Capítulo 9 - Reunião pt 2

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Em meio à rua escura e quase deserta, estava um fliperama abandonado. Suas paredes, outrora coloridas, agora estavam cobertas por rachaduras profundas, como cicatrizes de um tempo longínquo. Musgo denso se espalhava pelas extremidades, subindo pelas paredes como mãos sombrias que lentamente tomavam o que restava da estrutura. As janelas, quebradas e cobertas por camadas de poeira, refletiam fragmentos distorcidos da luz fraca dos postes, enquanto o letreiro neon, outrora vibrante, agora pendia sem vida, com as letras faltantes e os fios expostos como nervos à flor da pele. Para completar o cenário grotesco, a figura de um anjo negro, sem cabeça, estava pintada com traços amadores do lado de fora, seus braços estendidos como se abraçasse o vazio. A imagem era perturbadora, como se algo maligno espreitasse dentro do lugar. O cheiro de ferrugem e umidade pairava no ar, tornando o ambiente ainda mais sufocante. Repugnante, qualquer um diria, mas para aqueles que conheciam a história daquele lugar, o medo ia muito além de sua aparência.

Porém, isso não estava assustando Hinato. Ele não era como qualquer outra pessoa que se encolheria diante de um lugar tão decadente. Não, o que havia ali dentro tinha mais motivos para temê-lo do que o contrário.

Pouco tempo havia se passado desde que ele se despediu de você, uma despedida rápida e sem hesitar, ele correu até o endereço que havia sido enviado para ele. Agora, parado em frente ao velho fliperama, o lugar parecia gritar perigo, mas para Hinato, aquilo era apenas um obstáculo passageiro.

Com um suspiro pesado, Hinato caminhou calmamente até a entrada. O lugar já parecia repulsivo à primeira vista, mas, conforme se aproximava, o cheiro de cigarro velho misturado com bebida barata tomou conta do ar, invadindo suas narinas como uma onda de podridão. Ele apertou os lábios, o estômago revirando. Era um dos odores que ele mais odiava — o tipo de cheiro que o lembrava de noites sem fim em locais sujos, decadentes. Ainda assim, ignorando o nojo que se formava em sua garganta, ele continuou a andar, determinado a concluir o que tinha que fazer.

O ambiente estava completamente deserto, como se o lugar tivesse sido abandonado há muito tempo. As paredes eram cobertas de pichações e sujeira acumulada, enquanto o chão, cheio de lascas de madeira e garrafas quebradas, era tão desolado quanto a fachada. Cada passo de Hinato ecoava, um som solitário no meio do vazio.

Ele parou abruptamente quando seus olhos focaram no centro da sala. Ali, deitado de lado em uma cadeira velha, um sujeito observava tudo com desdém, seu corpo largado de forma desleixada. A cadeira ficava em um ponto elevado, claramente estrategicamente posicionado para dar uma sensação de superioridade e controle. A luz fraca que escapava de um abajur quebrado iluminava de forma desigual o rosto do homem, destacando suas feições marcadas e o sorriso insidioso que começava a se formar.

Hinato, impaciente para acabar com aquilo, limpou a garganta com uma tosse seca, o som ressoando pelo espaço vazio. O sujeito se mexeu lentamente, endireitando-se na cadeira com uma expressão fria, o olhar vazio e hostil fixo em Hinato. O silêncio momentâneo fez o ambiente parecer ainda mais sufocante.

"Oh, o que temos aqui? Perdido, amigo?" disse o cara com um tom zombeteiro, os lábios se curvando em um sorriso malicioso, semelhante ao sorriso traiçoeiro do gato de Alice. O brilho em seus olhos era de pura provocação.

Hinato, no entanto, não se abalou. Ele bufou, mantendo seu olhar firme e inexpressivo.

"Me pediram para vir aqui," respondeu calmamente, sua voz baixa, mas cheia de propósito.

"Ahh, então você deve ser o amigo de infância daquele cara... Bem que ele disse que seu rosto dá uma vontade imensa de socar," o sujeito riu, inclinando-se para frente, os braços pesados caindo em sua frente. As mangas da jaqueta surrada deslizaram, revelando as tatuagens grossas e irregulares que cobriam suas mãos e antebraços. Marcas que pareciam contar histórias de violência e caos.

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