cap 9: Sombras nas Montanhas

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A noite estava envolta em um silêncio inquietante enquanto Lucas e Carlos subiam pelas estradas sinuosas que levavam às montanhas. As sombras das árvores projetavam figuras distorcidas sobre a estrada, e o som rítmico dos pneus era a única interrupção no ar pesado. Lucas mantinha os olhos fixos no caminho à frente, seu rosto marcado pela concentração. Carlos, ao seu lado, conferia o GPS em seu celular, que indicava a direção para a misteriosa cabana.

"Estamos quase lá," murmurou Carlos, quebrando o silêncio que pairava entre eles. "Mais alguns minutos."

Lucas assentiu, sentindo a tensão aumentar a cada curva. Sabia que estavam prestes a encontrar alguém que poderia ser perigoso, mas a incerteza sobre o que realmente os aguardava fazia seu coração bater mais rápido.

Quando o carro deixou a estrada principal e entrou em uma trilha de terra, o ambiente tornou-se ainda mais opressivo. As árvores se fechavam ao redor deles, e o caminho estreito e irregular fazia o carro sacolejar. Lucas manteve o controle firme do volante, com os faróis iluminando a escuridão à frente.

Logo avistaram uma luz fraca à distância, piscando por entre as árvores. Era a cabana.

Carlos fez um gesto para Lucas parar o carro. "Vamos a pé daqui. Precisamos ser discretos."

Lucas desligou o motor, e ambos saíram do carro, avançando com cautela em direção à cabana. A luz da lua cheia dava-lhes uma visibilidade limitada, suficiente para que pudessem se aproximar sem serem notados. Movendo-se em silêncio, eles se esconderam atrás de um grande carvalho que lhes dava uma visão parcial da entrada.

"Tem alguém lá dentro," sussurrou Carlos, apontando para a luz que tremeluzia pela janela.

Lucas apertou os olhos, tentando discernir alguma movimentação no interior da cabana. "Precisamos descobrir quem é e o que está fazendo aqui. Se for quem esperamos, podemos finalmente entender o que está acontecendo."

Carlos assentiu, retirando uma pequena arma que mantinha escondida sob o casaco. "Vou cobrir você. Abordamos com cuidado. Se ele reagir, eu cuido disso."

Lucas acenou com a cabeça, sentindo a adrenalina correr por suas veias. Com passos leves, ele se aproximou da porta da cabana, tentando não fazer nenhum som que pudesse denunciar sua presença. Com um movimento lento e calculado, ele testou a maçaneta. Estava destrancada.

Respirando fundo, Lucas empurrou a porta, que se abriu com um rangido baixo. O interior da cabana estava fracamente iluminado por uma única lâmpada pendurada no teto. O cheiro de madeira queimada misturava-se ao ar pesado, criando uma atmosfera claustrofóbica. À primeira vista, o local parecia vazio.

Lucas avançou pelo corredor estreito, seus sentidos em alerta máximo. Quando chegou à sala principal, avistou um homem sentado em uma cadeira ao lado da lareira. A expressão do homem era uma mistura de cansaço e preocupação. Ele segurava uma arma no colo, mas seus olhos estavam fixos nas chamas, como se estivesse perdido em pensamentos.

"Quem é você?" Lucas perguntou, sua voz firme, mas contida.

O homem ergueu a cabeça lentamente, surpreso com a presença dos dois. Ele olhou para eles por um momento, avaliando-os, antes de baixar a arma e responder com um tom cauteloso: "Meu nome é Dylan. O que vocês querem aqui?"

Carlos, mantendo a arma em posição, deu um passo à frente. "Queremos respostas, Dylan. Sabemos que você está envolvido em algo grande. Precisamos entender o que está acontecendo."

Dylan franziu o cenho, uma expressão de desconfiança cruzando seu rosto. Era evidente que estava pesando as consequências de compartilhar qualquer coisa. "Vocês realmente não têm ideia do que estão se metendo. Riverdale... é um lugar muito mais complicado do que parece."

Lucas cruzou os braços, mantendo-se firme. "Então nos ajude a entender. Se você sabe de algo que possa nos ajudar, agora é a hora de falar."

Dylan suspirou, passando a mão pelo cabelo desgrenhado. "Há coisas que vocês não deveriam saber, segredos que deveriam permanecer enterrados. Mas as pessoas em Riverdale não deixam nada descansar. Quem se aproxima demais dessas verdades desaparece, como se nunca tivessem existido."

Carlos trocou um olhar rápido com Lucas, a preocupação evidente em seus olhos. Havia claramente mais na história do que Dylan estava disposto a revelar. "Que tipo de segredos? Do que você está realmente falando?"

Dylan hesitou, como se lutasse internamente sobre quanto deveria revelar. "Eu não posso dizer muito. Só posso dizer que as coisas estão fugindo do controle, e quem estiver no caminho vai acabar sendo varrido. Vocês precisam tomar cuidado."

Lucas deu um passo à frente, tentando pressioná-lo a falar mais. "Você tem alguma prova do que está dizendo? Algo que possamos usar para descobrir o que realmente está acontecendo?"

Dylan olhou para eles por um momento, avaliando suas intenções, e depois apontou para uma pequena caixa de madeira sobre uma mesa ao lado da lareira. "Há algumas coisas ali dentro, mas são apenas fragmentos, peças de um quebra-cabeça que ainda não consegui montar."

Carlos se aproximou da mesa, abriu a caixa e encontrou alguns documentos antigos, fotos desbotadas e um caderno com anotações confusas. Ele folheou rapidamente, mas nada parecia fazer muito sentido à primeira vista.

"Você disse que as coisas estão fugindo do controle," insistiu Lucas, tentando manter Dylan falando. "O que exatamente está acontecendo agora?"

Dylan desviou o olhar para as chamas que dançavam na lareira, sua expressão tornando-se sombria. "Algo grande está para acontecer, algo que vai mudar tudo em Riverdale. Mas não me perguntem o que, porque nem eu sei ao certo. Apenas... estejam preparados para o pior."

Carlos fechou a caixa e se voltou para Lucas. "Acho que isso é tudo o que vamos conseguir dele por enquanto."

Lucas assentiu, sentindo que Dylan ainda estava escondendo muito mais do que havia revelado. "Vamos continuar atentos a Riverdale. Se você descobrir mais alguma coisa, nos avise."

Dylan acenou com a cabeça lentamente, sua expressão carregada de preocupação. "Vocês também tomem cuidado. Há mais em jogo aqui do que vocês podem imaginar."

Com essas palavras, Lucas e Carlos se retiraram da cabana, a tensão ainda pairando no ar. Sabiam que a conversa com Dylan não havia respondido todas as suas perguntas, mas o suficiente fora dito para deixar claro que estavam lidando com algo muito maior do que esperavam.

Enquanto voltavam para o carro, Lucas sentiu o peso da incerteza crescer sobre seus ombros. Não havia mais como voltar atrás. Estavam mergulhados em um mistério sombrio, e a única maneira de sair disso era seguir em frente, não importando o quão perigosas as respostas pudessem ser.

Amizade, Amor e Sequestro: Um Triângulo CibernéticoOnde histórias criam vida. Descubra agora