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Quando acordo, talvez algumas horas mais tarde, Viviane está ajoelhada ao meu lado na cama, me observando com olhos de coruja.

Demoro um pouquinho para me situar e, quando as memórias da manhã vêm, ergo o pulso para ver a tatuagem.

O número 2 ainda está ali.

— Pois é — minha irmã diz enquanto eu encaro meu pulso, abismada.

Abaixo o braço e me sento devagar.

— O que tá acontecendo, meu Deus? — Minha voz sai rouca e estranha aos meus ouvidos.

Viviane suspira.

— Enquanto você tava aí dormindo, aprimorei minha lista de possibilidades... — Ela faz uma pausa. — Que eu posso ou não ter tirado de filmes de comédia.

Uma declaração ridícula, mas o que quer que esteja acontecendo é milhões de vezes mais bizarro, então relevo.

— Hum? — encorajo-a a começar.

— Talvez a gente tenha repetido a mesma frase ao mesmo tempo, daí caiu um raio no céu no mesmo instante, então a gente trocou de corpo.

— Qual frase?

— Sei lá! Mas, se for mesmo isso, a gente vai ter que descobrir qual é para podermos trocar de volta.

Eu rio sem humor.

— O que mais você botou na lista?

— Você por acaso usou algum brinco misterioso nas últimas 24 horas?

— Eu não uso brinco.

— Você usou de manhã. Pra fazer a prova no meu lugar.

Franzo a testa.

— Mas não era um brinco misterioso. Era um brinco seu.

Ela morde os lábios e olha para o lado, pensativa.

— É, e você estava usando o par completo... Então acho que não foi isso.

— O que mais poderia ser?

— Alguma de nós fez um pedido a alguma entidade mágica.

— Que entidade mágica? E por que a gente pediria uma coisa dessas?

— Não faço ideia.

Eu me levanto e abro a janela para deixar a luz entrar. Minha dor de cabeça melhorou bastante, mas ainda assim meus olhos doem quando o Sol os agride. Me viro para a minha irmã, atormentada por uma possibilidade.

— Será que foi porque a gente brigou?

Ela assente.

— Pensei nisso. Mas, se todo mundo que brigasse acabasse trocando de corpo, o mundo estaria perdido.

— E a gente já brigou mil vezes antes sem nada ter acontecido — concordo.

— Mas existe a possibilidade de uma bruxa ter ficado infeliz com essa briga específica. Daí ela nos trocou.

Ergo uma sobrancelha.

— Uma bruxa?

Ela encolhe os ombros.

— Ou algo assim.

— E se for uma punição divina por você ter me feito fazer a prova no seu lugar?

Viviane ri, mas parece irritada.

— Claro que não.

— Claro que sim. O karma vem cedo ou tarde. E agora a gente está colhendo o castigo pelo nosso pecado.

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⏰ Última atualização: Sep 18 ⏰

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