Quando o amor e o ódio se encontram no mesmo lugar, o que se pode fazer sobre isso?
Beatriz, ou Bia, é uma estudante de fisioterapia de 21 anos que se muda para Madrid, na Espanha, para terminar sua faculdade. Bia começa a fazer estágio no CT do Rea...
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Domingo-Madrid
Como pode eu ser tão fraca para bebida? Nem bebi tanto e já estou com dor de cabeça. Nunca mais saio de casa para festa! Tenho tantas coisas para fazer e minha cabeça está explodindo.
Estou aqui, deitada na minha cama, sem vontade nenhuma de levantar. A Lua está apagada do meu lado. Juro que só tenho vontade de ficar deitada o dia todo, mas meu quarto está uma verdadeira zona, impossível relaxar aqui.
Assim que levanto, vou direto ao banheiro para jogar água no rosto. Quando me olho no espelho, até me assusto. Como pode, à noite, eu estar tão bonita e agora pareço uma assombração?
A única coisa que passa pela minha cabeça é que preciso comer. Estou morrendo de fome, desde a hora que saí de casa ontem eu não comi nada, só bebi. Saio do banheiro e vou até a cozinha, porque eu preciso comer alguma coisa.
Não estou com cabeça para fazer um café da manhã elaborado, então prefiro preparar um misto, bem mais fácil no momento. Para beber, pego um suco natural de laranja que estava na geladeira. Um ótimo café da manhã.
Enquanto o pão estava na sanduicheira, decido procurar meu celular que está perdido na bagunça da sala. Roupa jogada, sapato, bolsa, um monte de coisa espalhada. Depois de revirar mais algumas coisas no chão, acho meu celular no meio das roupas. Vejo várias mensagens, principalmente da Isabele. Já que não estou fazendo nada, decido ligar para ela, porque aposto que ela também não está ocupada agora.
- Quem é vivo sempre aparece, né, dona Beatriz? Depois que se mudou, nem lembra mais dos amigos - ela fala, já fazendo seu drama de sempre.
- Acho que essa foi uma das semanas mais caóticas da minha vida, trabalhando rodeada de jogador chato - falo, e ela faz uma cara de indignação.
- Você quer trocar? Eu não vejo problema nenhum! Ter uma ótima visão toda semana, maravilhoso, né? - ela responde.
- Garota! Mudando de assunto, quando você vai me visitar? Ontem eu fui a um lugar que acho que você iria adorar. Era uma balada, bem seu estilo - digo, e ela abre a boca, surpresa.
- Pera, pera, pera. Você foi a uma balada? Quem te levou? Quando era comigo, você fazia o maior escândalo para ir - ela diz. - Pelo menos o lugar era bom? Tinha homem bonito?
- Olha, pelo que parece, é o lugar onde os jogadores do Real Madrid vão. Não é à toa que encontrei um ontem - conto para ela. - Fui com a Lua. Ela me arrastou para lá, mas agora eu tenho zero vontade de voltar. Credo, lugar muito cheio.
- Como assim você encontrou jogador do Real Madrid? - ela pergunta, curiosa.
- Eu falei um monte de coisa e você só prestou atenção nisso? Enfim, fui pegar uma bebida e um dos jogadores derramou a bebida na minha roupa. Legal, né? Mais um lugar para eu anotar que nunca mais volto - respondo.
Ficamos conversando por um bom tempo. Ela já está quase de férias da faculdade. Isabele faz nutrição e disse que vai me visitar, mas ainda vai demorar um tempinho. Perdi tanto tempo conversando que até deixei meu pão queimar. Tudo errado!
Depois de preparar outro pão e terminar meu café, decido arrumar a sala e a cozinha. Nem sei como só eu e a Lua conseguimos bagunçar tudo em uma madrugada. Ela comeu alguns biscoitos e eu só bebi água, mas ainda assim a bagunça ficou enorme.
Arrumo a cozinha, lavo a louça, junto os papéis de biscoitos jogados. Que zona! A sala não está muito diferente. A bolsa da Lua, cheia de roupas, está toda espalhada no chão. Vou juntando e guardando tudo, uma peça de cada vez. Odeio bagunça, então prefiro arrumar tudo logo.
Depois de quase uma hora recolhendo roupas e limpando a sala, finalmente termino. A Lua ainda não acordou, essa menina só pode estar hibernando. Fiz barulho pra caramba e nada. Poderia jogar água nela, mas a cama é minha e eu não quero dormir no molhado. Mesmo assim, ela não vai continuar dormindo.
Chego no quarto e vejo que ela ainda está completamente apagada. Abro logo as janelas.
- Lua, não vai dormir mais não, já está na hora de acordar. Parece que está dormindo eternamente - falo, chacoalhando ela.
- Mano, vai dormir e me deixa em paz, eu só quero dormir - ela responde, com a voz arrastada.
- Você quer dormir mais? Não, não, levanta logo! Quero arrumar esse quarto para a gente sair para almoçar. Já está tarde - falo enquanto organizo as maquiagens na minha mesa. - Estou falando sério, vai comer alguma coisa enquanto eu arrumo o resto.
Assim que falo, ela se levanta da cama, reclamando como sempre. Vai em direção à cozinha, e eu continuo arrumando o quarto. Ontem, antes de sair, deixei uma mini bagunça no meu quarto. Agora ele está todo desorganizado, não muito diferente do resto da casa.
Depois de arrumar o quarto e me arrumar também, percebo que estou sentindo falta de uma peça essencial: a jaqueta que o Rodrygo me emprestou. Lembro de ter entrado no carro com ela, mas agora, onde está? Já procurei no quarto, na sala, na cozinha e até no banheiro. Meu Deus, não posso ter perdido essa jaqueta que vale o preço de um rim!
Reviro todos os lugares da casa, mas nada.
- Lua, você sabe onde coloquei a jaqueta que estava comigo ontem? Procurei a casa toda e não faço a mínima ideia de onde está - pergunto, meio desesperada.
- Não sei onde está, não. Você estava com ela quando entrou no carro, mas depois disso já não vi mais onde você colocou - ela responde, tirando os olhos do celular.
- Eu não posso de jeito nenhum ter perdido aquela jaqueta. Aquilo deve custar uma fortuna - falo, andando de um lado para o outro. - Já sei, pode estar no seu carro. Deve estar no seu carro, vai logo se arrumar, para irmos almoçar aí a gente vê se está no seu carro - Falo com Lua
- Você é chata, eu estou com sono - Ela fala se levantando e indo em direção ao banheiro.
