Temporal.

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O silêncio da floresta foi interrompido pelo som dos passos firmes de Jungkook sobre as folhas caídas e pelo farfalhar das árvores ao vento. O corpo de Jimin estava relaxado, entregue aos braços de Jungkook, mas sua mente vagava longe, perdida em meio a possíveis pensamentos que pareciam não ter fim. Park fixou o olhar em algum ponto distante entre as árvores, mas não via nada, não conseguia se concentrar.

Jungkook, por sua vez, mantinha o olhar fixo no caminho à frente, mas sentia o peso da mente de Jimin. Ele podia perceber as mudanças sutis na respiração, o modo como seu corpo, apesar de relaxado, parecia guardar uma tensão interna. Ele conhecia bem aquela expressão distante que Jimin carregava, um reflexo do conflito interno de medo e dúvida constante. Jungkook se recusou a quebrar o silêncio, respeitando o espaço que Park precisa naquele momento, mas seu aperto em torno de Jimin se tornou um pouco mais firme; Jeon entendia o que estava acontecendo, internamente desejava que passasse logo e que fosse apenas uma reação breve.
Aquele lugar, que antes fora sinônimo de temor para Park, agora parecia diferente, menos ameaçador e sem perigos, como se a presença de Jungkook tivesse transformado cada árvore em algo decorativo, cada ruído em uma melodia suave que os guiava de volta ao castelo. E, no entanto, apesar dessa segurança, Jimin não conseguia se livrar do aperto em seu peito.
Ele fechou os olhos, buscando encontrar um resquício de paz, virou o rosto contra o peitoral de Jeon, este que suspirou por ter quase certeza que era um bom sinal. A real era que Jimin não sabia como se sentia. Estava confuso e, estar confuso era tudo que ele menos queria agora.

— Jungkook... — finalmente quebrou o silêncio, sua voz sussurrou quase inaudível.

Jungkook abaixou o olhar para ele, seus olhos compreensivos chamaram a atenção de Jimin, agora a respiração estava mais calma e tudo parecia se encaixar melhor. Sem medo, Park olhou para frente, percebendo que estavam perto do castelo. Ao ver as admiráveis rosas, ele se recordou das enormes rosas que viu quando entrou pelo portal.

— Eu vi rosas...muito grandes quando cheguei aqui — dizia pausadamente — você pode me levar até lá?

— Quando acordar e se sentir melhor, irei leva-lo. Prometo!

Ao chegarem ao castelo, Jungkook empurrou as portas de madeira com um movimento rápido, revelando o vasto hall de entrada iluminado por tochas que crepitavam devagar. A atmosfera dentro do castelo era quase surreal, com sombras dançando nas paredes de pedra e um silêncio que parecia vivo, como se tudo ali respirasse. Jimin, ainda meio atordoado, se aconchegava mais contra o peito de Jungkook.
Jeon subiu a grande escadaria sem esforço, os degraus de mármore ecoando sob suas botas pretas. Ao chegarem ao quarto considerado de Jimin, ele o colocou delicadamente na cama, ajustando os travesseiros com um cuidado que contrastava com sua usual postura.

— Vou buscar um chá para você, irá fazê-lo melhorar.

Não demorou para que Jungkook voltasse com uma xícara fumegante, ele se sentou na beira da cama, oferecendo-a a Jimin com um olhar que não deixava espaço para questionamentos.

Jimin hesitou por um momento, os dedos tremendo levemente enquanto segurava a xícara. Levou a xícara aos lábios e tomou um gole, sentindo o líquido quente deslizar pela garganta, espalhando um calor confortável por todo o corpo. O efeito foi quase imediato. A mente de Jimin, que antes estava em um redemoinho confuso e amedrontador começou a se acalmar. Ele sentiu uma leveza tomar conta de si, indicando sono. Jungkook observava atentamente cada segundo, seus olhos escuros fixos no rosto de Jimin, notando cada mudança em sua expressão e provavelmente, em sua mente. Ele sabia o que o chá estava fazendo, apagando as lembranças indesejadas, as que poderiam trazer problemas se não fossem esquecidas logo. Ele olhou para Jungkook, um último resquício de dúvida em seu olhar, mas não conseguiu buscar forças para questionar isso. Jeon permaneceu ao seu lado até que a respiração se acalmasse de vez e seus olhos se fechassem completamente enquanto seu corpo afundava no colchão macio.

NEVERLAND - jjk • pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora