※ Capítulo 5 ※

19 4 3
                                    

※━─━────【₪】────━─━※

Satoru fecha a porta, caminhando lentamente em direção a maca vazia no meio da sala. Eu o esperava, escorada na parede enquanto fumava desajeitada um cigarro.

Ele é cuidadoso. Eu o assisto cobrir com um lençol fino o corpo da irmã mais nova de Suguru, que até então eu podia jurar de pés juntos que estava morta.
Pigarreiro, chamando sua atenção a mim. Começo a me aproximar, apagando o cigarro e enfiando a bituca no bolso do meu avental.

Você já sabia que ela estava viva, não é?

Sua expressão sai de "preocupado, mas nem tanto" para profundamente perturbado. Com a mão livre, ele tira sua venda da frente dos olhos, suspirando e massageando a própria testa.

Sabia. — Ele tem um objeto em mãos, mas não posso identificar o que é. Ele aperta aquilo como se fosse a coisa mais importante do mundo. — Se ela realmente estivesse morta, imagino que Suguru teria... você sabe..

— Não sei, Satoru. — Seus olhos, que antes encaravam o chão, encontram os meus. Eu sorrio, uma tentativa besta de me solidarizar e mostrar que, ao contrário do que ele pensa, não estou brava com ele.

Eu nunca estive.
Porque não foi culpa dele.

Eu também estudava com Suguru.
Estava lá quando tudo aconteceu.
Me lembro da expressão de desespero contido que tomava conta de seu rosto todas as vezes que alguém citava o nome de Suguru na conversa. Mas desde que ele o matou, nada além de melancolia tácita transparecia de seus olhos.

Dou a volta na maca, esticando os braços ao redor do corpo do albino. Eu nunca tinha abraçado ele antes, mas senti que ele precisava muito disso.

Não precisa. — Seu corpo diz o contrário. Enquanto pensa em se afastar, seu queixo timidamente se escora no topo de minha cabeça enquanto seus braços rodeiam meu pescoço, devolvendo a demonstração de carinho. Passamos alguns minutos assim, enquanto dou leves tapinhas em suas costas com minha mão.

Apesar de sempre frequentarmos os mesmos lugares, nunca fui muito próxima de Satoru. Na verdade, o único que realmente era próximo a ele era o Suguru. Eles viviam grudados, sempre juntos em missões e no cotidiano comum, enquanto almoçavam, passeavam, conversavam ou apenas coexistiam. O intervalo de tempo entre a suposta morte de Yotsukki e o enlouquecimento de Geto foi muito curto e tudo foi incrivelmente repentino, mas tenho certeza que não foi do nada.

Provavelmente, Suguru já não estava bem a muito tempo, mas Gojo não percebeu.
Depois de tantos anos trabalhando unicamente para ajudar as pessoas, aprendi a saber o que elas querem sem que elas precisem exatamente me falar.

Eu sabia que ele queria me dizer algo, só não estava pronto.

Mas está tudo bem, eu estou aqui para ouvir.

Eu sabia que tudo que ele mais queria eram respostas sobre o que aconteceu com o cara que ele achava conhecer mais do que qualquer um, só não sabia se estava certo sobre isso.

Mas está tudo bem, eu estou aqui pra ajudar.

Eu estou aqui, Satoru. Pode falar.

Ele inspira fundo.

Dois de novembro de 2010...

※━─━────【₪】────━─━※

Oi.
Mil perdões pela demora para voltar. Eu realmente estava completamente sem criatividade, mas vou tentar postar com mais frequência. Perdão pelo capítulo curtinho, ele serve mais como uma introdução do que como um capítulo em si.

Obrigada por esperarem.

Ugy

Ecos de um coração 【₪】 Toge InumakiOnde histórias criam vida. Descubra agora