O Canibal de Baltimore

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— É, praticamente tudo, a não ser pela ortografia do elemento, o liga aos casos de dez anos atrás, do canibal de Baltimore. — Doutor Reid comentou olhando as imagens e dados do caso antigo.

— Até o método de rapto se encaixa. Em locais muito pessoais e onde deveriam denotar segurança para as vítimas, como suas casas ou apartamentos! Outras ele as atraiam e ninguém nunca mais as via. — JJ disse.

As fotos que eu analisava agora, eram da única sobrevivente. Ele a deixou viver, mas sem umas das pernas, que ele comeu, assim como a obrigou a fazer o mesmo. Os cortes eram precisos e quase cirúrgicos, pareciam ter sido feitos por um açougueiro profissional ou algum cirurgião.

— Como, Alana Brown tem estado? — Perguntei curiosa.

— Apavorada. — Penélope respondeu do outro lado da telinha do computador, com seu habitual olhar de tristeza.

— E quem não estaria? — Comentou Dave olhando as fotografias.

— Ela voltou a vida normal? Estuda, trabalha, é casada? — Expliquei o que eu queria saber exatamente.

— Ah, bem! Ela trabalha como fotógrafa e é atleta, participou de várias corridas beneficentes ao longo dos anos. Ela não se casou e mora com os pais em um apartamento de um condomínio super seguro em Baltimore, ainda frequenta a terapia e desde que recebeu os bilhetes, a polícia local lhe ofereceu uma espécie de guarda constante. — Garcia explicou paciente.

— Como se recupera de um trauma desses? — Emily perguntou virando lentamente as páginas dos arquivos e fazendo uma nova careta, em cada imagem que via.

— Não se recupera. Alguns traumas podem ser tratados para, que se diminuia o efeito negativo que eles têm em nossas vidas, mas... isso nem sempre significa que a pessoa vai se recuperar da situação. Na verdade, raramente significa isso! — Expliquei, observando agora as cenas dos crimes, em busca de algo que tenha passado despercebido pelo restante das pessoas.

— Que barra! — Prentiss acrescentou arqueando as sobrancelhas.

— Mas, o que me intriga é, por que alguém que sobreviveu a um canibal que, nunca foi pego, continua na mesma cidade onde o rapto aconteceu? — Questiono sem conseguir disfarçar a ruga entre as minhas sobrancelhas.

— Às vezes não queremos fugir dos nossos problemas! — Tentou explicar Derek, ao que contra-argumentei dizendo: — Vítimas de violência doméstica sofrem por anos com traumas. 90% dos casos se mudam de cidade, estado ou até país tentando fugir das lembranças! Uma vítima de assalto pode ser afetada por um trauma mesmo que, ela não sofra nenhum tipo de violência Morgan... imagine alguém que fora obrigado a comer sua própria perna?

Ele concordou com um aceno mínimo.

— Ela nunca se casou e foi a única sobrevivente de um psicopata sádico e canibal, existe algum tipo de conexão entre a vítima e o elemento! Não dá para negar. — Emily acrescentou a conversa, enquanto o silêncio evidenciou as, milhares de dúvidas e questionamentos que surgiram nas mentes de cada um ali.

Hotchner quebrou o silêncio.

— Morgan e Price vão até a casa de Alana Brown, conversem com ela e tentem encontrar algo que seja útil na investigação. Reid e Prentiss, vocês devem falar com as famílias das vítimas de dez anos atrás, talvez algumas delas devam ter recebido algum bilhete também! Rossi e JJ, revirem tudo que a delegacia local tiver sobre o caso do canibal de Baltimore, vamos criar uma linha do tempo dos casos de antigamente e tentar conectar com os bilhetes que a senhora Brown tem recebido. — Especificou Hotchner.

Ainda tínhamos tempo até pousarmos em Baltimore, por isso Reid e eu estávamos jogando xadrez.

— Você tem que usar uma boa estratégia para me colocar em cheque. Precisa pensar a frente das suas jogadas, quais serão as consequências e como suas jogadas irão interferir no meu jogo. — Spencer explicava para mim, que me esforçava um pouco para segurar o riso e fazer minha melhor expressão de confusão e iniciante. Aquela deveria ser a décima ou décima quarta vez que jogávamos xadrez desde que comecei a trabalhar na UAC. Eu fingia não entender muito bem o xadrez e quando via que ele estava "me deixando ganhar" agia com surpresa, como se eu tivesse realmente acreditado que aquilo foi uma boa jogada minha. Mas, o melhor de tudo era a expressão de empolgação no rosto do doutor Reid enquanto tentava me explicar a mesma coisa de diversas maneiras diferentes, a fim de me ensinar um pouco mais sobre o xadrez.

Vermelho Sangue (Spencer Reid)Onde histórias criam vida. Descubra agora