Capítulo 11 - Baile de merda

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"Enlouqueço, porque não é aqui que quero estar
E a satisfação parece uma lembrança distante
Não consigo me conter,
Só quero ouvir ela dizendo 'Você é meu?'
Bem, você é minha?" — R U Mine? de Arctic Monkeys

Gabe

Era intervalo, e eu estava encostado na parede do ginásio, tentando ignorar a agitação ao meu redor. O baile estava chegando e a escola parecia uma montanha-russa de preparação e ansiedade. Todos estavam correndo de um lado para o outro, discutindo planos e escolhas de última hora. Mas eu não me importava com nada disso, não até que vi Miles se aproximar de Abby.

Eles estavam no meio do estacionamento, perto da entrada. Miles parecia nervoso, o que era raro para ele. Ele puxou algo do bolso – um pequeno buquê de flores brancas, um pouco amassadas, como se tivesse sido um pensamento de última hora. Abby estava sorrindo, aquele sorriso tímido que sempre me deixava maluco. Miles entregou as flores a ela, e eu soube exatamente o que estava acontecendo, mesmo a uma distância.

O jeito como ele se movia, o olhar em seus olhos – ele estava pedindo para levá-la ao baile.

Eu estava ali, encostado, meus olhos fixos na cena. O que eu via era um mix de ciúmes e frustração. Por anos, eu havia mantido distância, tentando ignorar o desejo que crescia em mim. Mas ver Miles ali, com aquele buquê simples e o olhar esperançoso, fez meu sangue ferver.

Porra, eu me esforço para não deixar que ninguém se aproxime dela, e agora isso? Sentia uma raiva crescente, um descontrole que eu não sabia como lidar. Eu não queria ser o tipo de cara que se mete onde não é chamado, mas a visão de Abby aceitando o convite de Miles era como um soco no estômago.

E então, ela acenou com a cabeça. Aceitou.

Eu havia passado o mês inteiro impedindo qualquer maldito idiota de chamá-la ou se aproximar. E agora, ver Miles ali, com aquele buquê e o sorriso satisfeito, fazia minha raiva crescer de forma incontrolável.

Senti algo quente e pesado se formando no meu peito, uma fúria que quase me sufocava. A visão dos dois ali, tão próximos e sorridentes, como se fosse a coisa mais natural do mundo, fez meu sangue ferver. Eles estavam se esquecendo de algo crucial. Abby era minha.

A sensação de possessividade era quase física. Cada músculo do meu corpo parecia tenso, a necessidade de intervir quase insuportável. Eles estavam começando a cruzar uma linha que eu havia feito questão de proteger.

Eu me afastei da parede e caminhei em direção a eles, cada passo ecoando na minha mente como um golpe de martelo. Eles nem me notaram até eu estar bem perto, minha sombra se projetando sobre eles.

— Miles. — Chamei, minha voz baixa, mas carregada de uma ameaça implícita. Ele se virou para me olhar, e eu quase ri da surpresa estampada em seu rosto.

— Gabe... — Ele começou, mas eu o interrompi com um gesto de mão.

— Você pode esquecer isso. — Eu disse, o frio na minha voz quase palpável. — Abby vai comigo ao baile.

A expressão de Miles mudou instantaneamente de surpresa para confusão, e ele tentou abrir a boca novamente, mas eu não lhe dei chance. Meus olhos se fixaram em Abby, buscando alguma resposta nela.

— Gabe, eu... — Abby começou, mas a tensão no ar era palpável.

— Não há discussão. — Eu afirmei, olhando diretamente para ela, minha voz carregada com uma determinação que não deixava espaço para dúvidas. — Se você for ao baile, será comigo.

Abby hesitou, os olhos vacilando entre mim e Miles. O desconforto na expressão dela era evidente, e eu podia ver o conflito interno passando por sua mente. Miles parecia estar lutando para encontrar palavras, mas eu não estava interessado em ouvir o que ele tinha a dizer.

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