Dente-de-leão.

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Tanjiro estava na padaria Kamado, ajudando seus pais, como fazia sempre que podia. O jovem estava no caixa, contando e revisando o dinheiro com atenção. O ambiente tinha o aroma reconfortante de pão recém-assado, misturado ao cheiro adocicado das sobremesas em exposição.

Seu pai, debilitado por uma doença que dificultava sua respiração e movimentos, limitava-se a supervisionar o que podia, enquanto sua mãe estava ocupada cuidando dos irmãos mais novos de Tanjiro. Eram cinco crianças, além de Tanjiro e Nezuko, a segunda mais velha, que sempre tentava ser útil e evitar dar trabalho. Mas Tanjiro, com sua natureza gentil e determinada, sentia-se na obrigação de carregar a maior parte das responsabilidades, apesar das constantes advertências de sua mãe para que ele não se sobrecarregasse. Ainda assim, o ruivo, teimoso como era, insistia em ajudar, mesmo que para isso precisasse sacrificar seu tempo livre.

— Tanjiro! — a voz de sua mãe ecoou da cozinha. — Poderia atender os clientes que estão chegando? Deixe que seu irmão Takeo fique no caixa!

— Certo, mãe! — respondeu prontamente, saindo do caixa. — Pode assumir, Takeo? — perguntou com um sorriso.

— Tá, tá! Mas que saco! — resmungou Takeo, entregando o bloco de notas com um leve ar de desdém. — Anota os pedidos aí.

— Certo. Mas vê se não fica de cara feia — disse Tanjiro, acariciando carinhosamente a cabeça do irmão mais novo. — Tudo bem?

— T-tá bem. — Takeo corou levemente, tentando disfarçar o afeto que sentia pelo irmão mais velho. — Vai logo anotar os pedidos! — empurrou Tanjiro com um leve empurrão.

— Tá bom, fufu. — Tanjiro riu da reação do irmão, achando graça da teimosia do mais novo.

Enquanto Tanjiro se afastava do caixa, Nezuko, com seus longos cabelos descoloridos nas pontas, apareceu com um sorriso radiante.

— Tanjiro! — exclamou com entusiasmo.

— Diga, Nezuko!

— Hoje eu vou sair! Pedi para a mamãe, e ela deixou!

— Oh, pensei que fosse ficar para fechar o caixa hoje, como sempre faz.

— A mãe disse que ela mesma iria fechar, então estou livre! — Nezuko anunciou com alegria, quase saltitando de felicidade.

— Você parece bastante animada, seu aroma está doce hoje. Vai sair com alguém especial? — perguntou Tanjiro, com um tom brincalhão.

— Bem, eu vou sair com a Kanao! — respondeu, incapaz de conter os pulinhos de excitação.

— "Ah, isso explica tudo," pensou Tanjiro com um sorriso afetuoso. Quando se tratava de Kanao, sua namorada, nada segurava Nezuko. O amor que sentia por Kanao era evidente em cada gesto, em cada palavra.

Havia uma vez em que Kanao torceu o pé durante uma partida de vôlei na escola, e mesmo com o pulso torcido ao tentar ajudá-la, Nezuko insistiu em carregar a namorada até a enfermaria, recusando qualquer ajuda. Esse era o tipo de amor que Nezuko nutria por Kanao, mais forte que qualquer dor.

— Espero que se divirtam! — desejou Tanjiro, com sinceridade.

— Não se preocupe, vamos nos divertir muito! — riu Nezuko de forma maliciosa enquanto se dirigia à cozinha.

Tanjiro não entendeu bem o tom de sua resposta, mas não pôde deixar de sentir um leve arrepio.

O movimento na padaria estava bom, nem lotado nem vazio, o que Tanjiro considerava perfeito. Ele começou a anotar os pedidos dos clientes com agilidade, mantendo sempre um sorriso no rosto.

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