Simples brincadeiras?

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Xôxa, capenga, manca, anêmica, fraca e inconsistente era como eu me sentia nos últimos dias. Não fui para academia, nem iria mais tarde. Decidi faltar em todo o horário de aula que eu teria hoje, segunda à tarde. Tudo porque o cansaço de várias noites mal dormidas finalmente havia chegado, tive que me virar em duas para terminar a maquete do cara sozinha, pelo menos eu fiquei com a pagamento só para mim.

Eu sentia falta do Kai, era um fato. Eu queria dizer para ele que, em nossa amizade, eu sempre fui verdadeira com as minhas palavras. Assim como eu o repreendia por falar da Hyo, também a repreendia por falar dele. Não entendia o motivo de não ter coragem de pegar o meu celular e falar tudo. O processo de abrir seus sentimentos é sempre tão difícil?

Talvez eu devesse aceitar que eu sou uma péssima amiga, tanto para a Hyo quanto para o Kai. Em uma amizade, há sempre uma conexão que é mais forte que a outra? Ou tudo é simplesmente amizade e são niveladas de modo uniforme? Se fosse obrigada a escolher entre Hyo e Kai eu teria essa resposta? Foi com a mente envolvida em todos esses pensamentos que eu cheguei no condomínio. Me surpreendi ao ver que finalmente decidiram pintar o prédio de uma combinação agradável aos meus olhos: vermelho e bege. Qualquer cor era melhor que aquele cinza descascado.

Perto da porta de entrada do apartamento, eu conseguia ouvir conversas e altas risadas de vozes bastantes conhecidas: Beomgyu e Soobin. Um fato curioso, no entanto, nada surpreendente, que descobri há poucos dias é que o Beomgyu vem tanto aqui que os porteiros optaram por parar de avisar a sua subida e só deixavam ele passar. Beomgyu é carismático demais, ele até provoca os porteiros em relação a quem perdeu no último jogo de futebol. Qual time ele torcia mesmo?

— Beomgyu, você não tinha que fazer aquele trabalho? — Ri, escutando tudo através da porta. Essa era a forma gentil do Soobin de expulsar alguém de casa. Ele não conseguia ser indelicado o suficiente para dizer a alguém que devia ir embora. Para ser sincera, era estranho esse comportamento vindo dele; dificilmente ele se incomodava com o horário que os seus amigos ficavam aqui. Era até frequente eles jogarem e conversarem até mais tarde.

No instante que abri a porta, a primeira coisa que notei foi a presença de uma figura desconhecida por mim sentada no sofá. O braço do Soobin estava acomodado de maneira confortável sobre os ombros dela, na típica pose clichê de casal. Não demorei muito para ligar os pauzinhos e perceber a razão da expulsão. Aquela deveria ser a sua suposta namorada e ele queria um tempo sozinho com ela, ele nem fazia questão de esconder o seu rosto confuso enquanto me observava, ele não esperava que eu voltasse para a casa esse horário. Tecnicamente, eu não deveria estar ali.

Quando pisei para dentro de casa, não recebi um "oi" ou um " e aí, como foi a aula? ", e muito menos um "tá tudo bem", o que recebi foi:

— Você não tem aula hoje?...De tarde.

— Estou bem, também Soobin, obrigada por perguntar. — Disse e me direcionei a mulher no sofá. — Oii...

Ela era loira. Loira, alta e com um rosto fofo, com olhos grandes e lábios finos. Era impossível não me lembrar da conversa que tive com Yeonjun três meses atrás. Ele estava certo, Soobin claramente tinha um tipo e era loira.

— Young, essa é Hana, Hana, essa é Young, minha prima, a que te falei. — Ele disse se levantando do sofá e gesticulando a mão de mim para ela.

Foi esquisito cumprimentar a Hana. Porque eu me curvei para abraçá-la no sofá ao mesmo tempo que ela se levantou, por fim, acabamos ficando meio abraçadas, meio em pé. Foi uma posição estranha.

Depois disso, Soobin se sentou com ela ao seu lado. Ele olhou para o Beomgyu, depois pra mim, e voltou a olhar o Beomgyu. Porém, ele não encarava de qualquer forma, ele observava Beomgyu no fundo dos olhos de modo fixo, sem piscar, sem mover um centímetro e desviava para mim o mais rápido que conseguia para, então, repetir a mesma ação. Só fitando, sem escrúpulo algum, até que Beomgyu assente e diz.

Consequências de uma festa - Choi BeomgyuOnde histórias criam vida. Descubra agora