prólogo

39 3 0
                                    

"there was a time I used to look into my father's eyes. in a happy home, I was a king, I had a golden throne.. those days are gone, now the memory's on the wall."

Para Visenya, era engraçado como as ondas do mar iam e voltavam sempre tão sincronizadas. Um dia ela perguntou para sua irmã mais velha qual era a razão da água realizar esse movimento, mas recebeu como resposta que "apenas os Deuses são capazes de explicar o motivo". No início, ela chegou a olhar carrancuda porém agora já havia entendido que existem coisas que são apenas isso: coisas. Não é necessário, e muito menos saudável, ter uma explicação para tudo. Rindo ao lembrar da dúvida que tinha há anos trás e com uma expressão satisfeita, ela viu o resquício de uma onda bater no seu tornozelo e olhou para os céus. Dois dragões brincavam ali.

Meduxes e Vermax eram tão amigos quanto Visenya e Jacaerys, implicando um com o outro da mesma forma que tia e sobrinho faziam, embora hoje deixariam as traquinagens de lado. Vermax e Jacaerys haviam voado juntos pela primeira vez. Era um dia para se comemorar. Por isso, Visenya olhou para o sobrinho que catava conchas na areia e correu em sua direção, o empurrando e esperando que o jovem tentasse lhe alcançar, mas Jace parecia concentrado.

Ao ver o esforço do sobrinho, Visenya abaixou-se e pegou uma com detalhes brancos e marrons. Ela sorriu radiante e foi até o sobrinho para mostrar que a concha representava a dupla, mas a forte maresia fez o pequeno objeto voar de suas mãos. Com o esplêndido reflexo que possuía, Visenya até tentou capturar a concha novamente porém foi vencida pelo vento. Carrancuda, ela voltou em direção ao sobrinho e parou quando Jacaerys se levantou, entregando logo em seguida uma pulseira com várias conchas entrelaçadas.

Meu pai me ensinou a fazer isso. — O jovem príncipe, com apenas 11 anos na época, disse em Alto Valiriano. — Ele também falou que nós, Velaryons, deveríamos demonstrar afeto através de "ubjetos" marítimos.

Objetos. — Visenya corrigiu, fazendo o sobrinho sorrir.

— Palavras com "O" sempre me tratam como burro. — Jacaerys resmungou, as bochechas rosadas e cheias de sardas reluziam no sol de Pedra do Dragão.

Visenya soltou uma risada cativante antes de aceitar o presente e estender o pulso para o sobrinho. Jacaerys, um pouco nervoso, amarrou o fio com cuidado e testou se estava firme. Quando obteve o resultado que queria, encarou a tia e fez os olhos castanhos encontrarem as órbitas violetas.

— Um dia vi Sor Harwin Strong fazer algo com minha mãe ao se despedir dela. — Jace falou, deixando Visenya confusa. — Posso fazer com você?

A princesa permitiu, fazendo Jacaerys corar.

— Está tudo bem. — Ele avisou, mais para si do que para a tia.

Jacaerys era quatro anos mais novo que Visenya e ainda mais baixo que a tia, porém pareceu não se importar com isso. Um pouco hesitante e com as mãos tremendo, ele se aproximou em silêncio e colocou as mãos na nuca da jovem, ficando nas pontas dos pés para deixar um beijo carinhoso na testa dela. Visenya fechou os olhos de forma inconsciente e apenas os abriu quando sentiu o sobrinho se afastar, sentindo também a água do mar molhar os seus pés descalços. Quando voltou a enxergar, ela viu as grandes bochechas coradas que Jace carregava e riu. Gargalhou, se formos entregar honestidade nessa narração. O jovem príncipe, tão acostumado com a implicância, olhou emburrado e jogou água na tia no mesmo momento que Vermax mergulhou no ar tentando alcançar Meduxes.

Alguns senhores de dragão falam sobre a força do elo entre montador e montaria, cantam sobre Syrax ser próxima de Caraxes tanto como Rhaenyra era próxima de Daemon porque montador divide sentimentos com montaria. Todos sabem disso. Entretanto, poucos já presenciaram uma ligação tão forte como a dos jovens príncipes que corriam um atrás do outro nas areias de Pedra do Dragão. Jacaerys era de Visenya e Visenya era de Jacaerys. Ambos provariam essa afirmação, primeiramente para si, e depois para a corte porque nada é mais forte do que dois corpos feitos de fogo e sangue.

Os mais céticos falariam sobre esse amor ter crescido durante a guerra civil, quase duas décadas a frente, mas quem fosse capaz de enxergar com a perspectiva mais ampla perceberia uma coisa: O relacionamento entre Visenya e Jacaerys surgiu no momento em que Rhaenyra, aos gritos e quase esmagando a mão da irmã mais nova, pariu um bebê robusto e com cabelos castanhos. Um ano depois ele foi confirmado quando Meduxes, ainda do tamanho de um cachorro pequeno, enrolou-se no ovo de dragão que estava embaixo do berço de Jacaerys e rugiu ao ver uma besta pequena lhe olhar com curiosidade ao sair de seu casulo. Jacaerys era de Visenya e Visenya era de Jacaerys. E apenas os deuses são capazes de explicar o motivou.

ENGULFED IN FIRE, jacaerys velaryonOnde histórias criam vida. Descubra agora