Capítulo I

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Era uma manhã quente, a estação estava naquela transição entre primavera e verão, o sol entrava cedo pela janela já que tanto Tom, quanto Megan esqueceram mais uma vez de fechar a cortina quando foram se deitar.

Já tinha passado quatro meses desde que ele tinha voltado para a casa, mas os costumes da prisão ainda estavam impregnados na sua pele. Ele acordava com o clarear do dia, fechava a cortina e descia.

Tudo ainda estava muito recente para ele, voltar a rotina na produtora, o desbloqueio das suas contas bancárias, a gravidez de Megan e o pavor que ele sentia na prisão. Por diversas vezes ele foi ameaçado por conta do seu crime, porque foi contado de forma errada lá dentro.

Na tentativa de tirar o turbilhão de pensamento em sua mente Tom pega uma tigela, quebra ovos, coloca leite, farinha, fermento e açúcar, ele bate tudo na mesma velocidade que as lembranças passam em flash diante de seus olhos.

As grades da prisão.
Ficar longe da Megan.
Descobrir a gravidez.
Ainda não ter voltado a produtora.

Tudo isso se repetia em sua mente, deixava seus pensamentos acelerados e parecia que o seu corpo acompanhava o ritmo insano que ele estava.

— Você vai arrancar sangue da massa de panqueca desse jeito. — Tom suspira ao ouvir a voz de Megan atrás de si.

Seu cérebro então se desliga e ele finalmente percebe o que estava fazendo. Era como se estivesse espancando a massa de panqueca na intensão de jogar nela todo o peso em suas costas.

— Bom dia. — Ele larga a tigela e o fuê na bancada e se vira deixando um beijo nos cabelos cor de cobre da garota, depois desce deixando em sua bochecha enquanto as suas mãos acariciam a pequena curva que a sua barriga já tinha.

— Não gosto de acordar e não te ver do meu lado. — Ela cruza os braços em frente aos seus seios e o encara seriamente.

— Me desculpa. — Ele beija a ponta do nariz dela, a fazendo sorrir. — Foi culpa da insônia...

— Insônia... — Ela fala junto dele e suspira. — Você mal tá dormindo, Tom. Você quer conversar? — Os dedos dela puxam a barra da camiseta que ele usava e ele sorri colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.

— Não precisa. Eu to bem. — Ele seguro os dois ombros dela e a encara. — É sério.

A garota engole seco e o encara por alguns segundos, como se buscasse qualquer sinal de um pedido de ajuda em seu rosto. Como se esperasse que ele mudasse de ideia e contasse o que está acontecendo, até que ela desiste. Igual todas as manhãs.

Era como se uma parede estivesse se erguendo entre eles e Megan todos os dias tentasse tirar tijolo por tijolo.

Só que no dia seguinte, essa parede estava mais alta.

— Hoje vamos ter panquecas? — Ela sorri e encara a tigela atrás de Tom. — O bebê gosta de panquecas, né bebê? — Ela cutuca a barriga e Tom sorri.

— O bebê quer panquecas com que?

A garota caminha até a mesa e se senta enquanto pensa. — Chocolate e morangos.

— Ok, panquecas com chocolate e morango saindo. — Ele fala como se estivesse em alguma lanchonete e Megan fosse a sua cliente especial.

* * *

— Você só precisa dar tempo a ele. — Ashley fala e logo depois passa a língua na gigante bola de sorvete de morango.

— Já se passaram quatro meses, Ash. — Megan suspira. — Será que sei lá... — Ela hesita. — Ele mudou de ideia de...

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