Entre sombras e sentimentos

O Confronto

"Bom, o George não é tão valentão assim. Ele até falou que sou legal, ou será que é só porque agi de forma otária como ele?" Antes que meu pensamento terminasse, ouvi alguém gritar: "Ei, mulherzinha, vai aonde, princesa?" Era o George. Ele pegou minha mochila e disse: "Vamos ver o que a princesa tem na bolsa", rindo.

Eu pedi para meu "amigo" me devolver a mochila, mas ele respondeu: "Olha, mano, eu nunca seria amigo de bicha." As palavras dele cortaram como uma faca, e eu senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Mas eu sabia que não podia me deixar abater. Tinha que continuar tentando descobrir onde doía nesse valentão.

George se aproximou, e a tensão no ar era palpável. Ele estava prestes a abrir minha mochila, e eu não sabia o que fazer. O que ele encontraria lá? Meus segredos, meus medos? Eu precisava agir rápido. "George, espera! Você não precisa fazer isso", eu disse, tentando manter a voz firme, apesar do tremor nas minhas mãos.

Ele parou por um momento, e por um breve instante, vi uma sombra de dúvida em seu olhar. "Por que você se importa? Você é só mais uma bicha fraca", ele respondeu, mas sua voz não tinha a mesma confiança de antes. Era como se, por um segundo, ele estivesse se perguntando se realmente era isso que queria ser.

"Talvez eu seja fraco, mas isso não me define", eu disse, sentindo uma onda de coragem. "Você pode me chamar do que quiser, mas eu não vou deixar você me derrubar." O silêncio se instalou entre nós, e eu percebi que havia algo mais profundo em George, algo que ele mesmo não entendia.

Ele soltou a mochila, e eu a peguei de volta, sentindo a adrenalina pulsar nas minhas veias. "Você não sabe nada sobre mim", eu disse, olhando nos olhos dele. "E eu não sou o que você pensa."

George hesitou, e por um momento, o valentão que todos temiam parecia desaparecer, revelando um garoto perdido, assim como eu. O que estava acontecendo? Eu não sabia, mas uma coisa era certa: a batalha entre nós estava longe de acabar.