ENGULFED IN FIRE, jacaerys velaryon

princesa visenya, a sombria

"and you said I abandoned the ship but I was going down with it."

— Acabei de retornar de Pedra do Dragão. — Relatou Otto Hightower, a Mão do Rei. — Onde encontrei sua irmã e seu tio. Estavam exaltados, se me permite dizer.

Visenya Targaryen, a segunda filha de Viserys I e Aemma Arryn, soltou um pesado suspiro. Ela brincava com um rato que a fazia companhia, ele estava ali desde o dia que fora posta em uma cela das masmorras da Fortaleza Vermelha. Apesar de ser um indicador de sujeira, o bicho era mil vezes mais agradável que o ser humano sentado do outro lado das grades.

— Ela usava a coroa do Rei Jaehaerys, a mesma que o Rei Viserys usou e se auto intitulava Rainha dos Setes Reinos. — Otto continuou, soltando uma fraca risada. — Fato curioso é que todos os vestígios de legitimidade pertencem ao meu neto.

Visenya riu. A boca da princesa estava seca devido a sede exagerada e o estômago roncava, mas ainda existia um senso de humor ali.

— Eu, como a boa pessoa que sou, ofereci perdão real para os atos de traição de ambos e até mesmo entreguei cargos reais para os filhos mais novos do casal, os jovens Aegon e Viserys. — Hightower não fechava a boca, o que fez a Targaryen esfregar a testa. — Para finalizar, trouxe como ideia também um casamento entre Princesa Visenya e Príncipe Aemond.

Visenya, dessa vez, gargalhou. A risada foi tão alta e tão fria que até mesmo os guardas ali perto olharam assustados.

— O fraco rato foi tolo por confiar na serpente.  — Ela finalmente falou, cuspindo as palavras como se fossem o mais puro veneno. — Mas a serpente é ainda mais tola se acredita que está segura. Sempre existirá um gavião no céu e um inverno se aproximando.

— Você é uma sonhadora se espera que Lorde Stark faça algo por você. — A Mão debochou. — Creio eu que até a Muralha seja mais importante.

Visenya manteve-se novamente em silêncio e Otto apenas encarou a Targaryen, informando ao único guarda que ela deveria ficar mais um dia sem comer. Há duas semanas atrás, a Princesa fora retirada de sua cama por Sir Criston Cole e posta em uma das celas sujas que somente os inimigos da Coroa deveriam ficar. Depois de dias no escuro, ela finalmente descobriu que seu pai estava morto e o trono de sua irmã fora usurpado. Apesar do luto ser necessário, Alicent e Otto não o permitiram. Visenya não possuía liberdade para acender a pira de seu pai e muito menos para jogar as suas cinzas em Pedra do Dragão. Ela era, no momento, apenas uma moeda de troca. Anos atrás ela acreditaria que Rhaenyra faria qualquer coisa para lhe salvar, mas agora sabia que a sua única ajuda estava realmente no Norte.

Entretanto, se Cregan Stark estivesse realmente disposto a tirar a Princesa das masmorras, ela não acreditava que seria nesta noite. Por isso, Visenya deitou-se no chão gelado e usou o próprio braço como travesseiro. O rato continuava ali, brincando com algo no chão. Não demorou muito para a Targaryen pegar no sono, sendo acordada horas depois por um barulho na grade. Sonolenta e fadigada devido a fome extrema, ela não reconheceu quem estava do outro lado mas percebeu que a dupla havia jogado algo no piso.

— Foda-se os Hightowers e Vida longa a Rainha. — Disse um dos desconhecidos, cuspindo no guarda logo em seguida. — Com a cortesia do Rei Daemon, do Príncipe Jacaerys e do Lorde Stark de Winterfell.

Visenya olhou confusa e continuou em silêncio enquanto via a dupla subir as escadas com rapidez. O solitário vigia estava deitado no chão, fazendo a princesa se perguntar se ele estava morto ou apenas desacordado. Com uma das mãos, ela pegou o que fora jogado e notou que se tratava de alguns trapos velhos, um lenço para esconder os cabelos, sua adaga e sua machadinha, além da grade estar finalmente aberta. Entretanto, sua espada não estava ali.