Ninguém sabe onde tudo começa, onde os problemas se iniciaram. Existem apenas suposições sobre os porquês e os comos — coisas que ela geralmente ignora. São perguntas que ela prefere não responder enquanto se senta perfeitamente na cadeira de madeira velha e rabisca coisas aleatórias no caderno, onde deveria estar a matéria.
Ela sorri e responde às perguntas que lhe são feitas, como a perfeita bonequinha de ouro que todos esperam encontrar ali: a filha de um conto de fadas, uma princesa.
De um lado, uma garota calada está sentada mais ao fundo. Ela é silenciosa, mas tem a mente barulhenta. A cabeça baixa exibe longos cabelos castanhos tão escuros que podem facilmente ser confundidos com pretos. Suas roupas escuras e o ar meio triste contrastam com os olhos vazios, sem brilho, perdidos na imensidão de pensamentos que atormentariam o mais sereno dos seres. Ela é um monstro. Ou ao menos é o que lhe disseram.
Do outro lado, muito longe dali, uma garota feliz e saltitante fala animadamente. Seus cabelos bagunçados parecem brilhar, e as roupas bonitinhas e multicoloridas lembram muito um arco-íris. Ela ri, brinca, gesticula, divide doces e conta piadas sem graça.
Sempre gentil.
Sempre triste.
As duas faces de uma única moeda.
A princesa feliz e saltitante contrasta com o monstro silencioso e triste.
Mas tudo depende de quem vê, de quem presta atenção nos detalhes.
Duas Faces, Um Destino.
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Textos soltos - Os espinhos da Rosa.
Random"Para todas as rosas que precisaram cultivar espinhos antes mesmo de desabrocharem suas pétalas."