Capítulo 1

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Cuidar do meu recife de corais é mais do que uma tarefa diária; é minha paixão e minha responsabilidade. As cores vibrantes dos corais, a dança graciosa dos peixes e o balé silencioso das algas me enchem de um sentimento de propósito e conexão com o oceano. Sou Atlântia, uma metamorfa humanoide com rabo de peixe. Os humanos me chamariam de sereia. Tenho cerca de 20 anos marinhos, o que aprendi através de escritos humanos, equivale a aproximadamente oitenta anos de idade humana. Vivo nas águas profundas e misteriosas do oceano Atlântico, onde a luz do sol toca suavemente as ondas e os segredos das profundezas aguardam para serem descobertos.

Enquanto deslizo pelas águas mornas, sentindo cada corrente, cada pulsação do mar, sou de repente sacudida por um forte tremor. As rochas ao meu redor tremem, e o recife de corais, normalmente um lugar de serenidade, é tomado por uma onda de pânico. Os peixes se dispersam em todas as direções, os polvos se escondem em suas tocas e até os camarões, geralmente tão ocupados, param, como se o próprio mar tivesse prendido a respiração.

"Sereia do mar, o que está acontecendo?" Penso, sentindo a urgência e a inquietação crescerem dentro de mim.

O tremor passa tão rapidamente quanto veio, mas deixa um rastro de preocupação. Algo está errado. Tremores não são comuns nesta parte do oceano. Decido investigar. Enquanto nado, minha cauda poderosa empurra a água atrás de mim, me dando uma velocidade e agilidade que só as criaturas do mar podem compreender.

Minha jornada me leva a um lugar que nunca deixa de me impressionar, mesmo após tantas visitas: a Estátua da Liberdade submersa. Uma vez um símbolo de esperança e liberdade para os humanos, agora repousa silenciosamente nas profundezas, coberta de algas e corais. As mãos que um dia ergueram a tocha agora estão envoltas em vida marinha, e os olhos que olharam para o horizonte em busca de novos começos agora observam eternamente o abismo. Passo suavemente ao lado dela, respeitando seu antigo poder e significância.

Enquanto me aproximo da base da estátua, sinto novamente uma vibração, mais leve desta vez, mas inconfundível. Algo está definitivamente errado. Continuo minha busca, passando por outros monumentos submersos. As ruínas de antigas cidades humanas estão espalhadas pelo leito do oceano, lembranças silenciosas de uma civilização que uma vez governou a superfície.

Atravesso o que restou da Times Square, onde agora apenas peixes e pequenos crustáceos circulam pelas ruas antigas. Os arranha-céus de metal e vidro, outrora orgulhosos e altivos, agora são o lar de cardumes de peixes e de corais que prosperam nas sombras. Cada monumento conta uma história de glória e queda, mas hoje, cada um deles parece sussurrar uma advertência, um presságio dos tremores que se tornam mais frequentes e intensos.

Minhas explorações me levam ao monumento de Lincoln, suas colunas majestosas agora adornadas com estrelas-do-mar e anêmonas. Penso nos humanos que uma vez honraram essas figuras, suas esperanças e sonhos agora enterrados nas profundezas do oceano. Mas o que está causando esses tremores? Essa é a pergunta que não me deixa descansar.

Decido voltar ao meu recife, refletindo sobre tudo o que vi. Os tremores parecem estar se tornando mais frequentes, e a inquietação no fundo do mar é palpável. O oceano, meu lar, está tentando me dizer algo, e eu preciso entender o que é. A vida marinha ao meu redor depende disso, e meu próprio instinto me diz que ignorar esses sinais pode ser perigoso.

Nadando de volta, passo novamente pela Estátua da Liberdade. Seu semblante tranquilo parece me encorajar a continuar minha busca pela verdade. O que quer que esteja causando esses tremores, não é natural. A natureza do mar é de calma e constância, mesmo em sua selvageria.

Chegando ao meu recife, sou recebida pelos olhares preocupados dos meus amigos marinhos.

― Atlântia, você sentiu? O que está acontecendo? - parecem perguntar com seus movimentos inquietos.

―Eu senti, sim. - respondo mentalmente, tentando transmitir calma. ― Ainda não sei o que é, mas prometo descobrir.

Passo a noite em vigília, observando o recife, meus olhos atentos a qualquer sinal de perigo. A cada pequeno tremor que sinto, a urgência cresce. O oceano guarda muitos segredos, mas sei que ele também revela suas verdades a quem está disposto a ouvir.

Enquanto os primeiros raios de sol penetram a superfície do mar, uma nova determinação nasce dentro de mim. Vou descobrir a causa desses tremores. Vou proteger meu lar e todos os que nele habitam. Sou Atlântia, uma guardiã do mar, e esta é a minha missão.

Com essa resolução, começo a planejar minha próxima jornada. Vou mais fundo e mais longe do que jamais fui. O mar é vasto e misterioso, mas eu sou uma filha das águas, e nelas encontrarei as respostas que procuro.

 O mar é vasto e misterioso, mas eu sou uma filha das águas, e nelas encontrarei as respostas que procuro

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