: “É do tio Li, aquele que encontrei na frente do Hospital Victoria.”

Shen Zhiheng olhou para ela com desconfiança: “O que é… o que ele quer?”

Se Milan pudesse ver, talvez a expressão desconfiada de Shen Zhiheng a deixasse triste—uma desconfiança nua e crua, acompanhada de uma análise nua e crua, como se ela mesma fosse um mistério em lenta revelação. Seus olhos cegos protegiam Milan daquele momento, e ela respondeu honestamente: “Ele me encontrou e pediu para que eu lhe transmitisse uma mensagem. Ele disse que queria fazer as pazes com você e pediu para que eu intermediasse.”

“E como você pretende intermediar?”

“Eu só transmito a mensagem, não vou intermediar.”

“Por que ouvir o que ele diz? Esse sujeito não é uma boa pessoa.”

“Ele sempre vai encontrar alguém para passar a mensagem. Se for outra pessoa, o resultado pode ser pior. Pelo menos eu não vou enganá-lo com ele.”

“Isso não é algo que você deveria se envolver.”

Milan caiu em silêncio.

Shen Zhiheng falou novamente, com um tom de raiva velada: “Você tem razão, ele sempre vai encontrar alguém para transmitir a mensagem. Se não for você, será outra pessoa. Mas ao concordar com ele, ele saberá que estamos em contato e que você tem alguma influência sobre mim. Ele pode até descobrir que foi você quem me salvou naquela noite! Acha que ele não tem espiões vigiando o que acontece? Acha que ele não vai continuar a procurar você e até usar você para me ameaçar no futuro?”

Milan ficou paralisada. As palavras de Shen Zhiheng eram algo que ela nunca havia considerado.

“Eu não vou deixar que ele use você para me ameaçar,” disse ela. “Eu não vou mais ao coro. Vou ficar em casa, assim ele não terá motivo para vir atrás de mim.”

Shen Zhiheng suspirou: “Eu queria que você participasse do coro para ver o mundo, fazer amigos e viver bem. Assim, quando você deixar sua família, poderá viver por conta própria.”

“Eu entendo,” Milan respondeu suavemente. “Mas, antes, eu me escondia em casa porque não tinha para onde ir; agora, me escondo em casa para ajudar você. Mesmo em casa, com uma perspectiva diferente, eu faço isso porque quero.”

“Você ainda se lembra do meu número de telefone?”

“Sim, você me deu.”

“Se precisar, tente me ligar de alguma loja, café, qualquer lugar que tenha telefone. Apenas ofereça um pouco de dinheiro pelo uso. O dinheiro que te dei antes de você sair do hospital está guardado?”