O Grande Plano 💍 - reescrita

Prólogo

Salvatore, Ilha de Lastra, 02 de fevereiro de 2023, 08h45.

~Alex's Pov:

De uns anos pra cá, minha pacata vida em Piemonte, na Itália, foi dando lugar a uma vida cheia de desafios e compromissos. Minha mãe sempre esteve comigo, me deu apoio, boa educação e essas coisas aí. Mas sinceramente, depois de minha avó brotar do absoluto nada jogando no meu colo a bomba de que sou príncipe, muita coisa mudou. Eu, que já tinha certo nível de popularidade, ganhei carrapatos até o término do meu ensino médio e início da faculdade. Não é querendo me gabar, longe disso, mas que merda isso foi!

Descobrir minhas origens foi algo chocante. No caso, redescobrir. Eu não sabia quem eu era até meus doze anos de idade. Nunca tive consciência de mim mesmo até então, e após muitos anos eu descobri de onde vim, quem eu sou e de quem sou filho. Meu pai, que tinha me deixado com minha mãe aos quatro anos de idade, reapareceu. Sua volta pra casa foi levemente difícil de aceitar, já que um filho nunca esquece a dor que o pai causa da mãe. Mas essa volta foi diferente.

Meu pai voltou pra casa dizendo que não queria ser rei se a mulher que amava não fosse sua rainha. E realmente não vai virar rei coisa nenhuma, já que faz dez anos que abdicou do trono para se casar com minha mãe.

Foi então quando eu descobri que eu não era apenas um Marchesi como a minha mãe, mas sim um Lucchesi Venetti Ferrari. Pior: meu nome não é só Alex não. Só meus pais, minha avó e a diretora do colégio sabiam dessa, mas meu nome é Alex Vittorio Gianlucca Matteo Lorenzo Marchesi Venetti Lucchesi Ferrari. Que merda de nome, meu Deus.

E pior: todos eles têm motivo pra estarem aí. Alex é meu nome mesmo, Vittorio é homenagem ao meu avô por parte de mãe, Gianlucca é homenagem ao meu pentavô por parte de pai, rei de Lastra de 1830 até 1890. Matteo é meu tataravô por parte de pai, que reinou de 1890 até 1950. O neto dele, Lorenzo, assumiu o trono e morreu em 1962 num ataque revolucionário, a tiros. Meu avô Fernando Henrique, seu filho, tinha só doze anos quando assumiu o trono.

Lucchesi Venetti Ferrari, esses três sobrenomes, pertencem à chamada "Sagrada Casa Real de Venetti-Ferrari", que reina soberana na Ilha de Lastra desde 923 d.C. São 1.100 anos de história, atravessando todas as eras possíveis: Alta e Baixa Idade Média, a queda de Constantinopla, início da Idade Moderna, os caramba a quatro. Uma família que viu, viveu e ouviu muita coisa.

Eu, sinceramente, não sabia da existência de Lastra até em torno dos meus dez anos, quando comecei a estudar por conta própria a geografia dos lugares de cultura italiana. Somos um reino de tamanho médio, se é que posso dizer isso em termos geográficos. Estamos localizados no Mar Tirreno, próximos à Sicília e Sardenha. Não somos nenhuma província da Itália, mas somos um reino italiano.

Ilha rica em cultura, beleza e recursos. Vim aqui pela primeira vez aos catorze anos, quando minha vó quis me dar a chance de conhecer minha terra natal. Hoje, aos vinte e dois, notei que meu encanto por aqui não morreu. É como se estivesse vendo as montanhas pela primeira vez, de novo. É a vista mais impressionante do mundo, em minha humilde concepção.

Nesse momento, estou dentro do avião real, rumo à minha terra. Lia "O Príncipe", de Maquiavel para passar o tempo. Concluí minha faculdade de Ciências Políticas em Oxford, à distância, enquanto me graduava pela Marinha presencialmente. Foram longos anos até eu me livrar desse monte de coisa pra fazer, mas agora estou aproveitando o tempo.

- Alteza, chegamos – Lorenzzo, meu segurança pessoal, me avisou.

Fecho o livro, descruzo as pernas e olho pela janela. Vejo as montanhas cobertas com neve e sorrio. Amo esse lugar.