Capítulo 11 - Mais Informações

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Amanheceu e, como de costume, levantei para fazer o café. Linda acordava cedo, mas só saía do quarto por volta das 9 horas da manhã: limpava a casa, lavava a louça e ia para a sala de estar ou para o seu quarto, já havia se tornado a sua rotina diária. Eu estava na cozinha fazendo o café enquanto olhava pela janela e apreciava a bela vista. Era incrível como a noite pesava e me deixava afoito, mas a manhã era calma e bela, me trazendo uma sensação de segurança. Embora no dia anterior tenha sido o único dia que não teve nenhum incômodo. Apenas conversei com o detetive e passei o resto do dia com a Linda.

Eu nunca fui uma pessoa muito sociável, então não me preocupava de seguir uma rotina monótona. Fazia trabalho Home Office por não gostar de sair de casa e também por que eu trabalhava a hora que eu quisesse, dormia a hora que eu quisesse, comia a hora que eu quisesse... mas, era um pouco solitário. Talvez por isso eu esteja sendo tão clemente? Fiquei feliz em ver Linda, a gente conversava normalmente por mensagens de texto, mas devido ao seu trabalho corrido como jornalista, raramente nos víamos pessoalmente.

Meus pensamentos são interrompidos por um som de notificação vindo do meu celular, recebi uma mensagem de texto. Era o detetive pedindo para nos encontrarmos na praça, pois ele havia conseguido algumas informações. Ele se disponibilizou para vir até meu apartamento para conversarmos, porém, não queria que a Linda soubesse que eu conversava com o detetive.

Eu queria confiar mais na minha amiga, porém ela não me contar tudo que sabia criava uma barreira emocional em mim. Às vezes na madrugada, eu escutava o som abafado da voz de Linda ecoando pelo pequeno corredor do apartamento, como se ela estivesse conversando com alguém. Porém, quando eu me aproximava do quarto, ou as luzes estavam apagadas e o barulho cessava ou ela dizia que estava conversando com a sua avó.

Então, naquela manhã fria e nublada, eu não pensei duas vezes. Apenas mandei uma mensagem de texto para a Linda avisando que eu iria sair, peguei meu casaco que ficava pendurado próximo à porta de entrada e fui ao encontro do Detetive Banda.

Cheguei na praça e lá estava ele, sentado em um dos discretos bancos de madeira, banco esse que estava ao lado de uma linda Jacarandá. Dessa vez, o profissional estava usando uma calça cargo verde musgo, um par de botas de couro marrom gastas com cadarços desfiados e uma camisa cinza xadrez desabotoada sobre um suéter de lã bege. Ele claramente não era bom em moda, embora um terno combinava bastante com ele.

Ao me ver, ele fez sinal com a cabeça para que eu me sentasse no banco que ficava atrás da que ele estava, talvez para sermos discretos. Apenas obedeci sem falar nada. Ele pegou um jornal que estava do seu lado repousado no banco e abriu-o, escondendo a região da sua boca e olhando sempre para o papel enquanto falava comigo.

— Acionei alguns dos meus contatos e fiz algumas pesquisas, isso nada mais é do que uma organização secreta, onde existe envolvimento de pessoas poderosas e... — disse ele, quase sussurrando.

Até o momento, o que ele falou batia com as informações que Linda havia soltado. Falou sobre a tal organização secreta, pessoas poderosas... mas estranhei a sua pausa repentina.

— Pessoas poderosas e...? — perguntei, esperando que ele completasse.

— Bom, pesquisando eu não achei nenhuma informação concreta sobre a caixa e sobre os símbolos intricados — disse ele, ignorando a minha pergunta.

Um pouco chateado, apenas ignorei e perguntei — Mas isso é muito sério? O meu medo é está correndo sérios riscos me envolvendo nisso.

O Detetive Banda se levantou e dobrou seu jornal, ainda sem se virar para mim e disse:

— Fique tranquilo, meu rapaz, vamos trabalhar juntos para que a justiça seja feita. Organizações criminosas são comuns na sociedade, só precisamos ter cautela e agir na hora certa.

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