Quando o amor e o ódio se encontram no mesmo lugar, o que se pode fazer sobre isso?
Beatriz, ou Bia, é uma estudante de fisioterapia de 21 anos que se muda para Madrid, na Espanha, para terminar sua faculdade. Bia começa a fazer estágio no CT do Rea...
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Quinta–Madrid
Era só o que faltava, ela tá olhando para o chão e eu que sou o chato, ela não olha por onde anda e a culpa ainda é minha.
— Como você consegue ser tão chata? Não olha por onde anda e ainda fala que a culpa é dos outros — falo parando ao lado dela.
— Aí garoto, me erra, vai caçar alguma coisa para fazer, sei lá, ver seus amiguinhos jogar bola já que você não pode jogar — porra, ela precisa lembrar disso?
Era horrível vir no CT só para fazer fisioterapia, e ficar só vendo os outros treinarem, então eu só fico sentado olhando, já que não posso fazer muita coisa.
Estava andando aqui até que acho um lugar perto do campo onde tenho visão dele todo, eles estão treinando para o jogo da Champions League, contra o Union Berlin, já estava tudo certo, eu iria jogar até essa merda de lesão.
Depois de um tempo, vejo que faltam cinco minutos para a fisioterapia, já estava atrasado, vou chegar atrasado mesmo porque ainda não dominei essa muleta.
Assim que eu chego na área médica, já entro direto para a sala de fisioterapia e lá vejo Beatriz me esperando. Ela estava mexendo no celular e de jaleco, diferente de como eu a vi aquela hora.
— Boa tarde — Digo assim que entro na sala, ela, assim que me vê, murmura um "boa tarde". Vou em direção à maca e tento subir, forçando meu pé no chão, porém falhando.
— Ei, não faz isso — ela diz, vindo até mim — Eu te ajudo, me dá o braço aqui — Ela pega meu braço e me ajuda a subir na maca.
Assim que subo, encosto minhas costas na maca e pego o meu celular, vendo o que havia ali, fico no Instagram.
— Seu amigo estava te procurando — ela fala enquanto tira a bota do meu pé — Ele disse bem assim: "você viu o Rodrygo, uma pessoa que está quase caindo por onde anda" — Ela diz mudando a voz, me fazendo dar uma risada.
— Depois eu falo com ele — digo a ela, que me olha com uma cara feia — O que foi?
— Está muito inchado, olha isso, você tá fazendo muito esforço, Rodrygo, e nem adianta falar "ah, eu só fico em repouso" — ela diz mudando a voz de novo — Quanto mais você ficar forçando, você vai ficar sem jogar.
— Eu sei, você faz questão de lembrar — digo olhando para ela — é simplesmente só costume, na hora que eu vejo, o meu pé já está no chão e eu sentindo dor.
— E você tem as muletas para quê? Enfeite? Que eu saiba, é para andar, né? — ela diz pegando as muletas que estavam escoradas.
— Agora eu estou falando sério, se você quiser voltar a jogar vai ter que usar as muletas para tudo, e não pode fazer esforço nenhum, vai ter que pedir ajuda até para descer uma escada — ela diz enquanto começa a fazer leves movimentos no meu pé, eu acho que vi estrelas.
