Casa Mal-assombrada.

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08 de fevereiro, 2024.

Milly, POV.

Meus olhos se moviam de um lado para o outro, meu pé batia no chão mostrando minha impaciência. A garota que deveria estar alí, atrasada.

Eu dei um suspiro, passando minha mão pelos cabelos meus cacheados, e logo após cruzando os braços. E ela disse que chegaria cedo, mas já faria meia hora de espera.

Os ônibus passavam, um atrás do outro, de novo e de novo. Os carros pareciam ter motoristas tão apressados quanto eu, numa velocidade e ritmo tão rápida que me faziam recuar da margem da calçada.

As pessoas ao meu lado, ocupadas com a própria rotina. Os engravatados com os olhares travados no celular, uma expressão de cansaço que todos tinham. Pois cada rotina tem algo em comum: é cansativa.

Logo, os passos de alguém apressado ecoou atrás de mim, uma respiração pesada. A garota parou na minha frente, se escorando na barra de ferro da parada enquanto recuperava a respiração. Seus curtos cabelos pintados de rosa claro estavam bagunçados, e a jaqueta quadriculada azul marinho amassada. Seus olhos pretos se encontraram com os meus, e ela olhou de volta para trás.

— Eu quase que fui roubada! — Ela exclamou, franzindo a testa, e alguns presentes no local viraram a atenção para a garota ofegante.

Logo após, duas pessoas numa moto apenas passaram por nós, nenhuma intenção clara. Apenas a de cuidar das próprias vidas. Eu ergui uma sobrancelha.

— Tenho certeza que não...

Vivih pareceu discordar, um semblante de leve raiva agora presente em seu rosto enquanto ela se virava e descansava as costas na base da parada.

— Eu que não corri o caminho inteiro a toa! — Ela manteu o tom firme de certeza, e eu revirei os olhos.

O endereço que aquele desgraçado nos mandou fica em outra cidade. Não muito longe da nossa, mas mesmo assim...

— É melhor se formos de alternativa. — Eu sugeri, mas a americana me entregou um olhar de confusão.

— De que? — Ela questionou, e eu me lembrei.

— Ah, é algo que tem no Brasil. Me esqueci que não tem isso aqui... — Me expliquei e virei o olhar de volta a rua em nossa frente, o olhar vidrado na poça de lama que veio após a chuva de hoje de manhã.

Annie sempre falou sobre querer ficar na chuva, igual nos filmes. Sorrir e brincar nas poças, como se não houvesse riscos. Não sei se ela foi capaz de fazer isso antes de sumir... Ou se ela fez, onde quer que esteja.

Eu olhei de volta para cima quando Vivih puxou meu braço, vendo um ônibus já parado na nossa frente. Nós duas entramos, pagamos e fomos nos sentar no fundo, o único lugar que tinha espaço.

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O trajeto até a tal cidade foi longo, uma forte sensação de nervosismo no meu estômago. Quanto tempo até chegar lá? Seria que aquela casa ainda estaria lá? Será que eu encontraria ela?

Me lembrei de algo, algo que Annie também dizia.

O maior sonho dela era se aventurar, igual as pessoas que ela via na internet entrando em lugares proibidos - invadindo, para ser mais exata. Encontrar coisas macabras, e então sair correndo enquanto dá risadas. Ela queria sentir adrenalina.

Será que se ela ainda estivesse aqui, nós poderiamos fazer isso juntas um dia?

— Quer?

A voz me tirou do transe, e eu olhei ao meu lado, vendo Vivih me oferecer uma barra de chocolate já mordida.

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⏰ Última atualização: Aug 19 ⏰

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