Faltava pouco menos de vinte minutos para meia-noite quando Rin despertou pela primeira vez.
Eles haviam feito um grande jantar para comemorar o retorno do gêmeo mais velho. A comida favorita dele, juntamente com conversas na mesa que ele sentiu falta no tempo em que passou fora de casa o fizeram sentir reconfortado com a sua volta.
— Realmente, não era um sonho.
Ele se levantou de sua cama e foi verificar o relógio de cabeceira, que marcava onze horas e quarenta e três minutos. Ele deu uma virada de olho e colocou o rosto no travesseiro. Ainda era muito cedo para levantar.
Ficou naquela posição o que julgou ser cinco minutos, antes de começar a mudar a forma em que estava deitado diversas vezes. Colocou o cobertor para longe, cobriu apenas suas pernas, se cobriu completamente, nenhuma dessas posições favoreceu o retorno da sensação de que estava prestes a adormecer novamente.
Depois de desistir de pegar no sono, ele olhou para o relógio de novo.
Meia-noite e sete.
Ele esfregou os olhos para aumentar a nitidez de sua visão e verificou o relógio mais uma vez na esperança de ter visto o horário errado.
Meia-noite e sete.
Rin chegou à conclusão de que não conseguiria dormir novamente, e se levantou, olhando para o quarto escuro. Era um quarto grande o suficiente para acomodar duas pessoas. Ele viu Yukio deitado na cama do outro lado do cômodo dormindo com uma respiração calma e contínua, desejando estar na mesma situação que seu gêmeo agora.
Alguns itens da viagem ainda não haviam chegado, então sua parte do quarto estava um pouco vazia. Mas a parte de Yukio continha itens interessantes para o mais velho. Alguns mangás que ele reconhecia o título, livros de álgebra e algumas fotografias antigas que mostram os dois irmãos, ainda crianças, se divertindo em um parque com seu padrinho.
Mas o que mais chamou a atenção de Rin foi um livro aberto em cima da escrivaninha de seu irmão, que ele, ao virar para a capa, descobriu ser "O Príncipe" de Nicolau Maquiavel. Decidiu se aproximar e ler a parte destacada do livro aberto.
"Deveis saber, então, que existem dois modos de combater: um com as leis, o outro com a força. O primeiro é próprio do homem, o segundo, dos animais; mas, como o primeiro modo muitas vezes não é suficiente, convém recorrer ao segundo. Portanto, a um príncipe torna-se necessário saber bem empregar o animal e o homem."
— Interessado em Maquiavel, Rin?
O gêmeo mais velho deu um pulo para o lado, entrando em posição de combate com a guarda alta de forma defensiva. Ele encarou Yukio por alguns segundos, respirando de forma pesada. O mais novo, por outro lado, acendeu uma pequena luz de leitura que fica ao lado de sua cama e colocou seus óculos esfregando os olhos.
— O que é isso, Rin?
— Desculpa, Light costumava me pegar desprevenido enquanto estava dormindo, dizendo que era preciso ter total atenção aos arredores o tempo inteiro.
Com isso, Rin baixou sua guarda e olhou um pouco envergonhado para seu irmão. Yukio respondeu com uma risada baixa antes de dizer:
— Acho que você se tornou alguém mais prevenido agora, não é?
— Fui obrigado a ser.
— Mas voltando ao assunto, se interessou no "Príncipe"?
— Eu já li esse livro uma vez, quando estávamos na Itália treinando esgrima com Shura. O professor me obrigou a ler alguns livros dizendo que eram importantes para a compreensão de como o sistema político atual funciona. Eu achei interessante, mas não consegui pensar em uma situação em que combater com a força fosse necessário.
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O rei
FanfictionSatan se arrependeu de seus pecados, e decidiu viver uma vida de humano com Yuri. Juntos, tiveram Rin e Yukio. Porém, Gehenna não poderia ser deixada sem um Rei. Com o surgimento do Segundo Rei Demônio, as políticas exorcistas mudaram significativam...