As férias de verão

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Naquela noite, ao deitar-me, o peso dos dias passou por mim como uma brisa suave. Estava cansada, mas a ansiedade habitual parecia ter-se dissipado, e o sono chegou rápido.

No dia seguinte eu e a minha amiga Cíntia finalmente íamos para nossa tão sonhada férias de verão em Cabo Verde.

O calor agradável do sol acariciava a minha pele enquanto caminhava ao lado da Cíntia, a minha amiga inseparável. Estávamos em Cabo Verde, um lugar que sempre quis visitar, mas que na realidade, nunca tinha tido a oportunidade. A excitação pela aventura era palpável, e a presença da Cíntia fazia-me sentir segura, como se estivesse exatamente onde deveria estar.

— Isto é lindo, não achas? — comentou a Cíntia, enquanto os seus olhos brilhavam ao contemplar a paisagem à nossa frente.

— É... mais do que alguma vez imaginei — respondi, sentindo uma paz interior que há muito não experimentava.

À nossa frente, uma praia deslumbrante estendia-se até onde a vista alcançava. A areia branca contrastava com o azul cristalino do mar, e o som das ondas a rebentar na costa era como música para os meus ouvidos. A praia estava pontilhada de pessoas, mas não de uma forma que perturbasse a serenidade do lugar. Pelo contrário, todos pareciam em perfeita sintonia com o ambiente.

— Vamos sentar-nos ali — sugeriu a Cíntia, apontando para um grupo de pessoas que se reunia em círculo, a ouvir música que saía de uma coluna portátil. A melodia era suave, quase hipnótica, e parecia chamar-nos.

Sentámo-nos perto deles, num espaço de areia ainda quente do sol do meio-dia. A música embalava-nos, e eu, sentindo-me completamente à vontade, comecei a cantarolar baixinho. Cantar sempre fora uma espécie de escape para mim, uma forma de expressar o que sentia quando as palavras não eram suficientes.

Mas, enquanto estava ali, perdida na melodia e na tranquilidade do momento, algo aconteceu que quebrou a minha paz. Ao virar-me, para dizer algo à Cíntia, reparei que, do meu lado, estava sentada a Mila. O choque fez-me engasgar por um momento. Ela não estava ali antes... Como é que apareceu tão de repente? A Mila e eu não éramos propriamente próximas, e a sua presença ali, tão casual e fora do lugar, deixou-me desconfortável.

Ela olhou para mim, com aquele seu sorriso enigmático, mas não disse nada. Eu, decidida a não deixar que a sua presença me incomodasse, continuei a cantar, agora um pouco mais alto, como se quisesse mostrar a mim mesma que nada nem ninguém poderia abalar aquela paz que sentia. Mas a verdade era outra. Algo dentro de mim começou a agitar-se, uma mistura de antecipação e receio, e sabia bem o porquê.

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