TEACHER'S PET...

**Capítulo 2: Rachaduras na Armadura**

**Pov Vilanelle**

Vilanelle entrou na sala de aula, fechando a porta atrás de si com um clique firme. O som dos seus sapatos ecoava pelo chão de azulejos, e a conversa dos alunos cessou instantaneamente. Ela caminhou até a frente da sala, colocando sua pasta de couro surrada sobre a mesa. Sem dizer uma palavra, Vilanelle começou a escrever no quadro negro, seus movimentos precisos e rápidos.

"Hoje vamos falar sobre reações químicas," disse ela finalmente, sua voz fria e controlada preenchendo o silêncio. "Espero que todos tenham feito a leitura prévia."

Seu olhar varreu a sala, avaliando cada aluno com um misto de impaciência e desinteresse. Os rostos eram todos iguais para ela — menos um. No fundo da sala, uma nova aluna, Eve Polastri, a observava atentamente. Vilanelle percebeu o brilho curioso nos olhos de Eve, uma curiosidade que contrastava com a apatia usual dos outros alunos.

Vilanelle forçou-se a desviar o olhar de Eve e continuou a aula. Enquanto explicava as intricadas reações químicas, havia algo em Eve que a deixava desconfortável, como se a simples presença daquela garota pudesse quebrar a rígida rotina que ela tanto prezava.

Mas ela não podia permitir distrações. Com uma respiração profunda, Vilanelle voltou sua atenção para a matéria, lutando contra o crescente desconforto que começava a invadir seu coração.

Vilanelle continuou sua explicação, os dedos ainda manchados com o pó do giz enquanto descrevia os detalhes das reações químicas no quadro negro. Sua voz era fria, mas segura, uma barreira construída ao longo dos anos para manter todos à distância. Mas, enquanto falava, sentia o olhar de Eve queimar em sua direção. Era diferente de qualquer outro olhar que já havia sentido – não havia julgamento, apenas uma curiosidade genuína.

Ela tentou ignorar, mas sua mente voltava constantemente àquela aluna. Como uma reação química inesperada, a presença de Eve parecia catalisar algo dentro de Vilanelle. Era como se a frieza que ela cultivara com tanto cuidado estivesse começando a derreter, gota a gota.

“Polastri,” ela chamou abruptamente, surpreendendo a si mesma. “Você pode me dizer qual é o produto principal de uma reação de combustão?”

Eve não hesitou. "Dióxido de carbono e água," respondeu ela com confiança, o queixo ligeiramente erguido, como se estivesse desafiando o silêncio desconfortável que preenchia a sala.

Vilanelle assentiu lentamente, sua expressão impenetrável, mas internamente impressionada. A resposta estava correta, mas havia algo mais na forma como Eve a entregou – uma certeza que contrastava com a incerteza que Vilanelle sentia crescendo dentro de si.

A aula prosseguiu, mas Vilanelle se pegou involuntariamente observando Eve de vez em quando, capturando os pequenos detalhes – o modo como ela segurava a caneta, como inclinava a cabeça ao tomar notas, como franzia ligeiramente o cenho quando estava concentrada. Esses pequenos gestos, simples para qualquer outra pessoa, pareciam significar algo mais profundo para Vilanelle.

Quando a campainha tocou, sinalizando o fim da aula, os alunos começaram a se levantar, recolhendo seus materiais. Vilanelle ficou parada por um momento, seus pensamentos um turbilhão enquanto assistia Eve sair da sala. Para alguém que sempre teve controle absoluto sobre suas emoções, o desconforto que essa nova sensação trazia era perturbador.

Mas, enquanto via Eve desaparecer pelo corredor, uma parte dela – uma parte que ela não queria reconhecer – desejava que a próxima aula chegasse logo. E isso, mais do que qualquer outra coisa, a assustava profundamente.

***

Enquanto eu atravessava o corredor, os sons ao meu redor se transformavam em um zumbido distante. Não me importo com as conversas ou risadas dos alunos. Para mim, é tudo ruído de fundo – algo que posso ignorar facilmente. Cada passo em direção à sala dos professores é calculado, como tudo o que faço. A rotina me conforta. É previsível, controlável. Diferente do turbilhão que, recentemente, começou a se formar dentro de mim.