Cap10: O Eco das Sombras (Continuação)

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O relógio na parede marcava duas da manhã, mas o sono ainda era uma ilusão distante para Lucas. Ele se levantou da cama, incapaz de afastar os pensamentos que rodopiavam em sua mente. As pistas, as fotos, as palavras enigmáticas de Dylan — tudo parecia um emaranhado de mistérios que precisavam ser desvendados.

Ele caminhou até a sala, onde encontrou Carlos adormecido no sofá, com os documentos espalhados pela mesa de centro. A luz suave do abajur ao lado iluminava as anotações incompletas e as fotografias desbotadas, lançando sombras dançantes nas paredes. Lucas suspirou e se sentou à mesa, puxando a caixa de madeira que trouxeram da cabana para mais perto.

Ele abriu a tampa novamente e começou a vasculhar o conteúdo com mais cuidado. Havia algo naquela caixa, algo que ele sentia estar no limite de sua compreensão. Enquanto movia os papéis, uma folha amarelada de papel caiu de um compartimento secreto na lateral da caixa. Lucas a pegou, percebendo que estava levemente rasgada, como se tivesse sido arrancada de um livro ou caderno.

O papel parecia ser uma espécie de mapa, mas estava longe de ser claro. Havia linhas desenhadas à mão, marcas que pareciam indicar caminhos ou fronteiras, e pequenos símbolos que ele não reconhecia. No canto inferior, uma palavra estava escrita em letras maiúsculas: **"VELORIO"**. Lucas franziu o cenho. Era uma palavra incomum para um mapa e ainda mais estranha sem qualquer contexto.

Ele examinou os símbolos no mapa. Alguns pareciam representar edifícios, outros talvez fossem marcos naturais, como árvores ou pedras. No entanto, tudo estava desenhado de forma rudimentar, como se o mapa tivesse sido feito às pressas ou por alguém sem muita habilidade para desenhar.

Lucas estava imerso no mapa quando ouviu Carlos se mexer no sofá. O som suave dos documentos sendo empurrados de lado trouxe Carlos de volta ao presente, e ele olhou para Lucas com olhos semicerrados de sono.

"Você ainda está acordado?" Carlos perguntou com a voz rouca.

"Não consegui dormir," respondeu Lucas, sem tirar os olhos do mapa. "Acho que encontrei algo."

Carlos se levantou, esfregando os olhos enquanto caminhava até a mesa. Ele olhou para o papel nas mãos de Lucas e arqueou uma sobrancelha. "Um mapa?"

"Sim, mas é estranho. Não consigo entender o que ele realmente representa, além da palavra 'Velorio'. O que isso poderia significar?"

Carlos se sentou ao lado de Lucas, estudando o mapa. "Pode ser um nome de lugar, ou talvez um código. Algo relacionado à Fundação Riverdale, talvez? Eles poderiam ter usado palavras como essa para se referir a locais secretos ou operações clandestinas."

Lucas assentiu, mas ainda parecia desconcertado. "Ou talvez seja uma referência literal. E se for um local onde algo aconteceu? Algo importante que eles queriam manter em segredo."

Carlos considerou a hipótese por um momento. "Podemos estar diante de algo grande. Se esse 'Velorio' for um local, pode haver mais respostas lá. Mas também precisamos estar cientes de que se tentarmos investigar, poderemos atrair atenção indesejada."

"Não temos escolha," Lucas respondeu, determinado. "Esse mapa é a pista mais concreta que temos até agora. Precisamos seguir qualquer pista que possa nos levar a entender o que está acontecendo."

Carlos concordou, mas a preocupação em seus olhos era evidente. "Antes de seguirmos esse rastro, devemos nos preparar. Precisamos investigar discretamente, sem levantar suspeitas. Dylan deixou claro que qualquer movimento em falso pode ser perigoso."

"Concordo," Lucas disse, pegando uma caneta e começando a fazer anotações ao lado do mapa. "Amanhã, devemos começar a procurar referências sobre 'Velorio' na cidade. Talvez nos arquivos da prefeitura ou na biblioteca local. Se não encontrarmos nada, poderemos tentar fazer perguntas discretas a alguns moradores mais antigos."

