PRÓLOGO

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Ayla Caccini──


❛ É curioso sentir admiração por alguém que você ainda não conhece, não é? ❜

Às vezes, me pego refletindo: será que ela inspira outras pessoas também? Recordo-me da primeira vez que a vi; ela estava fazendo sua estreia nas Olimpíadas do Rio 2016

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Às vezes, me pego refletindo: será que ela inspira outras pessoas também? Recordo-me da primeira vez que a vi; ela estava fazendo sua estreia nas Olimpíadas do Rio 2016. Fiquei perplexa por ver alguém tão incrível que nunca havia encontrado antes, mas a sensação de vê-la jogar foi memorável... ela é, sem dúvida, extremamente talentosa.

Com apenas 18 anos, ela foi convocada para competir em uma Olimpíada, enquanto eu, aos 14, estava prestes a concluir o ensino fundamental. Naquela época, eu ansiava por ser como ela, por conquistar o que minha mãe nunca conseguiu realizar.

Minha "paixão" por esse esporte não se deve apenas à minha admiração pela capitã, mas, de fato, vem da minha mãe. Desde pequena, ela sonhava em se tornar uma verdadeira jogadora. Chegou a ingressar em clubes profissionais, mas teve que desistir ao descobrir que estava grávida de mim.

Por diversas vezes, me senti culpada por ter "interferido" no sonho de alguém que amo. Entretanto, em várias ocasiões, ela estava presente para me lembrar que, mesmo não realizando um dos seus sonhos, ela tinha a mim. Como seu sonho, suas aspirações e sua esperança, a expectativa de que eu possa alcançar esse objetivo tanto por ela quanto, principalmente, por mim mesma.

Minha vida passou por uma transformação impressionante nos últimos 12 anos. Entrei no projeto de voleibol da escola, finalizei o ensino fundamental e tentei me ingressar em clubes de base, mas não obtive sucesso. Mesmo assim, não desisti e, com o tempo, consegui entrar no Vakifbank e me formar. Foram tantas experiências em um período tão curto; para quem começou mais tarde, 12 anos é um piscar de olhos.

Hoje, estou no Congliano, o renomado clube italiano. Minha trajetória no Vakifbank não foi tão longa, o que significa que não tive a oportunidade de ter a capitã da seleção como colega de time. Contudo, sou imensamente grata aos meus treinadores e companheiros de equipe. Com o apoio deles, conquistei o título de "águia".

E por que me chamam de águia? Os técnicos do Vakifbank afirmam que tenho uma visão de jogo única, desafiadora. Além disso, isso também reflete a mudança que vivi em mim mesma.

Essa transformação impressionou não apenas minha família, mas também a mim mesma. Alterar minha identidade de quem sou para quem pretendo ser não é uma tarefa fácil. Contudo, não se trata de mudar minha essência, mas sim meus objetivos, para me tornar a inspiração de alguém. Isso, para mim, não tem preço.

No entanto, eu a vi se transformar. Desde os 18 até os 30 anos, acompanhei suas conquistas e desafios: assisti à sua derrota nas Olimpíadas do Rio, soube de sua passagem pelo Vakifbank, onde saiu um pouco antes da minha entrada, vi seu relacionamento se desenvolver, sua convocação, e como ela se tornou uma pessoa ainda mais inspiradora. Agora, testemunho sua entrada no Congliano.

Finalmente, será que vou me tornar colega de equipe dela? Vou reencontrar minha inspiração depois de 12 anos, e desta vez, em um encontro real?

── Alô? Ayla? ── Ouvi a voz rouca da minha mãe, como se ela tivesse acordado na hora da minha ligação.

── Ela entrou para o Congliano, mãe. Gabi Guimarães agora é oficialmente minha colega de time ── respondi, transbordando de alegria, mas também com um certo receio.

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INSPIRATION ── Gabriela GuimarãesOnde histórias criam vida. Descubra agora