Capítulo 6 - Humilhação

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- Epa! Mais cuidado aí!  - Se afastou e pude vê-lo melhor. Cinco dedos mais alto que eu... Até que era bonitinho...

-Foi mal também...

- Tá tranquilo... Parece que hoje não é seu dia de sorte... Quer beber uma?

- Eu nem te conheço.

- É assim que inicia as melhores amizades.   - Sorriu divertido.

- ... Beleza... Eu topo! 

- Então você também tem problemas com o pai..? É um saco né?  - Perguntou. Estávamos na frente de um outdoor, bebendo e vendo a cidade de cima.

- Nem fala...

- Pois é... O meu é um idiota que está trocando o próprio filho por alunos de "caratê".  - O olhei surpresa com a descoberta. Será que tem muitos senseis nessa cidade?

- Bom... Eu só espero não ser aluna do seu pai... Não quero ter que lutar algum dia com você.   - Sorri divertida o fazendo rir fraco.

- Espero que não mesmo.  - Diz um tanto ameaçador e o encarei surpresa -  Tô brincando... Você é diferente dele.

- Ah! Obrigada!  - Me gabei um pouco nos fazendo rir - Mas olha.. Não tem muita diferença do seu pro meu... O meu trocou a minha mãe e eu por karatê... Quis viver uma vida de lobo solitário e se tornou um canalha para nós. 

- Que merda, einh.  - Riu baixo.

- É... Quais são as chances de sermos irmãos separados na maternidade?  - Pergunto divertida o fazendo gargalhar.

- Muitas! Mas eu sou filho único.. Até onde sei.

- Eu também sou filha única. Ou é isso que estão fazendo a gente acreditar?   - Ele riu de novo.

- Você é uma figura!... Mas e você?... Sabe onde o seu tá?  - Me olhou atento e suspirei.

- Não... E nem quero saber... Aquele velho morreu pra mim... E espero que tenha sido atropelado por um caminhão pipa, em seguida ser atacado por ursos e esteja à sete palmos debaixo da terra!  - Robby riu novamente.

- Caraca!.. Ursos? Sério mesmo?

- Vai por mim, aquele ali não morre fácil...  - Reviro os olhos.

- Como sabe? Todos tem seus pontos fra..

- Exército. Matou o próprio líder...

- .. Uau... Que droga.

- É... Mas enfim! E você, tem mãe?

- Tenho... Moro com ela mas.. Sei lá. Vive trazendo um cara diferente, e sempre vem com a mesma história de "é esse que pode nos ajudar" ou "ele é legal".

- Oh... Sinto muito...

- Valeu.. E você?

- Bom... Quando o meu... Pai saiu das nossas vidas, a minha mãe ficou depressiva e começou a ficar bem doente... Tive que parar de lutar porque ela via ele em mim, e vi que isso a machucava... Minha mãe faleceu quando eu tinha quatorze anos.  - Suspirei tomando um pouco do refri -  Fui adotada com quinze anos por uma mulher de revista francesa que queria começar a vida do zero... Assim como eu... E é por isso que eu digo... Que se ele ousar em aparecer... Eu mato ele.  - O olhei séria.

- ... Sinto muito pela sua mãe...  - Suspirou.

- Obrigada...

- ... Mas você tem certeza que conseguiria mat..  - Ele foi interrompido pelo toque do meu celular.

- Pera aí, é ela... Bonjour maman... Droga, esqueci de avisar... Pardon! Eu errei!... Okay, okay, tô indo.  - Desliguei o celular suspirando pesadamente - ... Foi mal... Esqueci de avisar à ela que ia sair.

- Acontece quando você tá prestes a surtar...

- É... Tem toda razão... Bom, vou indo... Boa noite e.. Até algum dia.. “Irmão de maternidade”.   - O castanho riu divertido e apertou a minha mão.

- Até, “irmã”.  - Sorriu divertido e assim saí dali o mais rápido possível, para chegar logo em casa.

Irmãos de maternidade... Que piada.  Sorri divertida na volta pra casa.


Dia seguinte, e lá estava eu chegando no dojo, quando me deparo com diversos alunos já treinando em filas.

- Nossa...   - Sussurro e acabei sorrindo surpresa. Praticamente a escola toda estava aqui... Só espero não ver Kyler e sua trupe idiota.

- Ah, você veio! Demorou, garota. - Lawrence se aproximou  - Tire os sapatos, se alonga, e por se atrasar vai ficar no fim da fila!

- Tá bom, "Sensei"...  - Digo tirando meus All'Stars e entrei mesmo não querendo muito, eu só queria ver até onde isso iria.

Alonguei meus braços e fiquei atrás de um garoto e comecei a treinar o soco jab.

- Ya!  - Ordenou e a cada grito era um soco no ar -  O observo corrigir um garoto para firmar os pés. Ele deve tá adorando isso -  Vai tetudo pode fazer melhor, use seu peso.  - De novo isso não...  - Ei, lábio!   - O Eli.. Ah não Johnny..  - Você mesmo, do lábio esquisito. Eu tô falando com você!

- Dá licença, Sr. Lawrence.   - Parei de treinar ao ouvir Demitri.

- Sensei Lawrence.   - Aisha o corrigiu.

- Tá bom... - Riu caçoando - .. Você não devia zombar da aparência física de alguém.

- Não devo? Então não posso falar do lábio dele?

- Bom.. Não.

- Isso deve ser o que te ensinam na escola. Mas no mundo você não pode esperar que as pessoas façam o que devia fazer. Sacou? Escutou Lábio? Se não aguenta uma zoação, como vai aguentar uma cotovelada na cara?

- Ué.. Chamando a polícia...  - Demitri responde o óbvio.

Ouço Miguel o dar um leve puxão de orelha... Eu concordava com Demitri sobre não zombar... Mas com a sua última resposta, eu achei fofo...

- Esse cara sabe que os nazistas perderam a guerra, não é?  - Voltei a atenção na conversa -  Por que eu devia ter medo dele? Só por que tem uma cobra na parede?!... Ele não é um professor que pode nos punir com uma nota ruim.  - Home run. Concordo, isso me deixou um pouquinho orgulhosa por Demi. - Estamos pagando pra ele. Ele trabalha pra nós! Ele não pode machucar a gente.

Foi quando Johnny abriu passagem no meio dos alunos que se afastavam abrindo caminho.

- Acabou?   - Lawrence perguntou.

- O quê?

- Bate em mim, vamos! Vai, bate. Me acerta bem aqui.  - Apontou pro rosto e a vergonha venho quando Demitri o deu um soco tão fraco e lento, fazendo o loiro segurar sua mão  - Mais forte.  - Demitri deu um soco mais forte, mas foi segurado -  É o seu melhor, princesa?  - E no último golpe, Lawrence o virou com tudo o mandando pro chão.

- Uh...  - Murmuro.

- Acho que aprenderam a lição.  - Apontou pros alunos.

Depois de tal humilhação... Demitri quis desistir.

𝑁𝑜𝑣𝑎 𝐺𝑎𝑟𝑜𝑡𝑎  |  𝐶𝑜𝑏𝑟𝑎 𝐾𝑎𝑖  (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora