My Heart Will Go On (Reescrita)

Perto, longe, onde quer que você esteja

Olá olá!
Como eu disse no twitter/X, eu estou reescrevendo essa história que publiquei como uma one uns anos atrás, porém não me sentia satisfeita por pensar que faltava alguns elementos do filme que gosto muito. Por isso, peguei para reescrever e tenho uns 5 capítulos prontos.
Espero que gostem. Boa leitura! <33

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Eu estava desesperado. A voz estava embargada e o choro quase me sufocava. Eu não queria me casar com aquele homem. Eu não queria que meu pai, a única presença familiar na minha vida estivesse nesse momento no salão da primeira classe me vendendo para o Yutaka como se eu fosse algum tipo de mercadoria.

Sentei no banco do corredor, olhando pela janela. O navio balançava suavemente, mas eu não conseguia sentir nada além de uma profunda tristeza. Meu pai e Yutaka estavam sentados logo mais à frente, conversando animadamente.

A beleza de Yutaka era inegável. Cabelos castanhos e impecavelmente penteados para trás, sorriso encantador evidenciando covinhas, roupas finas... Um príncipe encantado para muitos. Mas seus olhos, frios e calculistas, me causavam arrepios. Sem contar a diferença de idade. Eu tinha dezoito, ele, quase trinta. A diferença de idade me incomodava, mas meu pai parecia não se importar, pois seus olhos brilhavam a cada vez que Yutaka aparecia.

Nesse momento em específico, eles pareciam tão felizes, tão satisfeitos com o que estava acontecendo em suas vidas. Eu, por outro lado, sentia-me como se o mundo estivesse desabando sobre a minha cabeça.

Não sabia nem como havia parado naquela embarcação. Meu pai e eu sempre tivemos um relacionamento difícil, mas eu nunca imaginei que ele fosse capaz de fazer algo assim. Ele me disse que o casamento era o melhor para mim, que me garantiria uma vida de conforto e segurança. Mas eu não queria conforto e segurança. Eu queria ser feliz, livre para fazer as minhas escolhas.

Encarei minha mão, onde estava o anel de noivado que Yutaka me havia dado. Era um anel de ouro maciço, com um grande diamante azul em destaque. Era lindo, mas eu não conseguia gostar dele. Era um símbolo de tudo o que eu estava perdendo.

A imagem da minha mãe, falecida quando eu era criança, surgiu em minha mente. Lembrava-me de seus olhos castanhos claros, pequenos e brilhantes, que me olhavam com tanto amor. O rosto arredondado, a pele clara e aveludada, os lábios carnudos e o cabelo ruivo, levemente ondulado, eram traços que eu havia herdado dela. A cada vez que me olhava no espelho, via um reflexo dela, uma lembrança viva de um amor que me faltava. A baixa estatura, única característica física que eu havia herdado do meu pai, era um detalhe insignificante diante da imensa saudade que sentia da mulher.

Na minha cabeça, minha mãe era a única pessoa que me entendia, a única pessoa que me amava incondicionalmente. Se ela estivesse aqui, ela me diria para não desistir dos meus sonhos. Aquela doce mulher me diria para lutar pelo que eu queria. Era uma pena as coisas não serem tão fáceis assim como ela diria.

Respirei fundo e me levantei. Eu não podia ficar ali, sentado, assistindo meu pai me vender para ele, para alguém que claramente não tenho qualquer tipo de afeição. Eu tinha que fazer alguma coisa, só não sabia o quê.

Por que a ganância corrompia tanto o ser humano a ponto de passar por cima até da felicidade alheia por conta de status social? Eu me sentia traído e magoado. Eu só queria que tudo isso acabasse.

Não me importava em trabalhar como pessoas normais faziam e muito menos viver uma vida simples, mas meu pai achava que eu estava errado. Inclusive nessa manhã me esbofeteou porque eu disse que ele sim deveria se casar com o Yutaka, por que sim, eles se mereciam.

Eu não queria uma vida de luxo. Eu não queria ser um herdeiro mimado. Eu queria ser livre para viver minha vida do meu jeito. Meu pai nunca me entenderia. Ele nunca aceitaria que eu não queria ser como ele.