Capítulo 13 - Dúvidas e Desconfianças

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A madrugada estava fria e chuvosa. Eu adorava esses momentos, a cama ficava 10 vezes mais confortável e o som da chuva era satisfatório. Porém, minha cabeça estava em um turbilhão de pensamentos, eu não conseguia parar de pensar em todas as informações que recebi.

Saí do quarto e caminhei para a sala de estar, o relógio marcava 4h da manhã. Minha vida estava tão corrida que eu esquecia de olhar para o relógio, saber o horário exato me trazia um alívio inexplicável, a sensação era de que eu estava finalmente de volta para a realidade, e não preso em meus pensamentos.

Sem conseguir dormir, decidi caminhar pelas ruas desertas, perdido em pensamentos.

Pensei comigo mesmo: Se Linda falou que, quanto menos eu souber, mais fácil é para me desvincular disso, então por que eu temeria uma perseguição na madrugada? Mas aquilo era muito arriscado, talvez eu estivesse louco... mas quem não estaria? Talvez eu seja louco, talvez Linda seja louca, talvez o detetive, as portas, as janelas, o relógio...

Cada passo ecoava na calçada molhada, refletindo a turbulência em minha mente. Eu estava em um impasse, sem saber em quem confiar: Linda, a melhor amiga jornalista que havia aparecido de repente em minha casa, ou o Detetive Banda, que parecia estar sempre um passo à frente, mas carregava um ar de mistério e segredos.

Parei no parque vazio, sentando-me em um banco de madeira sob um velho carvalho. A chuva fina cobria-me, mas eu não me importava. Precisava de um momento de clareza.

De um lado, havia Linda. Ela parecia sincera, assustada e determinada a expor a verdade. Mas eu não podia ignorar que ela havia escondido informações de mim. Suas intenções eram realmente puras, ou havia algo mais por trás de suas ações?

Do outro lado, havia o Detetive. Um homem com recursos e contatos, sempre pronto para ajudar, mas que também parecia ter suas próprias agendas. Ele falava de justiça e verdade, mas eu não podia deixar de sentir que ele estava manipulando os eventos de alguma forma.

A chuva aumentou, me levantei, sentindo a água escorrer pelo rosto. Eu precisava de respostas. Decidi buscar um local coberto para refletir melhor. A poucos metros da praça, encontrei um pequeno café ainda aberto, um refúgio temporário da tempestade.

Sentado à mesa, com uma xícara de café quente em mãos, comecei a recordar os eventos recentes. As conversas com Linda, cheias de paixão e urgência, contrastavam com as interações calculadas e precisas com o detetive. Ambos tinham suas razões, ambos pareciam genuínos, mas quem realmente estava do meu lado?

Peguei o celular e comecei a digitar uma mensagem para Linda, mas parei no meio. O que eu realmente queria perguntar? Deletei a mensagem e abri o contato do Detetive, mas novamente, a hesitação me dominou.

Eu queria poder falar o que eu estava sentindo, o que eu estava pensando. Mas como eu poderia tomar uma decisão sem saber quem realmente estava falando a verdade?

Paguei pelo café e saí do estabelecimento, a chuva ainda caindo intensamente. Decidi que precisava de uma perspectiva externa. Alguém de fora daquela confusão, alguém em quem eu pudesse confiar de verdade.

Enquanto caminhava pelas ruas escuras em direção à casa do Sr. Marcos, senti uma sensação estranha que logo me fez arrepiar, senti como se estivesse sendo seguido. Olhava discretamente para os lados enquanto continuava caminhando. Ao meu redor, só tinha mato e algumas casas um pouco iluminadas pelas luzes dos poucos postes que ainda funcionavam.

Virando a esquina, finalmente cheguei no prédio. No final, aquilo era apenas a minha mente me pregando peças, mas a sensação ruim ainda permanecia. Esperava que Marcos pudesse me ajudar a ver as coisas com clareza. Eu precisava de conselhos, precisava de alguém para guiar-me através daquela tempestade de desconfiança e incertezas.

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