A véspera do Natal chega. A frente de nossa casa está totalmente iluminada. Uma luz criada por pequenas lâmpadas. Muito bonito. Agradeço Santana por ter aceitado ir até a casa de Matthew. Será diferente. Rezei antes de dormir durante muito tempo pedindo isso e finalmente se realizará. Sinto que Deus fez na hora certa.
O brilho que nos deixava feliz se foi há um bom tempo. Finalmente eu posso sorrir após anos do ocorrido. Espero que Matthew não fique triste pelos problemas na sua casa com Eleanor e seus tios o chamando de ladrão. Ele é muito especial, uma pessoa diferente. Por isso eu espero que possamos sorrir juntos, pois o Natal sempre me remete à tristeza.
Mamãe desce as escadas às nove da manhã com Santana.
— Lana, vamos ao salão hoje? — convida Santana.
— Ah, vó... Não sei não. Eu não gosto muito desses lugares e vocês nem marcaram horário para mim, então... — Sou interrompida.
— Claro que marcamos. Você é a primeira, às nove e trinta.
Elas são demais, até demais. Eu não peço nada e elas fazem. Detesto ir ao salão. Fui uma vez ainda forçada e com a cara fechada. As pessoas ficam falando da vida dos outros enquanto deviam estar preocupadas em viver as suas.
— Sem comentários, vó! — falo em tom de brincadeira.
— Foi ideia da Mariana, vamos logo! — ela diz abrindo a porta.
— Eu? Eu não disse nada e... — Mamãe é interrompida.
— Vem logo e para de resmungar! Tranca a porta! — Mariana e Santana entram na parte da frente, e eu subo na parte traseira de nossa cabine dupla. Nós a utilizamos apenas para trajetos longos. O salão, por exemplo, é um deles.
Chegamos e Mariana estaciona ao lado do salão. A fachada está iluminada com luzes vermelhas e uma árvore branca. Entramos. A cabeleireira, Sarah, vem em nossa direção sorrindo.
— Finalmente vocês vieram! — ela cumprimenta Mari e Santana. — Essa é a... Lana? Como assim? Você cresceu muito!
— Sim, faz uns três anos que não venho aqui. — Ela me saúda.
— Vejo que na agenda a primeira é você — ela diz, com um pente na mão.
— Vamos dar um jeito no cabelo dela! E se cortássemos uns... Quatro dedos? Ficaria... — Interrompo minha mãe.
— Quê? Mas nem pensar! Olha, Sarah, faça algo diferente nele. — Mariana fica quieta. — Mãe, não fique brava, é porque iria ficar muito curto.
— Estou brincando. — Mamãe ri. — Vem, Santana, vamos ler qual o final da Flávia na novela.
Eu vou até o lavador do salão e Beatriz asseia meu cabelo.
— Lana, como você cresceu! — Ela passa o creme nos meus fios. — E os namorados? As paqueras? Quero saber tudo!
Bia não faz fofoca. Ela apenas quer saber da vida das pessoas que ela ama e nos dá os melhores conselhos.
— Nenhum. Eu sou muito nova para isso! — minto.
— Ai, não adianta mentir! — Ela continua a lavar. — Na sua idade eu falava a mesma coisa e, mesmo não namorando, alguém estava no meu pensamento.
Por que quando ela disse isso a imagem de Matthew sorrindo vem subitamente à minha cabeça? Droga. Isso não pode estar acontecendo. Mas por que estou com tanto medo de amar?
— Confio muito em você, Bia. Ok, vamos lá. Tem um garoto que...
— O QUÊ? — ela grita.
— Bia! — O salão todo olha para nós e, após alguns segundos, continuam a conversar. Eu rio. — Só você mesmo. Eu não estou o namorando. Mas quando você disse se tinha alguém no meu pensamento, a imagem dele veio à minha cabeça.
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Nostalgia Não Está Apenas em VHS | Degustação
Roman d'amourROMANCE NACIONAL Ela ainda pensa porque ele partiu tão cedo. Mas quem seria ele? Com fracas memórias de seu passado, Lana Mary Jones é uma garota de quinze anos que acredita ser filha única. No entanto, após ouvir uma conversa de sua mãe com a avó...