Capítulo 17 - O Cerco se Fecha

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Eu não sabia se deveria ficar mais assustado com a arma apontada para minha testa ou com o olhar de quem claramente estava disposta a usá-la. Aquele tipo de situação nunca me ocorreu, eu não sabia como reagir. Mesmo com medo, perguntei:

— Q-Quem é você? O que você quer? — Minha voz saiu trêmula, quase um sussurro.

— Isso não importa agora — ela respondeu friamente — O que importa é o que você sabe.

O que eu sabia? Espera! Chapéu cinza, casaco preto, bolsa de couro... oh, merda. Naquele momento, percebi que o cerco havia se fechado para mim, não havia mais espaço para manobras ou alternativas para escapar daquela situação.

A mulher reposicionou o revólver, dessa vez apontando para o meio do meu peito, o pressionando e me fazendo arfar. Em um rápido movimento brusco, ela me empurrou para trás com a ponta da arma, me fazendo esbarrar na porta que se abriu com o meu peso. Tomei um susto, a porta estava aberta? Caí de costas no chão, fiquei tonto por alguns segundos.

Rapidamente me recuperei, na minha frente, a porta escancarada iluminava parte do ambiente escuro. Era notório que foi arrombada antes de eu chegar. A mulher me olhava de cima, com um olhar de desdém, enquanto apontava a arma para a minha cabeça. Enquanto estava no chão, olhei para os lados sem me mover, procurando Linda.

A mulher me levantou pelos cabelos, os apertando bruscamente. Colocou novamente a arma no meu peito e perguntou:

— Onde está a Caixa Tenebris?

— Como? — perguntei, ainda um pouco atordoado por conta da queda.

A mulher, impaciente, acertou uma coronhada no meu rosto, me fazendo cair novamente. Senti bastante dor, mas no momento de puro instinto, só pensei em fugir dali.

Linda... Linda... — comecei a me arrastar para o quarto de hóspedes, sussurrando.

Minha barriga se arrastava pelo chão de madeira, eu não tinha nenhum plano naquele momento. Só conseguia me preocupar com Linda, eu queria que ela ainda estivesse na casa, mas eu não sentia a sua presença. Eu conseguia ouvir os passos lentos da mulher atrás de mim, era como se ela estivesse saboreando aquele momento.

Minha sequência de movimentos foi interrompida com uma pisada forte nas costas. Fiquei completamente imóvel, posteriormente a mulher me virou e olhou fixamente para os meus olhos, enquanto ficava em cima de mim com um de seus joelhos sob meu peito.

— Vou perguntar mais uma vez, okay? Eu não quero estragar esse rostinho lindo — disse ela com um leve tom de deboche.

Ela segurou o revólver com uma mão e, com a outra, tirou um pequeno canivete do casaco e o aproximou do meu rosto. Eu conseguia sentir a lâmina fria e suja na minha bochecha.

— Onde está a merda da Caixa Tenebris?! — Vociferou ferozmente.

— P-Por favor... Não me mata — implorei — É a caixa trancada que você quer?

A mulher pressionou o canivete que estava na minha bochecha, fazendo-o escorrer um pouco de sangue. A mulher tirou seu joelho do meu peito e me levantou, me arrastando pela gola até o quarto de Linda. Chegando lá, vi o quarto revirado de ponta cabeça: cama sem colchão, gavetas jogadas, roupas no chão... um caos.

Eu não parava de pensar na Linda, será que ela conseguiu fugir a tempo? Esses malditos machucaram ela? Eu só conseguia pensar nisso. Mas antes, eu precisava saber se ia conseguir sair vivo daquela situação.

Porta TrancadaOnde histórias criam vida. Descubra agora