As Nossas Implicâncias

Capítulo 12

— O tornozelo sofreu uma torção severa, porém não houve fraturas. De qualquer modo, você deve descansar e não colocar nenhum peso sobre a perna, durante as próximas três semanas.

Fala Jason Phillip, ele é médico assim como o seu pai Edmundo Phillip, que era médico e dono desta clínica.

— A lesão foi agravada graças às duas faturas antigas, mesmo que elas tenham recebido um bom tratamento. O seu tornozelo de certa forma se tornou mais frágil.

Duas faturas? Por acaso essa mulher vive dando com a cara no chão? Se bem que da última vez, ela saiu correndo feito uma louca, por cima das pedras e por entre os galhos das árvores.

— Por isso eu peço novamente que a senhorita fique de descanso e não coloque o mínimo de peso sequer sobre o tornozelo.

— Tudo bem doutor, eu não irei colocar nenhum peso sobre ela.

Ela fala suspirando tristemente.

— Certo, vou lhe receitar alguns remédios e espero o seu retorno daqui alguns dias.

Agnes agradece gentilmente a Jason, em seguida ele nos entrega a receita e eu a pego novamente nos braços e vamos ao encontro de Arabelle, que havia ficado na recepção.

— E então?

Arabelle, pergunta se levantando da cadeira.

— O médico disse que eu sofri uma lesão severa, por conta das faturas anteriores. E que eu deva descansar e não colocar peso nenhum sobre o tornozelo, pelas próximas três semanas.

— Oh, isso é ruim. Você vai voltar para Nova Jersey?

Agnes, pensa por alguns instantes antes de respondê-la.

— Não, irei passar essa temporada aqui, e esperar o meu tornozelo se recuperar por completo.

— Entendi... E quem irá ficar com você?

— Comigo?

Ela pergunta confusa.

— Sim, agora que você não irá poder se locomover com facilidade, alguém irá ajudá-la?

— Não, toda a minha família está em Nova Jersey, e também não quero preocupar ninguém. Além do mais, terei que voltar logo, preciso trabalhar.

— Entendo, mas será difícil para você ficar sozinha ali naquela cabana.

— Sim, mas vou conseguir sobreviver até lá.

— Pretende ficar por quanto tempo mais?

Pergunto interessado.

— Só até meu tornozelo sarar.

— Não tem medo de ficar ali sozinha?

— Não, já me acostumei.

Apesar daqui ser um lugar bem tranquilo de ser viver, é um pouco perigoso para uma jovem mulher viver sozinha, ainda mais naquela área, que é um pouco afastada da cidade.

— Não é bom que você fique sozinha ali, ainda mais nesse estado.

Arabelle, fala pensativa.

— Acho que eu não tenho muita opção no momento.

A coloco novamente no banco de trás e logo em seguida, passo para o do motorista.

— Talvez, eu possa ficar com você... Não, eu vou ficar com você e te ajudar. — Mas, só se você quiser, é claro.

Ela olha para Agnes, com uma cara de cachorrinho abandonado, na esperança de ter um lar.

Agnes, fica um pouco sem jeito, e eu poderia apostar que ela vai aceitar a proposta de Arabelle, afinal é quase impossível dizer não para ela.

— Bem... Se não for te atrapalhar, eu ficaria agradecida.

— Claro que não atrapalha, fico feliz em poder te ajudar.  Eu não sou de gostar das pessoas, assim logo de cara, mas eu realmente gostei de você.

— Eu percebi, você até me avisou sobre o café.

— Você tomou o café do Oliver? — Pergunto surpreso.

— Oliver, é o seu marido?

— Sim, ele mesmo.

Agnes, olha para mim e responde a minha pergunta.

— Sim, eu cheguei a provar.

Ela pigarreia por um instante, como se estivesse procurando algo em sua mente, e por fim ela continua:

— Na verdade, aquilo que eu joguei em você, sem querer, na primeira vez que nos encontramos. Era o café do seu irmão.

— Ah, agora está explicado o porquê de eu ter achado aquela água preta, tão familiar...

— Espera! Você jogou café no Michael.

Arabelle, fala tentando conter o riso.

— Sim, mas foi sem querer.

— Sim, ela jogou.

— Oh meu.... Haha... Eu havia gostado de você logo de cara. Depois dessa, gosto ainda mais de você. Haha.

Agnes, dá um sorriso simpático para ela, antes de ambas as mulheres iniciasse uma conversa sobre a maravilhosa culinária do Oliver, esquecendo totalmente da minha presença.

Alguns Minutos depois, estávamos de volta à cabana. Assim como antes, Arabelle, me faz carregar Agnes, no colo outra vez, deixando ambos um pouco desconfortáveis.

Ficamos lá por mais alguns minutos, antes de voltarmos para casa. Assim que chegamos, Arabelle, foi longo preparar algumas coisas para levar para Agnes, ao mesmo tempo que contava da nossa incrível tarde com a sua nova melhor amiga. Que por incrível que pareça, era a mesma mulher que havia me feito desfilar pelado pelo bosque e me jogando aquela coisa que o Oliver, chama de café. Oliver, ficou um pouco triste pelo café, mas se divertiu bastante, sabendo que ele foi parar na minha cara.

Não demorou muito, até que Arabelle, terminasse de preparar tudo o que iria levar. Apesar de ela estar levando meio mundo de comida, talvez ela esteja se preparando para o inverno ou só esteja querendo engordar a nova amiga, afinal a garota parece um graveto. Um graveto bem bonito, mas ainda sim um graveto.

Penso.

— Meu bem... Você está planejando ir embora e nunca mais voltar?

Oliver, pergunta para ela. Ela olha para ele sem entender.

— Não, por quê?

— Porque, você está levando quase toda a comida da nossa geladeira.

— Isso era a mesma coisa que eu estava pensando.

Falo, enquanto me sento na cadeira da mesa na cozinha, observando-a colocar tudo que era gostoso, dentro de um recipiente.

— Vocês estão exagerando, é só um pouco de comida.

— Um pouco para passar duas semanas?

—  Quem disse que isso vai durar suas semanas?

— Ah, você não está pretendendo comer tudo isso ainda hoje, com a Agnes, não né?

Falo.

Ela vira de costas para nós, enquanto continua com o seu serviço.

— Eu não sei ela, mas eu vou comer metade.

Sinceramente, não sei onde essa mulher esconde tudo o que come. Desde que a conheci, ela quase sempre está comendo, não sei nem como eu ainda fico surpreso. Diferente dela, eu não posso nem beber um copo d’agua direito, que já engordei dois quilos, que mundo injusto...

Ela termina de vez, e dá se despede do Oliver, em seguida entramos no carro, e voltamos para a cabana. Deixo ela bem na frente, e volto para a sua casa.