𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃𝐒 ━━ 𝗸𝘂𝗿𝗼𝗼 𝘁.

𝆺𝅥 Melodias do Amor

Os meses passaram em um piscar de olhos, e o clima na escola estava mudando junto com as estações. Kuroo finalmente havia criado coragem para se declarar a garota que gostava, mas infelizmente, ela gentilmente recusou seus sentimentos. Ele lidou com o “pé na bunda” com seu habitual bom humor, mas eu sabia que a rejeição o havia abalado. Me senti com pena dele, enquanto isso, Hina morria de rir ao lado de Phillipe.

Com o final do semestre se aproximando, a escola estava se preparando para um grande evento, uma espécie de festival cultural, onde incluía apresentações de música, teatro e dança. Fui pega de surpresa quando, durante uma das reuniões do comitê, meu nome havia sido sugerido para que eu tocasse piano.

Senti um nó formando-se no meu estômago repentinamente.

As garotas do comitê insistiram, e antes que eu pudesse recusar gentilmente, meu nome já estava na lista de apresentações. Eu saí da reunião com um peso nos ombros, suspirando enquanto me pegava pensativa, sem saber como lidar com essa situação.

Parei em frente ao meu armário, abrindo-o enquanto pegava meus novos livros que iria utilizar nessas últimas aulas, assim que fechei, dei um pequeno pulo ao notar Kuroo encostado em um armário ao lado do meu. Ele tinha uma expressão suave em seu rosto, com seu sorriso de sempre, seus cabelos despenteados e seu uniforme desarrumado.

ㅡ Ei Alyce, ouvi dizer que você vai tocar piano no festival. Isso é incrível!

Forcei um sorriso, lembrando-me do passado.

Eu ainda não conseguia tocar.

Não depois daquilo.

ㅡ Eu não tenho tanta certeza, Kuroo. Faz muito tempo que não toco, e… há muitas lembranças associadas ao piano para mim. ㅡ Murmurei, soltando um suspiro.

Ele me olhou, preocupado.

ㅡ Você é talentosa e corajosa, vai ser uma ótima oportunidade para mostrar a todos seu talento!

ㅡ Não é tão simples assim, Kuroo. ㅡ Suspirei, tentando evitar seu olhar. ㅡ Tocar provavelmente traria de volta todas as memórias dolorosas que eu guardo no piano.

Ele ficou em silêncio por um tempo, absorvendo minhas palavras.

“Talvez, essa seja a chance de transformar essas memórias em algo positivo. Você não precisa tocar por causa de suas memórias ruins ou por causa dele, mas sim pela a música e pelo o que ela representa para você.”

Seus olhos transmitiam sinceridade e preocupação, e algo na forma como ele falou me fez sentir um pouco mais forte. Ele sabia da profundidade da minha dor, mas sua presença e apoio eram extremamente importantes.

ㅡ Eu sei que você consegue, Sunshine. ㅡ Ele disse, aproximando-se enquanto mantinha uma breve distância. ㅡ E estarei lá, na primeira fileira, torcendo por você.

Havia algo na maneira como ele disse aquelas palavras, uma ternura que eu nunca havia percebido antes.

Antes que eu dissesse algo, meus pensamentos foram interrompidos pelo sinal, anunciando que deveríamos ir imediatamente para nossas salas. Virei-me para Kuroo, agradecendo pelo seu apoio, ele sorriu, afastando-se.

Depois da minha conversa com Kuroo, eu estava de volta para casa com a mente agitada. Assim que entrei no meu quarto, fechei a porta atrás de mim e me deixei cair sobre a cama. Frajola, um dos meus gatos, estava dormindo tranquilamente em seu canto habitual, mas ao ouvir o barulho da porta, ele se espreguiçou e veio em minha direção.

ㅡ Oi, pequeno. ㅡ Sussurrei, puxando-o para que ficasse em meu colo. Frajola ronronou baixinho, seus olhos verdes brilhando com uma curiosidade tranquila.

Acariciei seu pelo macio, tentando encontrar um pouco de conforto com sua presença, ㅡ já que Phillipe estava em seu treino de vôlei após a escola ㅡ Kuroo havia me deixado pensativa em como transformar a dor em algo positivo. As palavras dele ecoavam em minha mente, e eu me perguntava se era possível realmente fazer isso. O piano tinha sido um símbolo de amor e perda, um elo constante com meu pai que parecia difícil de superar.

ㅡ Você acha que eu consigo, Frajola? ㅡ Perguntei ao gato que estava em meu colo, que apenas respondeu com um olhar preguiçoso e um novo ronronar. ㅡ Eu sei que o piano foi algo especial entre mim e meu pai, mas talvez Kuroo tenha razão. Talvez eu possa usar para criar algo bonito, algo que honre a memória dele em vez de me prender ao passado.

Frajola levantou a cabeça e esfregou o focinho em meu braço, como se compreendesse. Acariciei ele com mais força, encontrando paz em seu afeto.

A ideia de tocar no festival, apesar de ser assustadora, começou a moldar algo mais visível. Se eu pudesse transformar o nervosismo e a dor em uma apresentação que fosse significativa para mim, talvez isso me ajudasse a seguir em frente. A música sempre teve uma maneira de tocar o coração das pessoas, e talvez eu pudesse usar isso a meu favor.

Talvez tenha uma brecha que eu possa conseguir.

Eu vou conseguir.

· BOA TARDE, AMORES!
Perdoem-me o capítulo tão curtinho, estava completamente sem ideias e com a semana corrida (por conta de uma prova!)

Bem, como foram a semana de vocês? 🤭