Capítulo II

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Megan se levanta antes mesmo do relógio despertar, ela passou a noite inteira em claro tentando controlar seu choro. Ela para em frente ao espelho do banheiro e encara os olhos inchados e vermelhos, ela passa água fria por todo o rosto na intensão de amenizar o inchaço que contornava seus olhos.

A cozinha ainda está da mesma maneira que ela deixou na noite anterior, ela coloca o pó de café na cafeteira, e dois sachês de chá em uma xícara verde. Ela fica parada em frente ao fogão encarando a chaleira enquanto seus dedos ansiosas enrolam as pontas do seu cabelo.

O cheiro de shampoo invade o ambiente antes mesmo dela ouvir Tom entrar.

— Bom dia. — Ele fala baixo.

— Bom dia. — Ela responde ainda encarando a chaleira.

— Ontem... é... me desculpa, demorou um pouco mais do que eu tinha planejado, e o vocalista da banda ficou feliz com o resultado e quis pagar uma rodada de bebida...

A chaleira apita e ela desliga o fogo. A água quente faz o sachê de chá flutuar e em poucos segundos o líquido começa a ficar escuro.

— Eu deveria ter avisado...

Ela continua encarando a xícara enquanto ele falava e apenas balança a cabeça concordando.

— Megan, eu to falando com você.

Ele respira fundo e pega a xícara quando se vira para encara-lo.

— Você vem jantar hoje em casa? — Ela sobe os olhos até encontrar os dele e rapidamente ele desvia o olhar.

— Sim. Venho. — Ele se aproxima. — Venho sim.

Ela toma um gole do chá e a cafeteira apita.

— Promete?

Ele segura a mão dela, dando beijos até chegar em seu punho. Ela abre a mão e ele passa o rosto como se fosse um gato, que as vezes é arisco e as vezes pede carinho.

— Prometo.

* * *

Megan trabalhava na administração de uma ação social que ajudava crianças e adolescentes que foram vítimas de algum tipo de abuso e fugiram de casa, e de crianças que foram abandonadas.

Ela passava a maior parte do dia ajudando as assistentes sociais a procurar lares adotivos, voluntários em qualquer área e doações.

— Hoje vamos receber visita dos fuzileiros. — Margô, uma das assistentes sociais fala enquanto organizava uma pilha de papéis.

— Fuzileiros? — Megan abaixa uma das fichas das garotas que tinha acabado de dar entrada.

— Sim. — Margô sorri. — Lindos e gostosos fuzileiros, com planos de saúde incríveis e uma bundinha melhor ainda. Uma pena você já ser casada, Megan.

Megan sorri e joga uma pasta vazia no colo da Margô. — Eles estão vindo para serem voluntários, não ficar recebendo elogios das suas bundas malhadas.

— Não pode ser os dois?

— Você consegue ser pior que a Ashley. — Megan nega com a cabeça rindo e encara a porta que abre, outra assistente social avisa que os fuzileiros chegaram e as duas saem da sala.

Parecia um desfile de músculo, tinha em torno de uns sete homens com os cabelos cortados e rindo enquanto falavam com as crianças pequenas. Megan fica observando enquanto um deles pega um livro e começa a ler no meio de um círculo de garotinhas, ele mudava a voz conforme mudava os personagens e arrancava risadas das crianças e suspiro das mulheres.

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