Chegada

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O trem-bala estava perto do destino. Os passageiros começaram a fazer movimentos dentro do trem para remover as bagagens e a se preparar para sair. Rin estava sentado ao lado de seu professor, que dormia profundamente ao seu lado. Originalmente, Light não iria para Tokyo, mas devido a atividades demoníacas que apontam para a possível abertura de um portão de Gehenna na região, os planos sofreram mudanças e eles se despediriam na estação.

Rin encostou no ombro de seu professor, balançando um pouco para fazê-lo despertar. Depois de ouvir algumas reclamações sobre o acordar, o garoto finalmente parou de incomodar Light quando ele disse:

— Já acordei, pegue suas coisas.

O jovem obedeceu e ficou em pé no trem para pegar a bagagem que estava acima deles. A sua parte continha apenas uma mochila com algumas mudas de roupa limpa e um pouco de dinheiro proveniente de missões. Ele chegaria em casa em cerca de quarenta minutos. Ele estava ansioso.

Além da mochila, havia uma espada que estava envolta por uma bainha azul. Exorcistas tinham permissão especial para andar com armas brancas e armas de fogo em transporte coletivo. Mesmo assim, algumas pessoas lhe lançaram um olhar estranho. Em sua defesa, ele apenas sussurrou envergonhado:

— Vocês nunca viram uma Elucidator antes? É de edição limitada.

Os olhares curiosos se afastaram um pouco. O que ele menos queria era arrumar problemas no dia em que reencontraria sua família. Era preferível mentir a dar explicações complexas que muitos iriam achar estranho, afirmando que demônios não existem. E ele odiava ter que dar longas explicações.

— Professor, terminei de pegar minhas coisas, já estamos chegando.

— Irei sair um pouco depois dos passageiros comuns, aparentemente tem um demônio de água rank médio no último vagão. Depois disso irei direto para a filial japonesa, nos veremos em breve, Rin.

— Até mais professor.

Com essa despedida, Rin começou a se encaminhar para a saída do trem. Muitos passageiros já haviam saído depois que o trem parou enquanto ele pegava suas coisas. Se direcionando para a saída, ele pensou no tempo que ficou sem ver sua família. Foram muitos anos, e ele preferiria não ter que abrir mão do tempo com sua família para fazer as coisas que tinha que fazer. Mas era um mal necessário, e agora ele estava voltando para casa.

Saindo do trem, ele respirou fundo o ar de Tokyo. Viu alguns alcatrões de carvão se aproximando dele. Era possível ouvir alguns murmúrios vindo dos pequenos grãos de poeira possuídos. Ele decidiu que iria invocar um familiar para repeli-los. Essas pequenas coisas eram umas das poucas coisas com o qual ele não sentia falta de sua cidade natal.

***

Andando para o apartamento de seus pais, ele percebeu que estava andando mais rápido que o normal. Queria chegar lá o mais rápido possível, comer a comida feita carinhosamente por sua mãe, discutir com seu pai sobre demonologia, e poder finalmente passar um tempo com seu irmão.

Rin chegou no prédio em que moravam. Um prédio comum para a classe média, porém um pouco afastado dos centros comerciais da cidade. Ele não teve paciência para chamar o elevador e subir para o apartamento, então subiu os oito andares de escada. Impressionantemente, ele foi mais rápido do que qualquer elevador poderia ir.

Chegando em frente a porta onde costumava morar, ele pode sentir o cheiro de sukiyaki. Sua mãe estava preparando sua comida favorita para o jantar de seu retorno. Ele poderia chorar se não pensasse que seu pai o chamaria de bebê chorão assim como fazia com o Yukio quando era mais novo.

Saindo de seus pensamentos, Rin criou coragem para tocar a campainha e ter a porta aberta imediatamente por seu irmão mais novo. Ambos se encararam por um momento. Yukio encarou Rin, avaliando sua aparência. Eles ficaram um bom tempo se encarando enquanto a estranheza de se reencontrar com o gêmeo depois de anos não passava.

Rin ainda tinha os cabelos preto azulados de alguns anos atrás e eles permaneciam bagunçados. Os olhos ainda tinham um tom azul profundo que mostravam determinação e coragem que foi construído ao longo dos anos. Rin usava brincos de argola prateados que complementam sua aparência desleixada. Porém, Yukio podia ver disciplina e responsabilidade nos olhos de seu irmão que outrora fora completamente alheio a qualquer palavra derivada de "obrigação".

Cansado de esperar um movimento de seu irmão mais novo, Rin avançou um pouco para frente, colocando a mão um pouco em cima de sua testa, fazendo um movimento horizontal. Após esse ato confuso ao olhar de Yukio, o mais velho finalmente quebrou o silêncio:

— Droga, sou mais baixo por alguns milímetros.

— É bom te ver de novo, Rin.

— É bom te ver de novo, Yukio.

E sem demorar muito, ambos se encontraram em um abraço apertado, apertado demais na visão de Yukio. Sentindo o calor um do outro, algo que não sentiam a muito tempo. Era reconfortante encontrar sua família novamente depois de anos sem vê-la.

Passados alguns segundos abraçados, os gêmeos escutam uma voz de dentro do apartamento, juntamente com um cheiro de sukiyaki mais forte comparado com o que já estavam sentindo.

— Não queria acabar com o reencontro dos gêmeos, mas tem comida na mesa e mais família para cumprimentar.

Rin olhou para sua mãe que tinha acabado de colocar a mesa para quatro pessoas. Ela sorria para eles dizendo para entrarem e jantarem em família.

O pai dos gêmeos estava sentado à mesa segurando um jornal. Com o anúncio de Yuri, Rinka finalmente olhou para seu filho mais velho, que imediatamente percebeu o olhar do pai.

Os poucos segundos que eles ficaram se encarando pareceram horas. Rin olhava no fundo dos olhos de seu pai, tão azuis quanto os dele. Ambos eram muito parecidos em aparência, mas o cabelo do homem era um pouco mais longo e preso em um pequeno rabo de cavalo, além de uma barba rala que precisava ser feita. Quem os visse na rua definitivamente diria que eram pai e filho.

Rin finalmente conseguiu quebrar o contato visual. Ele estava um pouco agitado devido ao encontro de olhares. Yukio os encarou por um segundo, percebendo a situação.

— Vocês vão continuar com esse jogo infantil até quando?

Rinka soltou uma risada, antes de se levantar para dar um breve abraço em seu filho que havia acabado de voltar para casa.

— Por quê? Rin está ficando bom nisso.

O gêmeo mais velho encarou seu pai, que agora não tinha uma diferença de altura que costumava ter quando eram crianças, com um sorriso de canto vitorioso, disse:

— Ou é você que está ficando velho, pai.

O reiOnde histórias criam vida. Descubra agora