Vitrine

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Por muito tempo busquei a perfeição.
Não era algo consciente, mas existia, estava lá o tempo todo gritando, martelando em minha cabeça o quanto eu tinha que acertar em tudo.

Eu não podia errar, ou melhor, eu não podia demonstrar que errava.
Cheguei a construir uma vitrine perfeita, mas lá dentro era frágil, confuso, bagunçado, e imperfeito.

Quem passava pela vitrine, via ordem, beleza, plenitude,
poderiam até enxergar uma certa perfeição.
Mal sabiam dos lugares obscuros, nebulosos e cinzentos que habitavam adentro, onde tudo era caos e imperfeição.

Aprendi a viver de acordo com a vitrine que construí, me acostumei, e isso exigiu muito de mim.
As coisas que deixei para trás e escolhi não viver, hoje me pensam tanto.

São fardos carregados na alma, que ecoam aqui dentro cheios de inúmeros atos reprimidos. A busca pela perfeição me custou um preço alto demais.

Hoje, a passos lentos, vou desfazendo a vitrine que construí ao longo desses anos, me permitindo reconhecer e aceitar a minha imperfeição, está tudo bem em não suprir as expectativas dos outros.

O tanto que me privei para não falhar minou todas as expectativas que eu tinha de mim,querendo sempre agradar o outro, desagradei a mim mesmo.

Agora o meu caminho é a busca total de minha desconstrução, me dando a permissão de errar, me reconstruindo a partir daí.

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