O Cruzeiro

2 0 0
                                    

O sol já estava alto quando acordei na manhã seguinte, a luz filtrando-se pelas cortinas do quarto. Ainda estava a processar tudo o que tinha acontecido na noite anterior, o sentimento de proximidade que tinha partilhado com o Dylan. Enquanto me levantava da cama, uma mistura de euforia e incerteza corria pelo meu corpo. Não conseguia deixar de pensar nele, em como a nossa relação mudara num piscar de olhos.

Depois de me vestir, encontrei a Cíntia já acordada, com o mesmo entusiasmo no rosto que tinha desde que chegámos ao cruzeiro. Ela sugeriu que voltássemos aos escorregas aquáticos para começar o dia com diversão, e eu, tentando recuperar a leveza da viagem, concordei prontamente.

enquanto caminhávamos pelos corredores do navio, o som dos nossos passos ecoando suavemente nas paredes de metal.

Mas, ao chegar aos escorregas, demos de caras com um aviso de manutenção. O equipamento estava temporariamente fora de serviço, e a nossa empolgação foi substituída por uma ligeira frustração.

— Que chatice! — exclamou Cíntia, cruzando os braços com um ar desapontado. — Bem, parece que vamos ter de encontrar outra coisa para fazer.

— Pode ser que a manutenção acabe rápido — respondi, tentando manter o ânimo. — Vamos almoçar enquanto esperamos?

Ela concordou, e juntas dirigimo-nos ao restaurante do cruzeiro. Enquanto caminhávamos, a minha mente voltava sempre à noite anterior. Perguntava-me o que o Dylan estaria a pensar, se ele também estava a rever cada momento na sua cabeça, tal como eu. Quando finalmente nos sentámos para almoçar, tentei concentrar-me na conversa com a Cíntia, mas uma parte de mim estava distante.

"Gostei do que fizeste com o meu menino"

"Finalmente o Dylan cresceu, hein?"

As mensagens deixaram-me ainda mais confusa. O que o Kevin sabia? Será que o Dylan tinha falado com ele sobre o que aconteceu? A minha mente começou a correr em várias direções, tentando juntar as peças.

— O que se passa? — perguntou a Cíntia, notando a minha expressão preocupada.

— Nada, só o Kevin a ser o Kevin— respondi, forçando um sorriso. Não queria entrar em detalhes, especialmente porque ainda não sabia como lidar com tudo aquilo.

Terminámos o almoço em relativo silêncio, e ao voltarmos para os nossos quartos, o corredor estava surpreendentemente movimentado. Várias pessoas passavam por ali, e foi então que avistámos o Kevin, mais adiante. Ele estava abraçado à Kirara, outra conhecida nossa, e o seu olhar encontrou o meu com um brilho malicioso.

— Parece que há mais segredos por aqui do que pensávamos — murmurou a Cíntia ao meu lado, com um sorriso divertido, enquanto observava a interação entre o Kevin e a Kirara.

Tentei ignorar a sensação estranha que se instalava no meu peito. Cada passo que dava em direção ao meu quarto parecia mais pesado, como se algo estivesse a mudar entre nós todos, mas não sabia ao certo o quê. Ao chegar à porta, respirei fundo antes de entrar. Sabia que o Dylan estaria lá, e não fazia ideia de como a nossa conversa iria correr após a noite anterior.

Assim que entrei no quarto, os nossos olhares cruzaram-se, e percebi que ele também sentia a tensão no ar. Mas havia algo mais nos seus olhos, uma determinação que não estava ali antes. Senti o meu coração acelerar, sabendo que, mais uma vez, as palavras que partilhássemos agora poderiam mudar tudo.

As Férias de verão Onde histórias criam vida. Descubra agora