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— Eu odeio ela!

Arthur ri baixinho, me puxando pela mão até que eu deite com ele na minha cama.

— Não odeia, não.

— Ela é ridícula! Eu vou, faço a prova no lugar dela, me arrisco... e é assim que ela me trata?!

Mesmo irritada, me permito deitar de conchinha com ele, tentando relaxar enquanto ele acaricia meu cabelo. Ele me segura pela cintura e encaixa o queixo no meu ombro.

— Viviane é uma pessoa complicada, bebê. Talvez seja o jeito dela de te agradecer.

Sacudo a cabeça, espantando Arthur um pouco para longe.

— Não tem graça.

— Eu não tô rindo — ele retruca, me puxando novamente para perto. Dá um beijo demorado na minha bochecha. — Tô do seu lado. Sempre.

Coloco as mãos sobre as dele, que estão na minha barriga.

— Acho bom mesmo.

— Espera as coisas acalmarem um pouco, aí vocês conversam. Você vai ver, ela só se expressou mal.

— Ela disse com todas as letras que não confia em mim o suficiente pra me contar nada! E além de tudo me chamou de tagarela e disse que não tem interesse nenhum na minha vida!

— Ela disse isso com todas as letras? — A voz de Arthur é desconfiada. Ele sabe que às vezes exagero para obter um maior efeito dramático.

— Praticamente — digo mesmo assim. — Quase todas.

Ele ergue a mão para tirar uma mecha de cabelo da frente da minha orelha e então sussurra no meu ouvido:

— Quer fazer alguma coisa hoje pra tirar sua cabeça disso?

— Tipo o quê?

— Tipo sair pra beber.

Ir num barzinho não é meu tipo preferido de rolê, mas confesso que talvez um pouco de álcool seja necessário para aguentar a traição da minha irmã gêmea ingrata.

Viro o rosto para olhá-lo.

— Você vai pagar?

Ele ri.

— Vou fazer tudo que você pedir — garante.

Isso me arranca um sorriso. Eu me viro de frente para ele e o beijo intensamente.

Arthur e eu estamos juntos há quase um ano. Nos conhecemos na biblioteca da faculdade, quando ele pegou a última tomada bem na minha frente, ignorando por completo que eu estava com o carregador do celular já a postos para enfiar. Normalmente, não sou de reclamar — odeio conflitos e, mesmo quando coisas assim acontecem, o máximo que faço é xingar muito no Twitter —, mas aquele dia eu já estava exausta da vida (por alguma razão aleatória que hoje em dia nem lembro mais). Então, irritada, bati o carregador sobre a mesa logo em frente à tomada e bufei.

— Puta que pariu, né?

Ele se virou devagar para me encarar, e eu perdi o fôlego, me esquecendo por um segundo de que era para estar brava.

Arthur é absurdamente bonito. Não só isso, ele tem um charme inegável. Para piorar, eu nunca tive muito costume de conversar com gente por quem me sinto atraída. Parece que todas as palavras fogem, as sílabas se embaralham, e eu acabo sempre fazendo papel de idiota. Tudo isso somado, acho que nunca tive chance nenhuma de escapar de me render por completo naquela primeira conversa com ele.

— Foi mal, minha bateria tá quase morrendo — ele disse.

Limpei a garganta, tentando me recompor. Afinal, não era porque o cara era gato que eu iria deixar ele abusar da minha boa vontade.

Quem é quem?Onde histórias criam vida. Descubra agora