Carlos se inclinou na cadeira, cruzando os braços. "E quanto a Dylan? Será que podemos confiar nele? Ele pode estar jogando com a gente, ou pior, nos usando como iscas para distrair alguém mais perigoso."

Lucas ponderou por um momento. "Eu pensei nisso também. Mas, no momento, ele é nossa única ligação com o que está acontecendo. Vamos seguir o que temos e, se necessário, confrontá-lo novamente. Mas temos que agir rápido, antes que ele desapareça de vista ou mude de ideia sobre nos ajudar."

Carlos concordou, o cansaço aparente em sua voz. "Temos um longo dia pela frente. Vou tentar dormir um pouco mais antes de começar. Você deveria fazer o mesmo."

Lucas deu uma última olhada no mapa antes de colocar a folha cuidadosamente de volta na caixa. "Sim, você está certo. Amanhã precisamos estar com a cabeça clara."

Os dois se retiraram para seus quartos, mas o sono foi um visitante relutante para Lucas. Ele não conseguia parar de pensar nas implicações do que estavam prestes a descobrir. As peças do quebra-cabeça estavam lentamente se encaixando, mas a imagem que se formava ainda era nebulosa e inquietante.

Na manhã seguinte, o sol mal havia surgido no horizonte quando Lucas e Carlos se encontraram na cozinha. Um café forte borbulhava na cafeteira, enchendo o apartamento com um aroma reconfortante. Carlos estava vestido para um dia de investigação, seu semblante refletindo a seriedade da missão.

"Vamos começar na prefeitura," sugeriu Carlos, enquanto enchia duas xícaras de café. "Eles têm arquivos públicos que podem conter registros antigos sobre a cidade. Se essa Fundação Riverdale for tão importante quanto parece, deve haver algo sobre eles lá."

Lucas concordou, pegando sua xícara. "Depois, podemos ir à biblioteca. Talvez encontremos algum artigo antigo ou livro que mencione algo sobre esse 'Velorio'. Precisamos ser meticulosos e não deixar nenhuma pedra sobre outra."

Após tomarem o café, os dois saíram do apartamento e caminharam até o carro. A cidade de Riverdale ainda estava desperta com os primeiros raios de sol, mas havia algo diferente no ar. Talvez fosse a percepção de que estavam a ponto de revelar segredos enterrados, ou talvez fosse apenas o peso da responsabilidade que sentiam.

A prefeitura era um edifício antigo, com uma arquitetura que lembrava os dias de glória da cidade. Quando chegaram, Lucas e Carlos foram recebidos por um funcionário de meia-idade que os guiou até os arquivos. As prateleiras eram repletas de documentos, caixas e livros que contavam a história de Riverdale.

"Se precisarem de algo, estarei ali," disse o funcionário, antes de se afastar para dar privacidade aos dois.

Lucas e Carlos começaram a vasculhar os registros, focando nos anos em que a foto havia sido tirada, conforme deduziram pela qualidade e estilo das roupas na imagem. Havia menções esparsas à Fundação Riverdale, mas sempre de maneira superficial, como se a organização tivesse operado nas sombras.

Após horas de pesquisa, Lucas encontrou um artigo em um jornal local, datado de várias décadas atrás. A manchete mencionava a inauguração de uma instalação da Fundação Riverdale nas montanhas, próxima a um local que poderia estar relacionado ao mapa.

"Pode ser isso," disse Lucas, mostrando o artigo a Carlos. "A fundação pode ter utilizado esse 'Velorio' como um código para alguma operação ou localização específica."

Carlos examinou o artigo, assentindo. "Se esse lugar ainda existir, precisamos encontrá-lo. Pode ser a chave para entender o que está acontecendo em Riverdale."

O dia estava longe de terminar, mas Lucas e Carlos sabiam que estavam mais próximos de descobrir a verdade. As pistas estavam se alinhando, mas o mistério ainda se mantinha fora de alcance, como um fantasma do passado que se recusava a ser completamente revelado. Eles precisavam continuar, sabendo que, com cada novo passo, a escuridão ao redor de Riverdale se tornava mais ameaçadora. Mas a determinação de salvar Mariana e desvendar os segredos da cidade era o que os movia adiante, prontos para encarar o que viesse a seguir.

Amizade, Amor e Sequestro: Um Triângulo CibernéticoOnde histórias criam vida. Descubra agora