ᴄᴀᴘɪᴛᴜʟᴏ ᴜᴍ

8 4 8
                                    

  Fechei meu diário e peguei minha mochila, que estava sobre a pequena cama improvisada que fiz com mantas rasgadas e velhos travesseiros. O cheiro de mofo e umidade impregnava o ar do porão, mas era o único lugar que me oferecia algum refúgio nesse mundo devastado. Comecei a montar meu kit para a expedição com precisão: cordas resistentes, fitas adesivas industriais, estiletes afiados, alguns curativos que encontrei em uma farmácia saqueada semanas atrás. Cada item era escolhido a dedo, essencial para a sobrevivência. Fechei a mochila com um zíper pesado que fazia um som seco no silêncio do porão.

Ainda havia bastante espaço na mochila para os mantimentos que esperava encontrar, se tivesse sorte. Antes de sair, passei a mão pela mesa de metal enferrujada e peguei minha pistola Sig Sauer , a única coisa que realmente me dava uma chance contra os horrores lá fora. Num mundo onde a morte espreita em cada esquina, nunca se sabe quando um zumbi ou algum membro dos Night Wolves pode aparecer.

Agora, você deve estar se perguntando: “James, quem são os Night Wolves?” Eles são uma gangue de motoqueiros que se formou nos primeiros dias do apocalipse, quando a sociedade começou a ruir. Antes, eram apenas criminosos comuns, mas agora, com o caos instalado, se tornaram verdadeiros predadores. Eles são terríveis, sem piedade, saqueando e destruindo tudo o que encontram pela frente. Nunca queira encontrar um deles. Se ouvir o ronco de uma moto, é melhor correr ou se esconder. Enfrentá-los, só em último caso.

Subi a pequena escada do porão, os degraus rangendo sob o peso do meu corpo. Sei que se esconder em um porão não é o ideal, mas é tudo o que tenho. Não sou nenhum milionário que podia construir um bunker antes de tudo isso acontecer. Abri a porta do porão com cautela, o som das dobradiças ecoando na casa vazia. Para meu alívio, nenhum sinal de arrombamento. Soltei um suspiro de alívio, relaxando os ombros. Caminhei lentamente pela sala empoeirada, onde móveis cobertos por lençóis e sombras dançantes eram os únicos habitantes. Fui até a porta de entrada, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Lá fora, o mundo esperava, cruel e implacável, mas eu estava preparado.

Abri calmamente a porta, deixando que uma pequena fresta se formasse. Espiei através da brecha, analisando o ambiente com cuidado. Tudo parecia limpo, mas a sensação de que algo estava errado nunca me abandonava. Coloquei minha máscara improvisada, feita de um pedaço de pano grosso, tentando proteger o máximo possível contra o ar fétido que circulava lá fora. Passei meu corpo pela porta, cada movimento calculado, e engatilhei a arma, sentindo o peso frio da pistola em minhas mãos. Fiz uma varredura rápida do ambiente ao redor, mantendo todos os meus sentidos em alerta.

Bem em frente à porta, havia um corpo jogado no meio da calçada. Aproximei-me lentamente, engolindo o desconforto crescente enquanto examinava o cadáver mais de perto. A visão era grotesca: o corpo estava em avançado estado de decomposição, a pele podre e enrugada, como se estivesse se desintegrando. A barriga do homem estava rasgada, as entranhas expostas em uma exibição macabra. A expressão congelada no rosto dele era de pura agonia, uma cena que me lembrava da crueldade desse novo mundo. Desviei o olhar, sentindo um aperto no estômago.

Olhei ao redor, mas a rua estava deserta, como se fosse um cenário de um filme de terror. O silêncio era esmagador, apenas o som distante do vento batendo nas fachadas das casas abandonadas. Antigamente, esse lugar era cheio de vida, com pessoas apressadas indo e vindo, mas agora, só restavam sombras e lembranças do que um dia foi. Respirei fundo e comecei a caminhar calmamente pela rua deserta, mantendo a arma preparada, com cada passo ecoando na minha mente como um lembrete do perigo constante. O desafio agora era encontrar um mercado que ainda tivesse comida, uma tarefa que parecia impossível em um mundo onde tudo já havia sido saqueado.

Caminhei por aproximadamente 30 minutos, o sol alto no céu filtrando-se pelas nuvens densas, até que avistei uma placa de metal enferrujada, escrita em letras grandes e borradas: “MERCADO”. O caminho até aqui tinha sido surpreendentemente tranquilo, com quase nenhum zumbi aparecendo, mas essa calmaria me deixava inquieto. Acelerei o passo, dirigindo-me ao mercado, mas parei bruscamente quando percebi uma movimentação suspeita à frente.

𝑇ℎ𝑒 𝐿𝑎𝑠𝑡 𝐵𝑟𝑒𝑎𝑡ℎ Onde histórias criam vida. Descubra agora