Entre sombras e sentimentos

Me pego pensando nele

Por que eu falei de romance? Haha, bom, acho melhor me apresentar. Me chamo Severino e talvez eu esteja me descobrindo. Falo de sexualidade, e a verdade é que nunca me interessei por garotas e nem por garotos. Mas, de alguma forma, aquele idiota que conhecemos está despertando algumas coisas dentro de mim. Eu não sei o que é, e não sei se quero saber. O que sei é que tem sido a única coisa que fica presa na minha cabeça.

Às vezes, me pego pensando nele, em como ele ri, em como seus olhos brilham quando fala de algo que gosta. É confuso, muito confuso. Eu quero acabar com essa obsessão, mas ao mesmo tempo, quero saber mais sobre ele. Quero entender o que está acontecendo. É como se uma tempestade estivesse se formando dentro de mim, e eu não consigo encontrar um abrigo seguro.

Ele já deixou bem claro que tem suas opiniões sobre homossexualidade, e isso me machuca. Como alguém pode ser tão rápido em julgar? Ele nem sabe se eu sou gay! E mesmo assim, a homofobia dele é palpável. É como se eu estivesse preso em um labirinto, e cada vez que tento encontrar a saída, me deparo com mais perguntas. Por que ele me afeta tanto? Por que não consigo simplesmente ignorá-lo?

A verdade é que, por mais que eu queira que ele me deixe em paz, uma parte de mim anseia por sua atenção. É um jogo de gato e rato, e eu sou o rato que não sabe se deve correr ou ficar. Às vezes, me pergunto se ele sente algo por mim, mesmo que seja um pouco de curiosidade. Mas, ao mesmo tempo, tenho medo de que ele me veja como um projeto, algo que ele precisa consertar.

Eu só queria que ele visse que, embora a minha amizade forçada seja falsa, eu sou um cara legal para ser amigo. Eu tenho meus próprios interesses, minhas próprias paixões. Mas, quando estou perto dele, tudo isso parece desaparecer. É como se eu estivesse em um palco, e ele fosse o único espectador. E, no fundo, eu quero que ele me veja, não como um amigo, mas como alguém que pode ser mais.

A confusão aumenta quando percebo que, mesmo com toda a homofobia que ele exala, há momentos em que ele parece genuinamente interessado em mim. Às vezes, ele me faz perguntas que me pegam de surpresa, e eu não sei como responder. É como se ele estivesse tentando entender quem eu sou, mas ao mesmo tempo, ele se recusa a aceitar o que isso significa.

Eu quero gritar para ele que não sou uma piada, que não sou um estereótipo. Sou Severino, um cara que está tentando descobrir quem realmente é. E, por mais que eu queira que ele me deixe em paz, não posso negar que a ideia de que ele possa me aceitar me fascina. É um paradoxo, e eu me sinto preso entre dois mundos.

Então, aqui estou eu, lutando contra meus próprios sentimentos, tentando entender o que está acontecendo. É uma batalha interna, e eu não sei se vou conseguir vencer. Mas, de uma coisa eu sei: preciso descobrir a verdade, não apenas sobre ele, mas sobre mim mesmo. E, quem sabe, talvez essa jornada me leve a um lugar onde eu possa finalmente ser livre.